Bolsonaro afirma que governadores e prefeitos favoráveis ao isolamento são responsáveis pelas mortes por COVID-19

2020-04-30 15:44:31丨portuguese.xinhuanet.com

Rio de Janeiro, 29 abr (Xinhua) -- O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, afirmou nesta quarta-feira que os prefeitos e governadores que adotaram medidas de isolamento social para evitar a expansão da doença do novo coronavírus (COVID-19) no país são os responsáveis pelas mortes causadas pela doença.

"O Supremo (Tribunal Federal) decidiu que quem decide essas questões (de combate ao coronavírus) são os governadores e prefeitos. Então, cobrem deles. A minha opinião não vale. O que vale são os decretos dos governadores e prefeitos", declarou Bolsonaro à imprensa.

O presidente se referia à decisão tomada no início de abril pelo ministro Alexandre de Moraes determinando que o governo federal, que é contrário ao isolamento social, não pode derrubar decisões de estados e municípios sobre isolamento social, quarentena, atividades de ensino, restrições ao comércio e à circulação de pessoas, adotadas durante a pandemia do novo coronavírus.

Bolsonaro afirmou que os países que adotaram o chamado isolamento horizontal, mais amplo e que não inclui apenas as pessoas de maior risco de sofrer complicações por causa do vírus, registraram um número maior de mortes pela doença, contradizendo os dados de vários países que indicam o contrário.

O presidente causou na terça-feira uma grande polêmica ao responder "E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Sou Messias (seu nome é Jair Messias Bolsonaro), mas não faço milagre", ao ser questionado sobre as mais de 5 mil mortes que o vírus já causou no país.

Logo, minimizou as palavras, ao comentar que sempre defendeu salvar vidas e manter os empregos.

"Sobre a questão das mortes, lamentamos profundamente. Sabíamos que ocorreriam. Agora, os que adotaram todas as medidas restritivas foram os governadores e os prefeitos. Desde o começo, me preocupei com a vida e com o emprego. O desemprego também mata, portanto esta conta (das mortes pelo vírus) tem que ser cobradas aos governadores", afirmou.

Bolsonaro criticou diretamente o governador do estado de São Paulo, o mais populoso do país, João Doria, um dos mais ferrenhos defensores do isolamento social no país, pelas mais de 2 mil mortes registradas na região,

"São Paulo é o estado, não por ser o mais populoso, que tem mais mortes proporcionalmente. Perguntem ao senhor João Doria e ao senhor (Bruno) Covas (prefeito da capital São Paulo) por que tendo tomado medidas tão restritivas, que eliminaram um milhão de empregos, continua morrendo gente. Eles têm que responder por isso. Não me culpem", enfatizou.

O presidente disse que sugeriu ao Ministério da Saúde medidas para que o país volte à normalidade, "com responsabilidade".

"O que estou fazendo é sugerir ao Ministério da Saúde medidas para que voltemos rapidamente, com responsabilidade a uma normalidade. Como disse um deputado, os países que adotaram o isolamento horizontal foram onde mais pessoas morreram. Isto é uma realidade", assegurou.

O Brasil é o país da América Latina mais afetado pela COVID-19. Segundo balanço divulgado quarta-feira pelo governo, pelo menos 5.466 pessoas já morreram e 78.162 foram infectadas pelo vírus no país.

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