Rio de Janeiro se prepara para "curva descontrolada" da COVID-19 e colapso no sistema de saúde
Rio de Janeiro, 29 abr (Xinhua) -- O estado brasileiro do Rio de Janeiro, o mais turístico do país, se prepara para enfrentar uma "curva descontrolada" nos casos da COVID-19 na região e para o colapso do sistema de saúde, informou o governo regional nesta quarta-feira.
Segundo o secretário regional de Saúde, Edmar Santos, "o colapso acontecerá mais adiante, lamentavelmente. Não foi diferente em nenhum outro país, nem nos mais estruturados em termos de equipamento e logística. É uma característica desta epidemia, deste vírus", comentou.
De acordo com o balanço divulgado nesta quarta-feira pelo governo federal, o Rio de Janeiro é o segundo estado do país mais afetado pelo vírus, superado apenas por São Paulo. No total, 794 pessoas morreram no Rio de Janeiro pela COVID-19, enquanto há 8.869 casos positivos confirmados e a rede de saúde pública está saturada há dias pela alta demanda de pacientes.
Devido a isso, o governo regional estuda impor medidas mais rígidas, como impedir a circulação de pessoas nas ruas, o chamado "lockdown", caso os cidadãos continuem desrespeitando o isolamento social, como tem acontecido nas últimas semanas.
"A única maneira de não ter uma curva ainda mais ascendente seria uma forma mais radical de isolamento social. Não vai minimizar o que vai acontecer agora, mas vai evitar danos piores para frente", alertou o secretário estadual de saúde.
Santos admitiu que o Rio de Janeiro conta com poucos testes de diagnóstico, o que faz temer que haja muitos casos subnotificados da doença.
"Temos 8 mil casos, mas se acreditamos que há de 15 a 20 casos não diagnosticados para cada um dele, temos uma base de 140 mil pessoas infectadas. Isto projeta para as próximas duas semanas a necessidade de 21 mil leitos de enfermaria e 7 mil na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), o que, obviamente, é matematicamente impossível", lamentou.
As autoridades do Rio de Janeiro anunciaram a instalação de nove hospitais de campanha com um total de 3.400 leitos para enfrentar o grande aumento de infectados, embora no momento, apenas foi inaugurada uma parte de um deles, que conta com 30 leitos.
Mais de 300 pessoas estão à espera há dias para serem atendidas nos hospitais do Rio de Janeiro, devido a falta de vagas, principalmente nas UTIs.
Para Santos, "não há sistema de saúde no mundo, e vimos isso na Itália, Espanha, Estados Unidos...quando se tem uma curva descontrolada desse nível, é impossível que um sistema de saúde acompanhe. Lamentavelmente, o que imaginamos acontecerá nas próximas semanas, independentemente dos leitos abertos, a necessidade será muito superior à capacidade total", advertiu.
O secretário também alertou que falta pessoal qualificado para atuar no combate ao vírus. "Temos este teto (de 3.400 leitos em hospitais de campanha) porque não há profissionais de saúde, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas em número suficiente para abrir mais leitos", disse.
Segundo o Ministério da Saúde, os números oficiais de mortes e casos confirmados da COVID-19 no país alcançaram nesta quarta-feira a 5.466 e 78.162, respectivamente.
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