
O ministro das Relações Exteriores iraniano, Seyed Abbas Araghchi, discursa na quarta Conferência de Diálogo Árabe-Iraniano em Doha, Catar, no dia 10 de maio de 2025. (Xinhua)
As duas partes "concluíram uma das rodadas de negociações mais profissionais", disse o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, à agência de notícias estatal iraniana IRIB após a reunião, alertando que mais tempo é necessário devido à complexidade das negociações.
Teerã/Roma, 24 mai (Xinhua) — A quinta rodada de negociações indiretas entre o Irã e os Estados Unidos foi concluída na sexta-feira em Roma com "algum progresso, mas não conclusivo", disse o ministro das Relações Exteriores de Omã, Sayyid Badr bin Hamad bin Hamood Albusaidi.
"Esperamos esclarecer as questões pendentes nos próximos dias, para que avancemos em direção ao objetivo comum de um acordo sustentável e honroso", escreveu Albusaidi, também mediador das negociações, na plataforma social X.
A última rodada de negociações ocorreu em meio a crescentes divergências entre os dois lados sobre o programa nuclear iraniano, já que a quarta reunião na capital de Omã, Mascate, terminou com uma discussão pública sobre o enriquecimento de urânio de Teerã.
QUAL A POSIÇÃO DOS DOIS LADOS?
As duas partes "concluíram uma das rodadas de negociações mais profissionais", disse o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, à agência de notícias estatal iraniana IRIB após a reunião, alertando que mais tempo é necessário devido à complexidade das negociações.
"Espero que nas próximas uma ou duas rodadas, principalmente considerando o melhor entendimento das posições da República Islâmica, cheguemos a soluções para o progresso das negociações", disse ele, observando que "Ainda não chegamos lá, mas não estamos desanimados".
Enquanto isso, um alto funcionário do governo americano descreveu as negociações como "construtivas", reconhecendo que "ainda há trabalho a ser feito". O funcionário observou que a reunião durou mais de duas horas, durante as quais as duas partes "fizeram mais progressos" e concordaram em se reunir em breve.
As negociações, que começaram em abril, marcam o contato de mais alto nível entre as duas partes desde que os Estados Unidos se retiraram do acordo nuclear de 2015, durante o primeiro mandato do presidente Donald Trump.
O acordo, oficialmente conhecido como Plano de Ação Conjunto Abrangente, foi um acordo histórico que visava conter o programa nuclear iraniano em troca do alívio das sanções.
Quando Trump se retirou unilateralmente do acordo em 2018 e reimpôs sanções ao Irã, o acordo entrou em colapso. Desde que retornou ao cargo, Trump retomou sua campanha de "pressão máxima", apoiando as negociações com o Irã, mas adotando uma postura mais dura contra qualquer enriquecimento de urânio.
UM ACORDO ESTÁ PRÓXIMO?
Antes das negociações de sexta-feira, duas fontes iranianas disseram à CNN que um acordo parece "improvável", já que Teerã vê as exigências dos EUA para proibir o enriquecimento de urânio como um obstáculo que poderia "causar o colapso das negociações nucleares", acrescentando que Teerã está cada vez mais cético quanto à "sinceridade nas negociações" dos Estados Unidos.
O enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, que deixou as negociações de Roma "devido à sua agenda de voos", disse a repórteres no domingo que os Estados Unidos "não podem permitir nem mesmo 1% da capacidade de enriquecimento" para o Irã, aumentando significativamente os riscos nas negociações.
"As declarações da mídia e o comportamento negociador dos Estados Unidos decepcionaram amplamente os círculos políticos em Teerã", disseram as fontes à CNN. Da perspectiva dos tomadores de decisão em Teerã, "é um sinal de que os Estados Unidos fundamentalmente não estão buscando um acordo, mas usando as negociações como ferramenta para intensificar a pressão", disseram.
De acordo com as fontes, algumas autoridades iranianas inicialmente acreditavam que Washington buscava um compromisso "mútuo", mas um consenso crescente agora sustenta que o governo Trump está levando as negociações a um impasse.
Araghchi disse na quinta-feira que "diferenças fundamentais" permanecem com os Estados Unidos, mas acrescentou que Teerã está aberta a um monitoramento reforçado por inspetores internacionais.
"Não teremos um acordo" se os Estados Unidos quiserem impedir o Irã de enriquecer urânio, disse ele.

