Beijing, 20 de out (Xinhua) -- A jornalista norte-americana Sarah Wendt ficou surpreendida ao descobrir um ambiente que facilita a cobertura da imprensa no atual congresso do Partido Comunista da China (PCC) em Beijing, em contraste da óbvia atmosfera "mídia-oposta" em Washington.
A quinta-feira foi o segundo dia do 19º Congresso Nacional do Partido Comunista da China. Wendt e seus colegas chegaram cedo ao Grande Palácio do Povo, onde eles têm uma vista panorâmica da Praça Tian'anmen no coração de Beijing.
Pelo segundo dia consecutivo, um grupo de delegados se reuniu com a imprensa na "passagem dos delegados" no salão, respondendo as perguntas dos repórteres.
"Há um grande acesso e abertura no congresso do Partido, enquanto nos Estados Unidos a administração é fechada de um modo que eles não querem atenção ou crítica midiática," disse ela.
"A passagem dos delegados é uma boa forma para fazer entrevistas preliminares com os delegados antes de entrar em discussões mais longas," afirmou Wendt.
A passagem dos delegados é uma nova adição no 19º Congresso Nacional do PCC, aproveitando as experiências das sessões parlamentares anuais nos últimos anos, em que os ministros se reuniram com a imprensa para responder perguntas.
Cerca de 2,300 delegados se reuniram para o congresso do PCC que ocorre a cada cinco anos, mas o número de jornalistas cobrindo o evento político mais importante do país é mais de 3 mil.
"O objetivo é dar mais chances aos delegados para reunir-se com a imprensa," disse Zhang Qiang, vice-diretor de centro de imprensa do congresso.
Um total de 70 delegados deverão ser entrevistados na passagem. Suas interações com os repórteres são exibidas ao vivo na televisão estatal e em diversos portais da internet.
Nesta quinta-feira, os entrevistados incluíram pesquisador da história do PCC, piloto de porta-aviões, engenheiro de computador, professor, faxineiro, agricultor e funcionário anticorrupção.
Os tópicos envolveram a governança do Partido, proteção ambiental, inovação científica e histórias pessoais dos delegados comuns.
Ling Jiefang, escritor e cinco vezes delegado para o congresso do Partido, advertiram sobre a negligência na luta anticorrupção.
"Se olharmos de volta na história da China, nunca existiu uma quantia comparável de esforço para combater a corrupção como a que vimos nos últimos anos. Nunca existiu uma guerra popular liderada pelo PCC contra a corrupção como a que temos agora," disse Ling.
"O relatório do congresso mencionou que a batalha anticorrupção nunca deve parar. Se existiam qualquer negligência no esforço, a corrupção poderia voltar e causararia consequências negativas," assinalou.
Além da passagem, o congresso organizou coletivas de imprensa e mesas-redondas abertas na presença dos repórteres. A partir de quinta-feira, as entrevistas coletivas são realizadas no centro de imprensa.
"O congresso do Partido se tornou mais aberto e transparente, o que reflete a crescente confiança do partido no poder de um país grande como a China," comentou Dong Guanpeng, diretor do Instituto de Mídia e Relações Públicas da Universidade de Comunicação da China.