Por que um acordo de paz sobre a Ucrânia ainda está distante após as negociações em Berlim?-Xinhua

Por que um acordo de paz sobre a Ucrânia ainda está distante após as negociações em Berlim?

2025-12-18 09:46:14丨portuguese.xinhuanet.com

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer (2º à esquerda), o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky (2º à direita), o presidente francês, Emmanuel Macron (1º à direita), e o chanceler alemão, Friedrich Merz, conversam durante reunião em Downing Street, nº 10, em Londres, Reino Unido, em 8 de dezembro de 2025. (Lauren Hurley/Downing Street, nº 10/Divulgação via Xinhua)

As negociações sobre a crise na Ucrânia, envolvendo a Ucrânia, os Estados Unidos e líderes europeus, avançaram pouco, já que persistem profundas divergências sobre território, garantias de segurança e expansão da OTAN.

Berlim, 16 dez (Xinhua) -- O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, concluiu nesta segunda-feira longas conversas com o enviado especial do presidente dos EUA, Donald Trump, Steve Witkoff, e o genro de Trump, Jared Kushner, em Berlim, descrevendo as conversas como "produtivas".

As conversas, que também reuniram vários líderes europeus, ressaltaram a visão compartilhada de que os esforços diplomáticos devem ser mantidos para acabar com o conflito. No entanto, além do otimismo oficial, ainda há obstáculos. Garantias de segurança foram elaboradas, enquanto as disputas territoriais permanecem sem solução.

QUAIS OS OBSTÁCULOS?

As disputas territoriais continuam sendo o maior obstáculo nas negociações. Mesmo assim, permanecem sem solução após horas de negociações exaustivas que começaram meses atrás.

O jornal alemão Die Welt noticiou que os negociadores dos EUA estavam pressionando a Ucrânia a ceder a região de Donbas como parte do acordo.

Questionado em uma coletiva de imprensa na segunda-feira sobre se os Estados Unidos estavam exigindo a retirada da Ucrânia dos territórios que controlam, Zelensky disse que a Ucrânia e os Estados Unidos ainda têm posições divergentes sobre questões territoriais.

Antes da reunião de segunda-feira, Zelensky manifestou rejeição ao plano proposto pelos EUA para estabelecer uma "zona econômica livre" em partes da região leste de Donbas, alegando que é injusto devido à falta de clareza sobre a governança. Ele enfatizou que a Ucrânia precisa de garantias de segurança claras antes de tomar decisões na linha de frente.

"Na minha opinião, o mais importante é que o plano seja o mais justo possível", disse Zelensky a repórteres antes de se reunir com os enviados dos EUA. "O plano não deve ser apenas um pedaço de papel, mas um passo significativo para o fim da guerra".

Zelensky disse que a Ucrânia poderia suspender sua candidatura à OTAN em troca de garantias de segurança ocidentais para evitar um novo conflito com a Rússia, caso um acordo de paz fosse alcançado. Kiev busca proteções comparáveis ​​às concedidas aos membros da aliança, garantias que os Estados Unidos ainda não ofereceram.

Ele disse que a Ucrânia está pronta para concordar com garantias de segurança baseadas no Artigo 5 da OTAN como parte de um acordo no processo de paz, informou a agência de notícias Ukrinform.

"Desde o início, a vontade da Ucrânia era aderir à OTAN, essas são garantias de segurança reais. Alguns parceiros dos Estados Unidos e da Europa não apoiaram essa direção", disse ele a repórteres.

"A base desse acordo é basicamente ter garantias muito fortes, como as do Artigo 5", disse um alto funcionário americano. "Essas garantias não ficarão em cima da mesa para sempre. Elas estão em cima da mesa agora, caso uma conclusão satisfatória seja alcançada".

POR QUE CONTINUA DIFÍCIL ALCANÇAR A PAZ?

Enquanto isso, 10 líderes europeus, incluindo o presidente francês, Emmanuel Macron, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, participaram das negociações e divulgaram uma declaração conjunta na segunda-feira, elogiando o "progresso significativo".

