* Os estágios iniciais da fábrica exigiram centenas de engenheiros e técnicos da China para estabilizar as operações e treinar a equipe local. Agora, com uma força de trabalho majoritariamente europeia, a colaboração se tornou parte do ritmo diário da fábrica.
* "Os produtores chineses agora dominam não apenas a química de células e a integração de sistemas, mas também a reciclagem e a gestão do ciclo de vida", disse Ferdinand Dudenhoeffer, renomado especialista automotivo alemão.
* "Esse tipo de cooperação industrial profunda ajuda a ancorar os laços bilaterais para além da política", disse Michael Schumann, presidente da Associação Federal Alemã para o Desenvolvimento Econômico e Comércio Exterior. "Isso reflete confiança mútua, visão de longo prazo e criação de valor compartilhada".
Por Li Hanlin
Berlim, 27 jul (Xinhua) — Localizada no coração do corredor industrial da Alemanha, uma gigafábrica de baterias com apoio chinês oferece um vislumbre revelador de uma colaboração mais forte entre Europa e China para impulsionar a transição energética verde da Europa.
Localizada em Arnstadt, Turíngia, a instalação de 1,8 bilhão de euros (2,11 bilhões de dólares americanos), construída e administrada pela empresa chinesa CATL, opera desde o final de 2022 como a primeira unidade de fabricação de baterias de grande porte na Alemanha.
Com uma capacidade anual de projeto de até 30 milhões de células, o suficiente para abastecer cerca de 200.000 veículos elétricos, a fábrica abastece as principais montadoras europeias que correm para a descarbonização sob crescente pressão regulatória e de mercado.
No entanto, a fábrica é mais do que apenas uma unidade de produção. Ela surgiu como um caso de teste para a integração industrial transfronteiriça, unindo a expertise em baterias da China com a tradição de engenharia da Alemanha e oferecendo um modelo de como as duas podem colaborar na transição verde.

Foto mostra bateria de carregamento super-rápido Shenxing exibida no estande da Contemporary Amperex Technology Co., Ltd. (CATL) no Salão Internacional do Automóvel 2023, oficialmente conhecido como IAA MOBILITY 2023, em Munique, Alemanha, no dia 5 de setembro de 2023. (Xinhua/Zhang Fan)
COLABORAÇÃO ENTRE CULTURAS
Os estágios iniciais da fábrica exigiram centenas de engenheiros e técnicos da China para estabilizar as operações e treinar a equipe local. Agora, com uma força de trabalho majoritariamente europeia, a colaboração se tornou parte do ritmo diário da fábrica.
"No início, eu estava cético em relação à fabricação chinesa", disse Amjad Abdallah, técnico de montagem de módulos. "Mas, trabalhando juntos, vi como seus sistemas são precisos e como seus padrões são elevados".
Equipes conjuntas de técnicos chineses e europeus agora trabalham juntas para calibrar linhas de montagem, ajustar tolerâncias de precisão e solucionar problemas em sistemas automatizados. Conforme os fluxos de trabalho se tornam mais integrados, trocas culturais informais também surgem, e cumprimentos básicos em chinês e alemão viraram parte do cotidiano da fábrica.
"No início, dependíamos de gestos e de falar em inglês", disse Qian Lei, engenheiro chinês. "Agora, brincamos em alemão básico".
Os efeitos dessa colaboração se estendem além das paredes da fábrica. O transporte público local adicionou novas rotas para atender às instalações, com sinalização bilíngue. Pequenos negócios que atendem funcionários chineses, como restaurantes e cafeterias, surgiram no centro da cidade, refletindo um nível de integração social raramente visto em projetos industriais liderados por estrangeiros.
Com a diminuição do número de funcionários expatriados, os funcionários locais assumiram funções essenciais, incluindo integração de módulos, embalagem e logística. "Voltarei para a China em breve. A equipe aqui é totalmente capacitada", disse Qian.

