
Martin Mangwandjo (centro), um camaronês com deficiência, lidera jovens aprendizes na prática de movimentos de artes marciais chinesas em seu centro de treinamento em Yaoundé, capital de Camarões, em 18 de novembro de 2025. (Foto por Kepseu/Xinhua)
Por Arison Tamfu e Wang Ze
Yaoundé, 3 dez (Xinhua) -- Em um clube de artes marciais no bairro de Mimboman, em Yaoundé, o som constante de passos e gritos estridentes preenchem o ambiente enquanto dezenas de estudantes imitam os movimentos fluidos e vigorosos de seu instrutor, Martin Mangwandjo.
Sob o sol brilhante, Mangwandjo desfere socos com precisão e chutes com potência. O jovem de 29 anos se move com confiança e facilidade, apesar de usar muletas devido a uma condição congênita. Para ele, as artes marciais chinesas são muito mais do que uma prática física.
Sua paixão começou na infância, despertada por um encontro inesperado com a cultura chinesa através de filmes de artes marciais com lendas como Bruce Lee e Jackie Chan.
"Quando quis praticar artes marciais pela primeira vez, me perguntei se seria possível com a minha deficiência", recorda ele. "Comecei a aprender assistindo a filmes e tentando imitar os atores".
Com persistência e treino autodidata, sua confiança aumentou. Há cerca de sete anos, ele começou a receber instrução formal em artes marciais chinesas de professores camaroneses e chineses.
Sua jornada tomou um rumo decisivo durante uma apresentação no bairro de Ekounou, em Yaoundé, onde chamou a atenção de um mestre de artes marciais chinês que estava de visita, de sobrenome Xiao. Impressionado com a habilidade e a determinação de Mangwandjo, Xiao se ofereceu para treiná-lo pessoalmente.
Essa mentoria abriu um novo mundo para ele.
"O mestre Xiao me ensinou muitos aspectos da cultura chinesa, medicina tradicional chinesa, artes marciais, kung fu, tai chi e até mesmo o básico do idioma chinês", disse Mangwandjo.
Com o tempo, seu conhecimento de artes marciais aumentou. "Encontrei nas artes marciais um certo poder, uma certa força física para me defender em qualquer situação perigosa", disse ele. "Também encontrei uma espécie de realização que me ensinou que, acima de tudo, todos permanecemos os mesmos, apesar das pequenas limitações físicas com as quais podemos nascer".
Hoje, Mangwandjo é um nome conhecido na comunidade de artes marciais chinesas e medicina tradicional chinesa de Camarões. Agora ele administra dois centros de treinamento em Yaoundé.
"Sou o chefe do Templo dos Cavaleiros Dourados, uma escola de artes marciais chinesas em Camarões", disse ele com orgulho. "Espero ver a escola crescer, se desenvolver ainda mais e receber muitos outros estudantes interessados na cultura chinesa".
Enquanto o mundo celebra o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência nesta quarta-feira, Mangwandjo disse que as artes marciais deram a ele paz e propósito.
"As artes marciais me proporcionaram muito. Em um nível psicológico e moral, elas me ofereceram uma força interior para eu me integrar à vida econômica e social com rapidez", disse ele.
Ele espera que mais africanos, especialmente aqueles com deficiência, conheçam as artes marciais chinesas.
"Quero ver muitos africanos e camaroneses, inclusive os que têm deficiência como eu, se interessarem pela cultura chinesa e pelas artes marciais chinesas em particular, onde encontrei uma fonte de força moral que me permitiu superar qualquer situação ou dificuldade na vida", disse ele.
Mais do que um praticante, Mangwandjo agora se vê como um "embaixador cultural". Por meio de aulas, apresentações e intercâmbios, ele promove não apenas a disciplina física, mas também a compreensão e o respeito mútuos entre os povos da China e de Camarões.
"Meu principal projeto futuro é visitar a China e vivenciar a cultura chinesa presencialmente", disse ele.

Martin Mangwandjo (frente), um camaronês com deficiência, lidera jovens aprendizes na prática de movimentos de artes marciais chinesas em seu centro de treinamento em Yaoundé, capital de Camarões, em 18 de novembro de 2025. (Foto por Kepseu/Xinhua)

Martin Mangwandjo (1º à direita), um camaronês com deficiência, lidera jovens aprendizes na prática de movimentos de artes marciais chinesas em seu centro de treinamento em Yaoundé, capital de Camarões, em 18 de novembro de 2025. (Foto por Kepseu/Xinhua)

Martin Mangwandjo (1º à esquerda), um camaronês com deficiência, lidera jovens aprendizes na prática de movimentos de artes marciais chinesas em seu centro de treinamento em Yaoundé, capital de Camarões, em 18 de novembro de 2025. (Foto por Kepseu/Xinhua)




