Nômades tibetanos fixam residência por vida moderna

2017-02-24 13:11:29丨portuguese.xinhuanet.com

Lhasa, 24 fev (Xinhua) -- Há mais de duas décadas, Pude, com oito anos, foi com o pai para um prado na sub-região de Nagqu, no norte do Tibet, e começou uma infância de fome e frio de rancheiros.

Naquela época, sua vida de nômade parecia predestinada, pois é vida de seu pai e seu avô. Ela pensava que seus filhos e netos seguiriam o mesmo caminho.

Na quinta-feira, Pude, atualmente de 32 anos, levantou-se cedo, levou sua filha e seu filho à escola em sua nova pickup. Tashi Gonpo, seu irmão mais novo e membro de um grupo de pastores do povoado, levantou-se mais cedo. Quando ele voltou, sua esposa Tsering Drup estava fazendo iogurte em uma oficina do povoado.

Pude é o vice-presidente da cooperativa local e vice-diretor do povoado Payu, que, a 4.700 metros acima do nível do mar no Planalto Qinghai-Tibet, é terra-natal de 24 famílias.

A casa de Pude tem uma área de 115 metros quadrados e pode resistir a terremotos de até oito graus de magnitude. O povoado possui todas as instalações básicas, ruas, água corrente, eletricidade, rádio, TV e telefone. A internet está chegando.

O custo de moradia foi de 339 mil yuans (cerca de US$ 50 mil). Pude pagou apenas 40 mil yuans e o governo, o resto.

"No passado, vaqueiros sofriam de um inverno muito longo e frio, desde outubro até o final de junho do próximo ano, antes de mover-se ao prado no verão. Depois de três meses com sol, eles voltaram com seus animais e pertences a Payu e iniciavam o ciclo de novo", disse Pude.

A migração é essencial para os animais e prados sustentáveis, mas também é uma experiência difícil para crianças, idosos, pacientes e fracos, segundo ele. "Fixar-se em um lugar é luxo para nós."

Em 1994, o governo local começou a ajudar pastores a fixar moradia em Payu e os atraiu com animais financiados pelo governo. Porém, em 1997, uma grande nevada matou cerca de 100 iaques, quase metade dos animais no povoado. A reconstrução foi lenta. Payu ficou conhecido como "povoado de mendigos".

"Fizemos tudo para comer, menos roubar", disse Pude.

Em 2009, uma cooperativa foi estabelecida. Os aldeões investiram com sua força laboral, prados e gado e tornaram-se acionistas. Foram designados diferentes grupos de trabalho a rebanho, ordenha, processamento de leiteria, marketing e outras funções. Um sistema com base em pontos foi adotado --pastorear sete iaques por dia ganha um ponto, ordenhar três iaques ganha dois pontos etc.

"Todo o vilarejo possui 380 iaques. Cinco pessoas são suficientes de cuidar deles. Outros aldeões podem escolher seus trabalhos ou tornar-se trabalhadores migrantes", disse Wetho, presidente da cooperativa.

Entre os 97 aldeões, 50 são "trabalhadores", que precisam ganhar cerca de 1.200 pontos por ano para obter um bônus. Há uma diferença pequena entre as regras para homens e mulheres.

No ano passado, algumas pessoas decidiram "comprar" pontos da cooperativa e ir a trabalhar nas cidades. Um jovem paga cerca de 4 mil yuans para ser dispensado. No final do ano, ele pode receber um bônus em dinheiro de até 12 mil yuans da cooperativa.

A renda anual média em Payu era de menos de 800 yuans em 2008, antes do estabelecimento da cooperativa. Porém, o número subiu para 15 mil yuans em 2016, segundo Wetho.

Os governos da sub-região e regional ofereceram assistência ao povoado para promover a produtividade e melhorar o processamento de leiteria.

Wetho deu um exemplo. Um iaque produzia apenas 100 quilos de leite por ano e no inverno, quase nada. Atualmente, um iaque produz leite durante o ano todo e a produção chega a quase 200 quilos.

A cooperativa deposita 10% da receita em um fundo do povoado. Cada aluno da segunda fase de escola secundária recebe uma bolsa anual de 500 yuans, e um estudante universitário, mil yuans. Quando um aldeão falece, suas ações na cooperativa são transferidas à família, que também recebe uma ajuda de 4 mil yuans para o funeral.

Em 2012, Payu foi designado como o primeiro modelo de povoado de "prosperidade moderada" da sub-região. Os pastores disseram adeus às barracas de inverno e mudaram-se para habitações construídas de tijolos e cimento e de estilo tibetano.

Sem interferir muito em seu estilo de vida nômade e à demanda de uma melhor vida, uma clínica, um jardim de infância, um pequeno mercado, uma praça pública e um hospital veterinária foram construídos na comunidade.

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