Governo alemão demite chefe da inteligência por comentários controversos

Berlim, 18 set (Xinhua) -- O governo alemão demitiu, nesta terça-feira, seu chefe de inteligência doméstica, Hans-Georg Maassen, por seus comentários controversos sobre os protestos contra a xenofobia na cidade de Chemnitz, no leste da Alemanha.

Maassen será retirado do Serviço Federal para Proteção da Constituição e receberá um posto no Ministério do Interior, de acordo com uma declaração do governo.

A decisão foi tomada depois de uma reunião de crise em que chefes dos três partidos do governo compareceram, pondo fim às suas divergências que já duravam um mês.

Maassen, durante uma entrevista com o tabloide local Bild, lançou dúvidas sobre a autenticidade de uma gravação amplamente compartilhada mostrando radicais direitistas perseguindo e espancando imigrantes durante uma manifestação de direita em Chemnitz.

A violência de extrema-direita foi desencadeada após o esfaqueamento seguido de morte de um cidadão alemão que foi atribuído a dois imigrantes em 28 de agosto.

Os comentários de Maassen contradizem diretamente a retórica da chanceler Angela Merkel sobre o incidente, dizendo que "revelou claramente o ódio".

Ele também já foi acusado de ter contatos com o partido de direita Alternativa para Alemanha (AfD, na sigla em alemão) e divulgar informações confidenciais ao partido. Maassen negou a acusação, dizendo que ele só tinha falado com alguns membros da AfD.

A demissão ou não de Maassen mostrou uma clara divergência entre o governo federal, os social-democratas de centro-esquerda (SPD), parceiros de coalizão do sindicato conservador de Merkel, que insistiram em expulsar Maassen. No entanto, Horst Seehofer, líder dos aliados bávaros de Merkel, apoiou Maassen a manter seu posto.

A mídia local comentou que a briga foi vista como um reflexo da atual aliança política instável da Alemanha e das atitudes contrastantes em relação aos migrantes após a política de portas abertas de Merkel para refugiados sírios.