Os líderes prometeram trabalhar juntos para fornecer garantias de segurança robustas, incluindo a manutenção das forças armadas da Ucrânia em um nível de 800.000 soldados, como em tempos de paz.

O chanceler alemão, Friedrich Merz, disse que o ímpeto diplomático tornou um cessar-fogo "concebível".

Embora haja um otimismo cauteloso, a complexidade da situação lança dúvidas sobre a probabilidade de se alcançar uma paz duradoura.

O presidente finlandês, Alexander Stubb, enfatizou que a questão essencial seria, em última análise, se a Ucrânia estaria disposta a ceder território em troca de garantias de segurança dos Estados Unidos, enquanto o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, concordou que muitas questões difíceis permanecem, "principalmente sobre territórios e sobre se a Rússia realmente quer a paz".

Os líderes europeus buscaram reafirmar sua posição sobre a questão ucraniana na semana passada, com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, recebendo Zelensky, Macron e Merz em Londres. Eles classificaram a situação como um "momento crítico" e prometeram aumentar a ajuda a Kiev, juntamente com maior pressão econômica sobre Moscou.

As conversações acontecem antes de uma cúpula da UE que deverá analisar propostas para canalizar bilhões de dólares americanos de ativos russos congelados para a Ucrânia, um plano contra o qual Moscou prometeu retaliar. As discussões da UE sobre como financiar o apoio futuro, incluindo o uso de ativos estatais russos, tornaram-se cada vez mais tensas, disse um funcionário da UE na segunda-feira.

A demonstração de unidade europeia contrasta com as críticas. A declaração de Trump, que chamou Zelensky de "decepcionante" e rotulou os líderes europeus de "fracos", sugeriu que Washington poderia reduzir seu apoio.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, discursa na cerimônia de abertura da 3ª edição da Conferência Internacional de Minsk sobre Segurança Eurasiática em Minsk, Bielorrússia, em 28 de outubro de 2025. (Foto por Henadz Zhinkov/Xinhua)

QUAL É A POSIÇÃO DA RÚSSIA?

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, criticou duramente a Europa na segunda-feira, chamando-a de "charlatona" por perder oportunidades de ajudar a resolver a crise na Ucrânia, ao mesmo tempo em que expressou otimismo em relação aos recentes contatos com os Estados Unidos.

Ele culpou a Europa por fornecer armas, dinheiro e informações de inteligência a Kiev, dizendo que a Europa está "travando uma guerra" contra a Rússia.

Comparando a abordagem da Europa à de uma "charlatona", ele disse: "Eles só prescrevem remédios que fazem você se sentir melhor por cinco minutos. Nunca farão um diagnóstico adequado".

Lavrov disse na quarta-feira que a Rússia responderá a qualquer envio de forças militares europeias para a Ucrânia, assim como a tentativas de apreender bens russos na Europa.

Os enviados de Trump alegam progressos significativos nas negociações, mas ainda não há indícios claros de que o Kremlin esteja disposto a aceitar condições que levem a uma paz duradoura.

O Kremlin demonstrou disposição para dialogar, embora tenha levantado objeções específicas a componentes-chave da proposta americana.

O lado americano ainda não forneceu à Rússia detalhes sobre a visão apresentada durante as discussões, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, na segunda-feira, acrescentando que Moscou espera ver propostas concretas para a resolução da questão ucraniana após a conclusão das negociações.

Peskov enfatizou que as garantias de que a Ucrânia não aderirá à OTAN constituem uma das posições fundamentais da Rússia, descrevendo a questão como "um dos pilares" de qualquer processo de resolução.

Enquanto isso, os combates continuam no terreno. Zelensky disse que a Rússia lançou mais de 1.500 drones e dezenas de mísseis na última semana, com novos ataques atingindo Odessa e Zaporíjia, ferindo civis e danificando infraestrutura.

A Ucrânia também alegou ter danificado gravemente um submarino russo em uma operação conjunta no porto de Novorossiysk, no Mar Negro, o que foi posteriormente negado por Moscou.

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