Brasil desenvolve método que permite visualizar material genético da COVID-19 em 3D

2020-08-06 14:39:39丨portuguese.xinhuanet.com

Rio de Janeiro, 5 ago (Xinhua) -- Cientistas brasileiros desenvolveram um método que permite visualizar em 3D o material genético do novo coronavírus (COVID-19) dentro de células.

A descoberta inédita foi realizada por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) de São Paulo, com base na técnica hibridização in situ por fluorescência (FISH em inglês), que permite visualizar o vírus nas células em três dimensões e a marcação simultânea de outros componentes celulares.

"Geralmente, os laboratórios usam técnicas que permitem verificar o aumento da carga viral em uma cultura de células ou tecidos infectados, como o PCR", explicou Henrique Marques-Souza, professor do Instituto de Biologia da Unicamp que liderou a pesquisa.

"No entanto, essas técnicas não comprovam que o vírus está dentro das células ou mesmo em que parte da célula ele se instalou, o que é muito importante na compreensão da doença", acrescentou o professor.

Segundo ele, "conseguir visualizar o vírus dentro da célula é algo muito valioso para a compreensão da infecção", causada pela COVID-19.

"Isso também pode ser realizado pela microscopia eletrônica de transmissão (MET) ou por imunocitoquímica (ICQ). A MET, porém, demanda microscópios especializados e demora entre uma semana e 10 dias para ser concluída. Já a ICQ requer anticorpos que se ligam ao vírus, e é relativamente simples. No entanto, os insumos são caros e demoram muito para chegar por conta da alta demanda mundial provocada pela pandemia", comentou Marques-Souza.

Na técnica FISH, os pesquisadores sintetizam uma sonda (molécula de DNA que se liga ao RNA do vírus), o que permite a conexão de substâncias visíveis sob luz fluorescente. Ao entrar em contato com a célula infectada, a sonda se liga (hibridiza) especificamente com o RNA do vírus e as moléculas fluorescentes que a ela se ligam permitem a visualização da marcação em um microscópio de fluorescência.

Do ponto de vista logístico, os ensaios realizados pelo laboratório da Unicamp podem ser feitos com mais agilidade, porque não dependem da importação dos kits comerciais de FISH ou dos anticorpos usados na imunocitoquímica, o que representa também um ganho econômico.

Outra vantagem é que o vírus pode ser detectado precocemente, uma vez que a imunocitoquímica depende do vírus replicar seu RNA e produzir um nível detectável da proteína viral.

"Tudo o que descobrirmos sobre a dinâmica do vírus dentro da célula podemos adaptar para comparar com outros vírus mais comuns, como o da gripe. Com isso, talvez seja possível entender por que o novo coronavírus é tão agressivo", afirmou o professor.

O trabalho abre caminho, também, para a aplicação no estudo de outros vírus, no futuro.

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