Professor brasileiro de arte marcial luta contra epidemia na China
(Xinhua/Li Jing)
Beijing, 29 abr (Xinhua) -- Sergio Silva, de 42 anos, é um professor veterano de artes marciais, designer profissional e diretor de cinema iniciante, e agora ele se descreve como um lutador contra a pandemia do novo coronavírus.
Silva fez e postou uma série de vídeos nas plataformas de mídia social, torcendo pelas pessoas na cidade chinesa de Wuhan, atingida pelo vírus, contando sua experiência em primeira mão sobre a quarentena domiciliar em Beijing, bem como apresentando as medidas eficazes da China na prevenção e controle da epidemia.
Ele também cooperou com a Kwai, uma grande plataforma de vídeo curto sob a gigante chinesa da internet Kuaishou, e lançou uma campanha de doação para arrecadar suprimentos antivirais para um hospital e comunidades atingidas pela pobreza em sua cidade natal.
"Quando todos se ajudam, tudo melhora. Se todo mundo fizer um pouco, podemos acabar com a crise muito rápido", disse Silva.
CRIAR VÍDEO PARA TORCER POR WUHAN
Silva tornou-se um grande fã de Bruce Lee, um renomado mestre de artes marciais chinesas, quando tinha oito anos.
Adepto do Jiu-Jitsu Brasileiro (BJJ), Silva tornou-se treinador aos 19 anos em sua cidade natal no estado da Bahia após 15 anos de treinamento. Mas ele teve que deixar o emprego quando foi para a Espanha estudar para seu mestrado em design.
Ele veio a Beijing em 2016 e trabalha como professor de Jiu-Jitsu. Ele já é faixa preta de 4º grau.
"Eu estava cansado de trabalhar como designer no escritório. Então decidi seguir meu sonho de infância de ser lutador de artes marciais na China", disse ele.
Silva estava viajando com seus amigos por Japão e Itália quando a epidemia do coronavírus aconteceu. Depois que voltou para Beijing, passou por uma quarentena de 14 dias em casa.
"Não esperávamos que a epidemia fosse tão séria naquele momento, mas a resposta rápida e as medidas rigorosas da China me fizeram sentir seguro", disse ele. "O governo fez as coisas certas para controlar a epidemia."
Assim como muitos de seus amigos chineses, ele acompanhava os últimos desenvolvimentos do surto, especialmente em Wuhan, uma vez a cidade mais atingida pela COVID-19 na China.
"Wuhan estava em lockdown para conter a propagação da COVID-19 no estágio inicial da epidemia. Enquanto as pessoas ficavam em casa para evitar a aglomeração e a infecção cruzada, elas tentavam ser felizes e otimistas", lembrou Silva. "A cidade e as pessoas heróicas fizeram um enorme sacrifício para vencer a batalha contra o vírus."
"Mas o que mais me impressionou foi o senso deles de solidariedade diante deste momento difícil. As pessoas se uniram para combater a epidemia com sabedoria, ação e moral", disse Silva.
Silva viu vários vídeos sobre a vida em Wuhan e decidiu fazer um também.
"Precisamos documentar o sofrimento e o infortúnio das pessoas, bem como a intrepidez e o destemor diante das adversidades. Então decidi fazer um vídeo".
Silva coletou clipes online mostrando as pessoas de Wuhan fazendo danças do leão, pescando em piscinas interiores, jogando malhas e outras atividades criativas para evitar o tédio de ficarem presas em casa. Ele também convidou cerca de 20 amigos na comunidade de Jiu-Jitsu na China para gravarem vídeos curtos e apoiarem as pessoas em Wuhan.
"Força Wuhan. Força China. Homenageamos as pessoas corajosas de Wuhan e da China", disse Silva.
O vídeo de 159 segundos se tornou viral depois que foi postado online no final de março, atraindo milhões de visualizações.
Isso inspirou Silva a fazer mais vídeos. Alguns são para ensinar os espectadores a usarem máscaras adequadamente e compartilhar ações locais contra o vírus.
"As medidas da China deram um grande exemplo", disse Silva. "Agora que o vírus eclodiu em muitos outros lugares, incluindo em nosso país natal, o Brasil, esperamos compartilhar nossas medidas antiepidêmicas na China com nossa família, amigos e mais pessoas."
"Não culpar, mas ajudar uns aos outros. Somos pessoas comuns, mas podemos fazer uma coisa extraordinária juntos", disse Silva.
ADERIR À CAMPANHA DE DOAÇÃO PARA AJUDAR MAIS
Com a epidemia se dissipando na China, o professor de artes marciais muda seu foco para seu país natal.
Além de fazer vídeos em português para compartilhar suas ações contra o vírus, Silva também está auxiliando o departamento e instituições de saúde locais da Bahia na coleta de suprimentos antivírus na China.
Depois que seus vídeos conquistaram popularidade online, algumas mãos de ajuda se estenderam para ele, incluindo a gigante chinesa da internet Kuaishou, que opera sua plataforma de vídeo curto Kwai no Brasil, com mais de 7 milhões de usuários diariamente ativos no país. A plataforma informou que vai doar 20 mil máscaras médicas para um hospital local da Bahia.
Silva também participou de uma campanha de doação iniciada pela Kwai no dia 16 de abril, pedindo aos usuários na plataforma que ajudem os bairros carentes de sua terra natal, Bahia, bem como as do Rio de Janeiro e São Paulo.
"Use uma máscara e ajude o vizinho. Muitas pessoas precisam de máscaras, cestas de alimentos, kits de higiene e doações financeiras", apresentou Silva na campanha SejaUmLíder, nome traduzido da hashtag em inglês "BeaLeader" na Kwai.
"Esse é um projeto realmente significativo. Entregamos as doações para ajudar as pessoas necessitadas e tentamos incluir esses grupos vulneráveis na luta contra a pandemia", disse Silva.
A Embaixada do Brasil na China elogiou a campanha de doação, dizendo saudar a iniciativa, pois é um prazer apoiar todos os esforços em prol do combate à pandemia que beneficiarão os bairros carentes do Brasil.
Silva deu um suspiro de alívio à medida que uma doação contínua de dinheiro e suprimentos está sendo enviada a sua cidade natal, a partir de indivíduos e organizações na China e em outros países e regiões.
"Espero que a epidemia termine e tudo volte ao normal o mais rápido possível", disse o professor de artes marciais. "Sinto falta do tempo de praticar grappling e luta no chão no ginásio. Estou ansioso para ver meus alunos novamente".
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