Enfoque: China lança espaçonave tripulada Shenzhou-21 para novos avanços em engenharia e ciência-Xinhua

A espaçonave tripulada Shenzhou-21, no topo de um foguete transportador Longa Marcha-2F, decola do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, no noroeste da China, em 31 de outubro de 2025. (Foto por Wang Jiangbo/Xinhua)

Jiuquan, 1º nov (Xinhua) -- A China lançou com sucesso a espaçonave tripulada Shenzhou-21 na sexta-feira, enviando três astronautas para sua estação espacial em órbita em uma missão de seis meses.

A espaçonave, no topo de um foguete transportador Longa Marcha-2F, decolou às 23h44 (horário de Beijing) do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, no noroeste da China.

Cerca de 10 minutos após o lançamento, a espaçonave se separou do foguete e entrou em sua órbita designada. Os astronautas estão em boas condições e o lançamento da espaçonave tripulada Shenzhou-21 foi um sucesso total, de acordo com a Agência Espacial Tripulada da China (CMSA, em inglês).

Depois de entrar em órbita, a espaçonave fez um encontro e acoplamento rápidos e autônomos com a porta frontal do módulo central Tianhe da estação espacial, às 3h22 (horário de Beijing). Todo o processo levou aproximadamente 3,5 horas, disse a CMSA.

Os três astronautas a bordo da Shenzhou-21 entraram na estação espacial e se reuniram com o outro trio de astronautas na manhã deste sábado, dando início a uma nova rotação da tripulação em órbita.

A tripulação da Shenzhou-20 abriu a escotilha às 4h58 (horário de Beijing) e cumprimentou os astronautas recém-chegados, de acordo com a CMSA. Em seguida, os seis membros da tripulação tiraram fotos em grupo para o sétimo encontro espacial na história aeroespacial da China.

Eles viverão e trabalharão juntos por cerca de cinco dias para concluir as tarefas planejadas e o trabalho de entrega, disse a CMSA.

A tripulação da Shenzhou-21 é composta pelo comandante da missão Zhang Lu e pelos astronautas Wu Fei e Zhang Hongzhang. Esses três astronautas atuam como piloto espacial, engenheiro de voo e especialista em carga útil, respectivamente, representando todas as três categorias de astronautas chineses atualmente sendo aplicadas nos empreendimentos espaciais do país.

Zhang Lu também participou da missão Shenzhou-15, enquanto Wu Fei e Zhang Hongzhang estão conduzindo suas primeiras missões espaciais.

NOVO RECORDE DE ENCONTRO E ACOPLAMENTO

A missão Shenzhou-21 estabeleceu um novo marco, o encontro e acoplamento mais rápidos já alcançados na história das missões Shenzhou.

"A duração total marca uma melhoria substancial em relação à missão anterior Shenzhou-20, que exigiu 6,5 horas para o mesmo processo", disse Li Zhe, especialista da Corporação de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da China.

Esse avanço oferece várias vantagens - melhora a experiência de voo dos astronautas, reduz as restrições de energia para permitir maior flexibilidade de lançamento e aprimora as capacidades de resposta em caso de grandes emergências.

"Um tempo de encontro e acoplamento mais curto é sempre preferível", disse Li. "Para os astronautas, isso significa menos estresse de viagem e uma viagem mais tranquila."

No entanto, alcançar um processo de encontro e acoplamento de 3,5 horas apresentou maiores desafios técnicos. Exige um controle mais rigoroso sobre a precisão das manobras em órbita e requer um redesenho abrangente dos procedimentos de voo, para criar um cronograma de missão mais apertado e eficiente.

"Para atingir esses objetivos, realizamos simulações extensas, conduzimos vários testes e verificações e executamos revisões e recalibrações em larga escala", observou Li.

Além de encontro e acoplamento mais rápidos, o layout da cápsula de retorno da espaçonave Shenzhou-21 também foi otimizado. Mais espaço foi disponibilizado para trazer de volta amostras experimentais da estação espacial.

"Essa melhoria atende melhor às demandas da pesquisa científica na atual fase de desenvolvimento da estação espacial", disse Li.

RATOS NO ESPAÇO

Notavelmente, quatro ratos também foram para o espaço junto com a tripulação da Shenzhou-21.

Esses roedores, dois machos e duas fêmeas, estão sendo transportados para a estação espacial chinesa para serem criados em órbita por cinco a sete dias, marcando os primeiros experimentos científicos da China envolvendo modelos mamíferos no espaço.

Como um animal modelo importante no campo das ciências da vida, os ratos apresentam várias vantagens, alta similaridade genética com os seres humanos, tamanho corporal pequeno e ciclo reprodutivo curto, além de alta receptividade à modificação genética, disse Huang Kun, especialista do Centro de Tecnologia e Engenharia para Utilização Espacial da Academia Chinesa de Ciências (CAS).

"Essas características os tornam ideais para estudar processos fisiológicos e patológicos, bem como o crescimento, desenvolvimento e reprodução de organismos vivos no espaço", disse ele.

O projeto, liderado conjuntamente pelo Instituto de Física Técnica de Shanghai e pelo Instituto de Zoologia, ambos subordinados à CAS, envolverá o monitoramento contínuo por vídeo multidimensional dos ratos durante toda a sua permanência em órbita.

A iluminação dentro das instalações do experimento com ratos será ligada às 7h e desligada às 19h, mantendo o mesmo ritmo circadiano da Terra, explicou Li Tianda, pesquisador associado do Instituto de Zoologia.

A comida dos roedores não é apenas nutricionalmente equilibrada, mas também relativamente dura, para reduzir migalhas e atender ao hábito dos ratos de ranger os dentes. Um fluxo de ar direcional dentro da instalação foi projetado para soprar pelos, fezes e outros resíduos para um recipiente de coleta, garantindo um ambiente limpo e higiênico para os ratos, disse Li.

Ao coletar dados preliminares sobre respostas ao estresse e mecanismos de adaptação em microgravidade, os cientistas podem usar essas observações para decifrar como a ausência de gravidade e o espaço fechado influenciam o comportamento dos ratos.

Após completar sua missão orbital, os "ratos astronautas" retornarão à Terra a bordo da espaçonave Shenzhou-20 para análises adicionais.

"As descobertas serão fundamentais para avaliar a viabilidade da sobrevivência e reprodução humana a longo prazo no espaço, e também podem fornecer insights benéficos para a saúde humana na Terra", disse Huang, observando que o experimento representará um grande passo à frente nas capacidades de pesquisa em ciências da vida espacial da China.

Experimentos anteriores com animais realizados no laboratório espacial chinês envolveram peixes-zebra e moscas-das-frutas.

Durante sua estadia em órbita, os membros da tripulação da Shenzhou-21 devem realizar um total de 27 novos experimentos em órbita, incluindo ciências da vida espacial e biotecnologia, medicina espacial, ciência dos materiais espaciais, física de fluidos e combustão em microgravidade e novas tecnologias espaciais.

Pesquisas sobre a relação entre a origem dos códigos genéticos e a quiralidade, baterias de íon-lítio para aplicações espaciais e plataformas de computação inteligente estão listadas entre os estudos em órbita planejados para serem realizados durante esta missão.

A tripulação também realizará atividades extraveiculares e manuseio de carga, instalará dispositivos de proteção contra detritos espaciais e implantará e recuperará cargas úteis e equipamentos extraveiculares. Além disso, eles participarão de atividades de educação científica e bem-estar público.

Esta missão é a sexta missão tripulada desde que a estação espacial entrou na fase de aplicação e desenvolvimento e o 37º voo do programa espacial tripulado da China.