São Paulo, 30 jul (Xinhua) -- Os especialistas debateram caminhos para fortalecer a governança financeira global na sessão sobre cooperação econômica e financeira de um seminário realizado na semana passada em São Paulo, Brasil.

Hsia Hua Sheng, especialista em finanças internacionais da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, apresentou a visão de que a atual aceleração da desdolarização global não visa enfraquecer o dólar, mas sim construir um sistema internacional de pagamentos e reservas mais diversificado, visando fortalecer a autonomia financeira e a resiliência dos países em desenvolvimento.

"Por décadas, o dólar, como moeda de reserva e transação global, desempenhou um papel crucial na estabilização do comércio internacional. No entanto, essa dependência excessiva também revelou vulnerabilidades", disse Hsia.

Ele explicou que países como China e Brasil estão construindo caminhos práticos para a desdolarização através de mecanismos de liquidação e empréstimos em moedas locais, trazendo benefícios como redução significativa de custos de transação, minimização de perdas cambiais, otimização da estrutura de financiamento e aumento do poder de barganha das empresas em negociações internacionais.

Chen Huaibiao, chefe do Escritório de Representação do Banco Agrícola da China em São Paulo, reforçou que as iniciativas de liquidação em moeda local entre empresas chinesas e brasileiras nos setores de energia elétrica, agricultura e fabricação de equipamentos têm progredido constantemente, com os mecanismos de apoio financeiro se tornando cada vez mais maduros.

"O Banco Agrícola da China continuará a ampliar o apoio ao financiamento em RMB para empresas locais brasileiras, incentivando mais pequenas e médias empresas a utilizar canais de moeda local para liquidação transfronteiriça e expansão no mercado global", afirmou Chen.

Maurício Xavier, representante do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), destacou que a instituição vem aumentando a proporção de empréstimos em moeda local para projetos de infraestrutura nos países do BRICS. Segundo ele, isso não apenas reduz a exposição a riscos cambiais, mas também fortalece a integração financeira e a coordenação de políticas de desenvolvimento entre os Estados membros.

No contexto das discussões do BRICS, o seminário sobre o tema "Cooperação estratégica para um mundo multipolar" concentrou-se no fortalecimento do bloco e na busca por caminhos de colaboração entre os países emergentes.

O evento, coorganizado pelo Consulado-Geral da China em São Paulo e pelo grupo empresarial LIDE China, reuniu mais de 130 representantes do governo, setor empresarial, academia e mídia do Brasil.