Pesquisadores espanhóis detectam coronavírus em águas residuais coletadas em 12 de março de 2019
Barcelona, Espanha, 28 jun (Xinhua) -- Pesquisadores da Universidade de Barcelona, uma das mais prestigiosas na Espanha, detectaram a presença do novo coronavírus em amostras de águas residuais coletadas na cidade em 12 de março de 2019, informou a instituição em um comunicado na sexta-feira.
"Esses resultados, enviados a um periódico de alto impacto e publicado no arquivo medRxiv, sugerem que a infecção estava presente antes de se conhecer qualquer caso de COVID-19 em qualquer parte do mundo", afirma o comunicado.
O estudo foi liderado por pesquisadores do Laboratório de Vírus Entéricos da Universidade de Barcelona, em colaboração com a empresa público-privada Aigues de Barcelona, responsável pelo gerenciamento do ciclo da água na área metropolitana da cidade.
O estudo "não foi revisado por pares", disseram os pesquisadores no medRxiv, um arquivo online que distribui documentos não publicados sobre ciências da saúde.
PRESENÇA MAIS CEDO NA ESPANHA
"Embora a COVID-19 seja uma doença respiratória, os pesquisadores provaram que existem grandes quantidades do genoma do coronavírus nos excrementos que atingem as águas residuais. Essa situação fez da epidemiologia baseada em águas residuais uma ferramenta potencial para a detecção precoce da circulação do vírus entre a população," aponta o texto.
Desde 13 de abril deste ano, os pesquisadores analisam semanalmente as amostras obtidas nas duas principais estações de tratamento de água de Barcelona.
"Os níveis do genoma do SARS-CoV-2 (ou novo coronavírus) coincidiram com a evolução dos casos da COVID-19 na população", revela Albert Bosch, professor da Faculdade de Biologia da Universidade de Barcelona e coordenador do estudo.
Durante a amostragem sistemática, os pesquisadores analisaram amostras congeladas de meses anteriores, que revelaram a crescente aparição do genoma do novo coronavírus entre o início de janeiro e o início de março deste ano, revela o artigo.
As descobertas trouxeram a data da chegada do coronavírus à Espanha para ainda mais cedo - a presença do vírus foi detectada em 15 de janeiro, 41 dias antes do anúncio oficial do primeiro caso de COVID-19 em 25 de fevereiro, informa o comunicado.
Segundo os pesquisadores, esses resultados mostram a validade da vigilância das águas residuais para antecipar os casos.
"Os infectados com COVID-19 podem ter sido diagnosticados com gripe na atenção primária por engano, contribuindo para a transmissão da comunidade antes que as autoridades de saúde pública tomassem medidas", avalia Bosch, que também é presidente da Sociedade Espanhola de Virologia.
RESULTADOS CHOCANTES
Esses resultados incentivaram os pesquisadores a analisarem amostras congeladas coletadas entre janeiro de 2018 e dezembro de 2019, o que levou a "resultados chocantes mostrando a presença do genoma do SARS-CoV-2 em março de 2019", afirma o documento.
"Todas as amostras foram negativas em relação à presença do genoma SARS-CoV-2, exceto as coletadas em 12 de março de 2019, nas quais os níveis do SARS-CoV-2 eram baixos, mas positivos, usando dois alvos diferentes", afirma Bosch.
"Barcelona recebe muitos visitantes por razões profissionais e de turismo, e é possível que uma situação semelhante tenha ocorrido em outras partes do mundo, também porque a maioria dos casos da COVID-19 mostra uma sintomatologia semelhante à gripe. Esses casos podem ter sido disfarçados de gripe não diagnosticada", diz ele no comunicado.
Até agora, o novo coronavírus foi contraído por quase dez milhões de pessoas e matou meio milhão em todo o mundo desde que a cidade de Wuhan, no centro da China, relatou o surto pela primeira vez no final de 2019.
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