Foto de arquivo mostra a Contemporary Amperex Technology Thuringia GmbH na Turíngia, Alemanha. (CATL Alemanha/Divulgação via Xinhua)
AUMENTANDO A CAPACIDADE VERDE
A fábrica de Arnstadt representa parte de uma onda mais ampla de investimentos chineses em toda a cadeia de valor de baterias da Europa. Os fabricantes chineses de baterias estão intensificando os esforços para estabelecer a produção local em toda a Europa.
Novas fábricas da CATL estão em construção na Hungria e na Espanha, enquanto outras empresas estão investindo na Eslováquia e expandindo as operações na Hungria, inaugurando suas primeiras fábricas europeias. Juntos, esses projetos visam apoiar as montadoras europeias com cadeias de suprimentos locais e impulsionar a transição da região para a mobilidade elétrica.
A unidade de Arnstadt se tornou a primeira fábrica da CATL no exterior a operar com emissões líquidas zero de carbono. Ela opera com eletricidade verde, utiliza logística interna totalmente eletrificada e é gerenciada por meio de um sistema inteligente de controle de energia. A fábrica também está colaborando com o Instituto Fraunhofer da Alemanha para desenvolver modelos de previsão da vida útil das baterias, com o objetivo de melhorar a durabilidade, aprimorar a eficiência de recursos e reduzir os custos de manutenção a longo prazo.
"A fábrica não só produz baterias de última geração com menor pegada de carbono, como também promove práticas de economia circular, como reciclagem e eficiência energética", disse Caspar Spinnen, porta-voz da CATL. "Ela demonstra como a colaboração internacional pode acelerar a transição para um futuro mais verde e sustentável".
"Os produtores chineses agora dominam não apenas a química de células e a integração de sistemas, mas também a reciclagem e a gestão do ciclo de vida", disse Ferdinand Dudenhoeffer, renomado especialista automotivo alemão.
A unidade da Turíngia já gerou mais de 1.000 empregos, apoiando a construção civil, o varejo e os serviços de transporte locais. O prefeito de Arnstadt, Frank Spilling, afirmou que o aumento da receita tributária está sendo reinvestido em infraestrutura pública, incluindo creches e conjuntos habitacionais.
"Este projeto ajudou a estabelecer a Turíngia como um futuro polo de pesquisa e produção de baterias", disse a ministra da Economia do estado, Colette Boos-John.

Foto tirada com celular em 7 de maio de 2025 mostra visitantes no estande da Contemporary Amperex Technology Co., Ltd. (CATL) na exposição Intersolar Europe 2025 em Munique, Alemanha. (Xinhua/Huang Yan)
ALINHAMENTO ESTRATÉGICO
Enquanto a China e a União Europeia comemoram o 50º aniversário de suas relações diplomáticas, seus líderes se reuniram na quinta-feira para a 25ª cúpula China-UE em Beijing e emitiram uma declaração conjunta sobre mudanças climáticas, na qual reconheceram que o fortalecimento da cooperação China-UE sobre o tema impactará o bem-estar das pessoas de ambos os lados.
Em meio à acelerada mudança da Europa em direção à indústria verde, a experiência de uma pequena cidade na Turíngia oferece um vislumbre de como a cooperação China-Europa está ajudando a impulsionar a transformação econômica regional.
"Este tipo de cooperação industrial profunda ajuda a ancorar os laços bilaterais para além da política", disse Michael Schumann, presidente da Associação Federal Alemã para o Desenvolvimento Econômico e Comércio Exterior. "Ela reflete confiança mútua, visão de longo prazo e criação de valor compartilhado".
"A cooperação não é mais apenas prática, virou essencial", disse Dudenhoeffer. "As empresas chinesas lideram em eficiência de produção e densidade energética, as montadoras europeias permanecem à frente em experiência do usuário e design. É um complemento natural e estratégico".
A fábrica de baterias faz parte de uma tendência mais ampla. As montadoras chinesas estão fortalecendo suas parcerias industriais na Europa e acelerando as operações locais. A BYD está construindo uma fábrica de automóveis na Hungria, a Chery formou uma joint venture com a espanhola Ebro para produzir veículos elétricos, e a SAIC também planeja estabelecer sua base de montagem na Europa. Conforme as marcas chinesas expandem sua presença, seus modelos elétricos estão ganhando cada vez mais força entre os consumidores europeus.
De uma pequena cidade na Alemanha, a parceria em evolução entre a tecnologia chinesa e a manufatura europeia está remodelando como e onde a mobilidade verde é construída.
(Repórter de vídeo: Li Hanlin; edição de vídeo: Wu You, Roger Lott, Liu Xiaorui, Hui Peipei, Zheng Qingbin e Zhang Mocheng)








