Europa é incentivada a diversificar mercados comerciais devido à coerção tarifária dos EUA e à interrupção das cadeias de suprimentos-Xinhua

Europa é incentivada a diversificar mercados comerciais devido à coerção tarifária dos EUA e à interrupção das cadeias de suprimentos

2025-07-19 11:11:01丨portuguese.xinhuanet.com

Caminhões enfileirados para entrar no Terminal de Contêineres Tollerort em Hamburgo, Alemanha, no dia 28 de maio de 2025. (Xinhua/Zhang Fan)

Países em toda a Europa vêm alertando sobre o impacto das tarifas aparentemente implacáveis em suas economias.

Londres/Bruxelas, 17 jul (Xinhua) — Enquanto Washington avança com mais tarifas sobre produtos da União Europeia (UE) e de outros países, autoridades e especialistas europeus pedem a diversificação dos mercados comerciais para mitigar os danos que essa política financeira coercitiva está infligindo às cadeias de suprimentos globais.

JOGO DE TARIFAS GERA REAÇÃO EM CADEIA

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou no sábado que seu governo iria impor tarifas de 30% sobre as exportações da UE e do México, argumentando que o comércio bilateral era desequilibrado e precisava de reciprocidade há muito tempo.

A líder irlandesa do Sinn Féin, Mary Lou McDonald, descreveu a ameaça tarifária como "volátil" e "inútil". "Isso representa um desafio para a Irlanda, para a Europa e para o mundo", disse ela à Xinhua em coletiva de imprensa em Londres.

Países em toda a Europa têm alertado sobre o impacto dos ataques tarifários aparentemente implacáveis em suas economias.

O Banco da Eslovênia estimou que as tarifas americanas poderiam afetar indiretamente a cadeia de valores europeia e impactar cerca de 15.000 empregos na Eslovênia, um número significativo em um país com apenas 2,1 milhões de habitantes.

O Banco da Inglaterra também afirmou em seu último Relatório de Estabilidade Financeira que a economia global enfrenta riscos crescentes de queda, citando as tarifas americanas, e, apesar do novo acordo comercial entre o Reino Unido e os Estados Unidos em maio, uma nova escalada nas disputas comerciais globais poderia ampliar o estresse financeiro e prejudicar o crescimento econômico no Reino Unido.

Empresas de todos os portes, desde as que exportam para os EUA até as fabricantes fortemente dependentes de cadeias de suprimentos globais, estão sentindo a pressão das tarifas sobre suas operações.

Neb Chupin, fundador da croata Hermes International, uma produtora de geleia de figo bem-sucedida no mercado americano, disse: "Com tarifas de 10%, estamos perdendo cerca de 20.000 dólares americanos por semana. O que aconteceria com tarifas de 30% ou até 50%? Isso me tira o sono, pois a situação é muito instável".

Pessoas passam em frente a uma pizzaria em Zagreb, Croácia, no dia 9 de abril de 2023. (Xinhua/Li Xuejun)

Com 40% das exportações destinadas aos EUA, a indústria farmacêutica finlandesa também pode ser severamente afetada por potenciais tarifas americanas. Johanna Sipola, vice-presidente-executiva da Keskuskauppakamari, ou Câmara de Comércio Finlandesa, classificou as tarifas como "irrealistas" e alertou que o maior risco é a incerteza que elas criam.

"Se as tarifas forem implementadas, as repercussões para a produção farmacêutica internacional serão significativas. As cadeias de distribuição da indústria são excepcionalmente globais, e mesmo pequenas interrupções podem gerar mudanças substanciais nos preços e na demanda de medicamentos", disse Sipola.

Além dos efeitos imediatos, o jogo tarifário de alto risco está desencadeando uma reação em cadeia nas cadeias de suprimentos globais e na dinâmica geopolítica.

Gavran Igor, analista econômico da Bósnia e Herzegovina, afirmou que o impacto a longo prazo das tarifas pode ser ainda mais prejudicial para os fabricantes dos Balcãs que estão integrados às indústrias da UE, particularmente as cadeias de suprimentos automotivas.

O ministro das Finanças da República Tcheca, Zbynek Stanjura, afirmou que as exportações para os Estados Unidos representam menos de 3% do total das exportações do país. No entanto, o país também seria indiretamente afetado por meio de seus parceiros europeus que compram produtos e componentes tchecos.

INCENTIVO AO FORTALECIMENTO DA COOPERAÇÃO COM VÁRIOS PARCEIROS

Inevitavelmente, até países com laços comerciais modestos com a maior economia do mundo ainda podem sentir os efeitos colaterais da imprevisibilidade de Washington. Em resposta, especialistas recomendam que as nações europeias ampliem suas parcerias comerciais, especialmente com a China, com o Sudeste Asiático e com outras regiões.

"A Europa precisa, a longo prazo, se tornar mais independente do mercado americano. Uma zona de livre comércio conjunta com os países da ASEAN e a rápida ratificação do acordo com o Mercosul são urgentemente necessárias", disse Dirk Jandura, presidente da Federação Alemã de Atacado, Comércio Exterior e Serviços, em comunicado após o anúncio das novas tarifas de Trump.

Pessoas caminham com sacolas de compras em Roma, Itália, no dia 5 de julho de 2025. (Xinhua/Li Jing)

Mario Boselli, presidente da Fundação do Conselho Itália-China, disse que a mudança na dinâmica pode levar a Europa a reconsiderar sua estratégia econômica externa. Em sua opinião, fortalecer a cooperação com a China é uma "escolha altamente estratégica".

"Se economias como UE, China, Reino Unido, Brasil e Índia mantiverem o comércio global aberto, o impacto das tarifas americanas nas cadeias de suprimentos globais será menor. "A oportunidade é essa", disse Carlo Altomonte, professor associado do Departamento de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Bocconi, em Milão.

Martin Geissler, sócio da consultoria de gestão Advyce & Company, repetiu as sugestões, citando o exemplo da indústria automobilística alemã. "As montadoras alemãs muitas vezes ainda não reconheceram as perspectivas de crescimento existentes na África e em muitos países emergentes", disse Geissler, contrastando isso com o engajamento estratégico da China com múltiplos parceiros.

Bernardo Mendia, secretário-geral da Câmara de Comércio e Indústria Portugal-China, lidera uma delegação portuguesa na Exposição Internacional da Cadeia de Suprimentos da China, em Beijing.

Um fator-chave que impulsiona a participação de Portugal este ano, em suas palavras, é o aumento do protecionismo, as interrupções logísticas e as mudanças geopolíticas. Diante desses desafios, a China oferece uma plataforma diferenciada para o desenvolvimento de soluções inovadoras, modelos de negócios e parcerias colaborativas, afirmou ele.

Olhando para o futuro, os especialistas acreditam que as políticas comerciais de Washington podem, em última análise, ter um efeito contraproducente até para a economia dos EUA.

"Os EUA precisam de muitos dos nossos produtos industriais, que não podem ser facilmente substituídos no curto prazo. Isso permite que os fabricantes alemães desses produtos repassem em grande parte as tarifas em seus preços, em detrimento da economia americana", disse Juergen Matthes, chefe da Unidade de Pesquisa de Política Econômica Internacional, Mercados Financeiros e Imobiliários do Instituto Econômico Alemão.

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