
O CEO da Nvidia, Jensen Huang, discursa na cerimônia de abertura da 3ª Exposição Internacional da Cadeia de Suprimentos da China (CISCE, na sigla em inglês) em Beijing, capital da China, no dia 16 de julho de 2025. (Xinhua/Jin Liwang)
Beijing, 18 jul (Xinhua) — Em sua terceira visita à China neste ano, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, recebeu muitas perguntas de jornalistas.
As perguntas foram muito além do valor de mercado da gigante de tecnologia americana, que recentemente ultrapassou 4 trilhões de dólares americanos. A imprensa queria entender como a Nvidia está lidando com o complexo cenário tecnológico entre China e EUA e quais os planos de desenvolvimento para o futuro.
Mercados e participantes da indústria têm acompanhado atentamente os posicionamentos de Huang em meio à sua agenda intensa: um discurso na cerimônia de abertura da 3ª Exposição Internacional da Cadeia de Suprimentos da China (CISCE, na sigla em inglês), uma reunião com o organizador do evento, várias entrevistas em grupo e uma conversa com o executivo de uma empresa de tecnologia chinesa.
As principais mensagens de Huang foram claras: o mercado chinês é essencial, o avanço da China em IA é admirável, a cooperação entre China e EUA na área deve superar a rivalidade e as cadeias de suprimentos globais do futuro precisam ser redes colaborativas, não pontos de estrangulamento.
MERCADO "GRANDE" E "DINÂMICO"
Huang deixou claro que a China já é o segundo maior mercado de tecnologia do mundo e continua crescendo rapidamente, sendo "um mercado importantíssimo" na estratégia global da Nvidia.
"Há muitos clientes dinâmicos e inovadores", disse Huang. "Se você quer ser uma grande empresa e um grande fornecedor, não precisa só de produtos excelentes, mas também de clientes excelentes", e a China tem esses clientes.
"A população chinesa é altamente avançada. A adoção da tecnologia é muito rápida", observou ele, citando a ampla mudança para transações sem dinheiro como exemplo de inovação chinesa que molda tendências globais, com empresas de todo o mundo aprendendo com a China.
Huang reforçou seu compromisso de longo prazo com o país. Em entrevista, ele descreveu o mercado chinês como "grande", "dinâmico" e "altamente inovador", além de afirmar: "É muito importante que as empresas americanas possam competir e atender ao mercado chinês. Também é uma ótima porta de entrada para outros mercados".
Apesar de uma queda significativa na participação de mercado da Nvidia no mercado chinês de chips devido às restrições dos EUA, a China ainda representou 12,53% da receita total da Nvidia no último trimestre fiscal.
A empresa voltará a vender chips de IA H20 para a China, anunciou Huang durante a visita a Beijing. Após esse anúncio, as ações da Nvidia subiram 4,04%.
IA EM RÁPIDA ASCENSÃO
A segunda mensagem de Huang foi que a indústria de IA da China está "em rápida ascensão", destacando seu forte ecossistema de startups, grandes provedores de serviços em nuvem e uma ampla base de talentos.
Ele destacou o vasto uso de IA na China, mencionando que a "IA está sendo aplicada a tudo, desde aplicativos de consumo, compras on-line, entregas de supermercado até carros autônomos e outras inovações incríveis".
"Para se manter, é necessário investir", disse ele. "O mercado está se movendo rápido e é muito competitivo, precisamos continuar nos aprimorando", disse Huang, mencionando o "grande potencial" no mercado chinês.
Ele se referiu a modelos de IA chineses, como o DeepSeek, como "de classe mundial" e elogiou a IA de código aberto da China como um "catalisador para o progresso global", permitindo que todos os países e setores possam participar da revolução da IA.
A China abriga 50% dos pesquisadores de IA do mundo, observou ele, elogiando a qualidade do país em ciências e matemática.
Huang comemorou a ascensão dos concorrentes chineses, afirmando que as tecnologias que eles criaram são impressionantes.
COOPERAÇÃO CHINA-EUA: "SEMPRE HÁ ESPAÇO PARA DOIS"
Comentando a rivalidade tecnológica entre China e EUA, Huang disse: "Em toda casa, sempre há espaço para pelo menos duas pessoas". Ele lembrou a todos que o avanço tecnológico historicamente aumentou o bolo global e que todos podem se beneficiar.
"O PIB mundial continuará crescendo... Tenho otimismo e convicção de que os EUA continuarão vibrantes. A China será incrivelmente dinâmica e continuará crescendo", disse ele.
"Os concorrentes trazem muitos tipos de desafios... mas não são inimigos, são meus concorrentes. Podemos melhorar juntos, além de melhorar o mercado e a indústria", disse ele.
Ao destacar a cooperação tecnológica, Huang afirmou que espera levar chips mais avançados do que o H20 para a China. "A tecnologia está sempre evoluindo. É sensato que tudo o que vendermos na China continue melhorando", disse ele a repórteres.
CADEIA DE SUPRIMENTOS: UM "MILAGRE"
A última mensagem de Huang foi sobre a cadeia de suprimentos da China, que ele descreveu como "milagre" e seu lugar integral no mundo interconectado da manufatura e da tecnologia.
"A cadeia de suprimentos na China é muito avançada, especialmente em produção de alto volume, voltada ao consumidor e delicada", disse ele, citando produtos como baterias, painéis solares e veículos elétricos, que são "cada vez mais difíceis de fabricar fora da China".
A cadeia de suprimentos global é interconectada, "nenhuma região consegue fabricar algo totalmente sozinha", disse ele durante uma reunião com Ren Hongbin, presidente do Conselho Chinês para a Promoção do Comércio Internacional, organizador da exposição.
Para a Nvidia, essa interconexão é tangível, são necessárias 200 empresas de tecnologia de todo o mundo para montar um único computador de IA da empresa, explicou ele.
"Temos cadeias de suprimentos incrivelmente complexas e dependemos de fornecedores de tecnologia em todo o mundo", disse Huang, destacando o papel da cadeia de suprimentos global na redução de custos e no aumento da eficiência.










