Rio de Janeiro, 5 dez (Xinhua) -- A Petrobras, estatal brasileira de petróleo, iniciou nesta sexta-feira as entregas comerciais do primeiro combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês) produzido inteiramente no Brasil, um marco que representa a entrada do país em uma nova geração de combustíveis de aviação e acelera sua conformidade com os padrões internacionais de descarbonização do setor.

A empresa anunciou a entrega inicial de 3.000 metros cúbicos de SAF para distribuidores que operam no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, um volume equivalente a aproximadamente um dia de consumo dos aeroportos do estado do Rio de Janeiro.

A Petrobras é a primeira empresa do país a produzir um SAF certificado pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), de acordo com os padrões do programa CORSIA (esquema de compensação e redução de carbono para a aviação internacional).

O SAF pode substituir o querosene de aviação convencional sem a necessidade de modificações nas aeronaves ou na infraestrutura de abastecimento, tornando-se uma solução imediata para a redução de emissões. "O SAF produzido por meio de coprocessamento em nossa refinaria contribui para o alcance das metas de descarbonização do setor de aviação. É um produto competitivo que atende a rigorosos padrões internacionais. Estamos oferecendo ao mercado interno a oportunidade de atender às demandas globais, antecipando o cumprimento das normas CORSIA", afirmou a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.

A Lei Combustível do Futuro, promulgada em outubro passado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, torna obrigatório o uso de SAF em voos domésticos a partir de 2027, mesmo ano em que as companhias aéreas que operam voos internacionais a partir do Brasil também deverão cumprir as metas da CORSIA.

A Petrobras, no entanto, está à frente nesse quesito com a produção e certificação do produto, representando uma inovação estratégica para o mercado de aviação. O SAF da Petrobras possui certificação ISCC-CORSIA e utiliza uma porcentagem de matérias-primas de origem vegetal -- como óleo residual de milho ou óleo de soja -- coprocessadas com querosene mineral. Segundo a empresa, a redução projetada nas emissões de CO2 pode chegar a 87% na fração renovável, mantendo um produto quimicamente equivalente ao combustível tradicional.

As primeiras entregas foram produzidas na Refinaria Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, que já possui certificação para produzir e comercializar o biocombustível e autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis para incorporar até 1,2% de matérias-primas renováveis na rota de coprocessamento.