Foto tirada no Porto de Vancouver mostra contêineres de carga empilhados no terminal de contêineres Centerm, Vancouver, Canadá, no dia 5 de junho de 2025. (Foto por Liang Sen/Xinhua)
Os Estados Unidos estão se esforçando para encerrar as negociações comerciais com muitos parceiros comerciais, à medida que o prazo autoimposto de 9 de julho se aproxima. Após a concessão do Canadá, Trump continua seus esforços para pressionar diversos parceiros comerciais.
Beijing, 1º jul (Xinhua) -- Dias após o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçar interromper as negociações comerciais e impor tarifas, o Canadá descartou seu imposto sobre serviços digitais planejado no domingo. A Casa Branca elogiou a medida, afirmando que as negociações seriam retomadas imediatamente e declarando que o Canadá havia "cedido" aos Estados Unidos.
Os Estados Unidos estão se esforçando para encerrar as negociações comerciais com muitos parceiros comerciais, à medida que o prazo autoimposto de 9 de julho se aproxima. Após a concessão do Canadá, Trump continua seus esforços para pressionar múltiplos parceiros comerciais.
Enquanto a UE se manteve firme na proteção de sua soberania digital e rejeitou as exigências dos EUA para incluir leis digitais nas negociações comerciais, Trump passou para o Japão no domingo, acusando o país de se recusar a comprar arroz americano em meio à escassez e ameaçando apresentar uma queixa comercial formal logo após rotular o comércio EUA-Japão como "injusto".
VIRADA NAS NEGOCIAÇÕES
O ministro das Finanças canadense, François-Philippe Champagne, anunciou no domingo que o Canadá rescindirá seu imposto sobre serviços digitais enquanto se prepara para um acordo comercial mais amplo com os Estados Unidos.
O imposto, que entraria em vigor na segunda-feira, imporia uma taxa de 3% sobre a receita de empresas multinacionais americanas como Amazon, Google e Meta, obtida com usuários canadenses.
"É muito simples: o primeiro-ministro canadense Mark Carney e o Canadá cederam ao presidente Trump e aos Estados Unidos da América", disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, a repórteres em coletiva de imprensa na segunda-feira.
Os comentários de Leavitt seguiram declarações do diretor do Conselho Econômico Nacional, Kevin Hassett, que afirmou que os Estados Unidos retomarão as negociações comerciais com o Canadá imediatamente.
Segundo ele, a Casa Branca provavelmente pressionará outros países a abandonarem seus impostos sobre serviços digitais em futuras negociações comerciais, dando continuidade à recente reversão do Canadá.
"Minha expectativa é que os impostos sobre serviços digitais em todo o mundo sejam retirados e que isso seja uma parte fundamental das... negociações comerciais em andamento", disse Hassett, citado pela CNBC.
Hassett sugeriu que os países que planejam manter ou introduzir impostos sobre serviços digitais podem enfrentar a "ira" do Representante Comercial dos EUA, Jameson Greer, sobre o que ele chamou de "práticas comerciais desleais".
ESTRATÉGIA INEFICAZ
As táticas de pressão de Washington não se mostraram eficazes com a UE, onde autoridades rejeitaram firmemente a inclusão da legislação digital nas negociações comerciais com os Estados Unidos.
"Nossa legislação não será alterada. A Lei de Mercados Digitais (DMA, na sigla em inglês) e a Lei de Serviços Digitais (DAS, na sigla em inglês) não estão em pauta nas negociações comerciais com os EUA", disse o porta-voz da Comissão Europeia, Thomas Regnier, em coletiva de imprensa na segunda-feira.
Mulher usa iPhone no edifício Berlaymont, sede da Comissão Europeia, em Bruxelas, Bélgica, no dia 4 de março de 2024. (Xinhua/Meng Dingbo)
Washington criticou repetidamente as regulamentações digitais da UE, incluindo a DMA e a DSA, como injustas e pediu uma supervisão mais flexível das empresas de tecnologia americanas. Em fevereiro, a Casa Branca alertou que poderia retaliar caso os reguladores da UE visassem empresas americanas sob essas regras.
Regnier destacou que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deixou claro que a legislação da UE não está aberta a negociações, "e isso também inclui, é claro, nossa legislação digital", disse ele.
"Não vamos ajustar a implementação da nossa legislação com base nas ações de terceiros países. Se começássemos a fazer isso, teríamos que fazer também com vários outros países", acrescentou Regnier.
No entanto, o porta-voz afirmou que a Comissão continua comprometida em chegar a um acordo comercial com os Estados Unidos até 9 de julho.
Trump havia dito anteriormente que as negociações "não estavam levando a lugar nenhum" e ameaçado impor uma tarifa de 50% sobre todas as importações da UE a partir de 1º de junho. Após uma ligação com von der Leyen, ele concordou em adiar o aumento até 9 de julho.
O comissário europeu para Comércio e Segurança Econômica, Maros Sefcovic, disse na segunda-feira que viajaria a Washington na terça-feira para tentar evitar tarifas americanas mais altas e chegar a um acordo "justo para ambas as partes".
Atualmente, a UE enfrenta tarifas americanas de 50% sobre aço, alumínio e 25% sobre automóveis, além de tarifas básicas de 10% sobre a maioria das outras exportações.
PRÓXIMO NA LISTA
Em uma publicação na rede Truth Social na tarde de segunda-feira, Trump afirmou que o povo japonês e seu governo foram "mimados" porque eles não comprariam arroz americano.
"Para mostrar às pessoas o quão mimados os países ficaram em relação aos Estados Unidos da América, e eu tenho muito respeito pelo Japão, eles não aceitam nosso ARROZ, e ainda assim sofrem com uma enorme falta de arroz", escreveu Trump. "Em outras palavras, vamos apenas enviar uma carta a eles".
Consumidora olha arroz em supermercado em Tóquio, Japão, no dia 21 de maio de 2025. (Xinhua/Hu Xiaoge)
No entanto, o arroz, assim como as regulamentações digitais da UE, não está no cardápio japonês para as negociações comerciais com os Estados Unidos.
Na terça-feira, o ministro da Revitalização Econômica do Japão, Ryosei Akazawa, que também é o principal representante nas negociações tarifárias com o governo americano, disse que seu país não sacrificará o setor agrícola como parte de suas negociações tarifárias com os Estados Unidos, acrescentando que continuará negociando com seus homólogos americanos para proteger os interesses nacionais do Japão.
"Tenho afirmado repetidamente que a agricultura é a base da nação", disse ele em coletiva de imprensa.
A reclamação de Trump sobre o arroz veio na sequência de mais uma crítica às práticas comerciais de Tóquio. Em entrevista transmitida pelo canal americano de notícias Fox News um dia antes, ele criticou duramente o Japão por importar poucos carros americanos, dizendo: "Eles não aceitam nossos carros, e ainda assim levamos milhões de carros deles para os Estados Unidos. Não é justo", disse ele.
"Eu poderia enviar uma (carta) ao Japão: ‘Caro Sr. Japão, a história é a seguinte. Você vai pagar uma tarifa de 25% sobre seus carros’", disse Trump durante a entrevista.