O pintor chinês Lan Zhenghui (3º, à esquerda.) mostra sua obra na exposição ao ar livre "Termos Solares: Evento de Arte Contemporânea com Tinta" em Lenox, Massachusetts, Estados Unidos, no dia 28 de junho de 2025. Em um canto arborizado do Eastover Estate & Eco-Village, uma dúzia de pergaminhos altos, com aproximadamente um metro de largura e três metros de altura, balançam silenciosamente ao vento do verão, visivelmente transformados pela chuva, neve, luz solar e tempo desde que foram instalados há um ano. Os pergaminhos foram pintados em papel de arroz, fixados em um tecido não tecido durável e, depois, emoldurados e suspensos entre árvores na floresta do estado americano de Massachusetts. (Xinhua/Zhang Fengguo)
Por Yang Shilong
Lenox, Massachusetts, Estados Unidos, 30 jun (Xinhua) -- Em um canto arborizado do Eastover Estate & Eco-Village, uma dúzia de pergaminhos altos, com aproximadamente um metro de largura e três metros de altura, balançam silenciosamente ao vento do verão, visivelmente transformados pela chuva, neve, luz solar e tempo desde que foram instalados há um ano.
Os pergaminhos foram pintados em papel de arroz, fixados em um tecido não tecido durável e, depois, emoldurados e suspensos entre árvores na floresta do estado americano de Massachusetts.
A NATUREZA TERMINARÁ AS PINTURAS
Este é o capítulo final de "Termos Solares: Evento de Arte Contemporânea com Tinta", uma exposição ao ar livre que foi inaugurada em 27 de julho de 2024 e terminará em 26 de julho de 2025. Ela apresenta obras de quatro importantes pintores contemporâneos chineses a tinta, Lan Zhenghui, Li Gang, Qin Feng e Zhang Zhaohui, sendo que cada um explora a abstração e a pincelada expressiva, com base na tradição literária.
O projeto nunca teve como objetivo a preservação. As obras foram feitas para resistir às intempéries. "Na arte tradicional asiática", disse o crítico de arte Richard Vine, também ex-editor-chefe da Art in America, na cerimônia de abertura. "Muitas vezes retratamos a fragilidade, flores de cerejeira, flores murchas, para sugerir algo duradouro, transcendente. Aqui, é o inverso. A arte em si é passageira. Está sendo alterada ou destruída pela natureza. Esse é o ponto".
Alguns pergaminhos desbotaram. Outros têm marcas de chuva ou vento cortante. Alguns desapareceram completamente. Mas para os visitantes que retornam, essas mudanças apenas fortalecem o significado.
"Lembrei de uma famosa pintura a óleo de um artista chinês, intitulada Meu Pai, um homem idoso cujo rosto está marcado por rugas fundas e inconfundíveis", disse Lan Zhenghui. "Esses pergaminhos desgastados pelo tempo parecem os mesmos, como um jovem bonito que envelheceu, marcado pelo tempo".
A artista e curadora local, Shany Porras, que revisitou o local em 28 de junho, refletiu sobre a mudança. "Não se trata mais apenas de observar a arte, mas de sentir sua relação com o mundo ao redor", disse ela.
"A primeira vez que a vi, fiquei impressionada com a beleza de como a arte humana e a arte da natureza convivem", disse Shany. "Essas peças vivenciam o que as árvores vivenciam. Há uma simbiose silenciosa. Isso me fez sentir pequena, mas de uma forma linda".
DIÁLOGO ENTRE PINCEL, ESTAÇÕES E CIVILIZAÇÕES
Embora baseada em materiais e técnicas tradicionais, a exposição reflete um movimento contemporâneo da tinta que é ousadamente experimental. Lan Zhenghui, conhecido por suas obras viscerais e de grande porte, falou sobre continuidade por meio da reinvenção: "É preciso aprender com os ancestrais, mas depois é preciso despertar algo novo".
Os curadores, Zhang Pingjie e Xu Yufu, conceberam Termos Solares não como uma exposição estática, mas como um processo de colaboração entre artista e ambiente, Oriente e Ocidente, tinta e clima.
"Não estamos descartando a tradição", disse Zhang. "Estamos expandindo, fundindo pincel e abstração, filosofia e ecologia".
"Somente depois de viver tempo suficiente no exterior", acrescentou Xu, "é possível confrontar a profundidade da cultura nativa e sentir o impulso de responder. É aí que o diálogo começa".
A escolha do local foi deliberada. Eastover, uma propriedade histórica da Era Dourada transformada em retiro ecológico, abrange 240 hectares de floresta imaculada e água de nascente natural. As condições permitiram que os pergaminhos, feitos com tinta e papel orgânicos, interagissem livremente com os elementos. Nada foi preservado artificialmente. "Queríamos que a própria natureza ajudasse a completar a obra", observou Zhang.
Estruturada em torno dos 24 termos solares do calendário tradicional chinês, a exposição foi projetada para evoluir com as estações. E evoluiu. No outono de 2024, dois sacerdotes taoístas visitantes da Seita Tianlong elogiaram o projeto como uma personificação viva do "Dao Fa Zi Ran", o Tao segue a Natureza.
Agora, com a aproximação dos últimos dias, o que resta não é apenas uma obra de arte alterada, mas um registro visual do tempo, da transformação e da intenção filosófica. "Até um fragmento é uma obra concluída", disse Zhang. "Porque o processo é a arte".
Como Vine disse no início: "Esta instalação nos lembra que a natureza sempre vence, seja pela harmonia ou pela consequência. A arte não resiste a essa verdade. Ela a revela".
Os curadores Zhang Pingjie (2º, à direita) e Xu Yufu (1º, à esquerda) e o pintor contemporâneo chinês a tinta Lan Zhenghui (1º, direita) participam de debate com visitantes na exposição ao ar livre "Termos Solares: Evento de Arte Contemporânea com Tinta" em Lenox, Massachusetts, Estados Unidos, no dia 28 de junho de 2025. Em um canto arborizado do Eastover Estate & Eco-Village, uma dúzia de pergaminhos altos, com aproximadamente um metro de largura e três metros de altura, balançam silenciosamente ao vento do verão, visivelmente transformados pela chuva, neve, luz solar e tempo desde que foram instalados há um ano. Os pergaminhos foram pintados em papel de arroz, fixados em um tecido não tecido durável e, depois, emoldurados e suspensos entre árvores na floresta do estado americano de Massachusetts. (Xinhua/Zhang Fengguo)
Visitantes conversam em frente a uma obra na exposição ao ar livre "Termos Solares: Evento de Arte Contemporânea com Tinta" em Lenox, Massachusetts, Estados Unidos, no dia 28 de junho. 2025. Em um canto arborizado do Eastover Estate & Eco-Village, uma dúzia de pergaminhos altos, com aproximadamente um metro de largura e três metros de altura, balançam silenciosamente ao vento do verão, visivelmente transformados pela chuva, neve, luz solar e tempo desde que foram instalados há um ano. Os pergaminhos foram pintados em papel de arroz, fixados em um tecido não tecido durável e, depois, emoldurados e suspensos entre árvores na floresta do estado americano de Massachusetts. (Xinhua/Zhang Fengguo)
Pessoas visitam a exposição ao ar livre "Termos Solares: Evento de Arte Contemporânea com Tinta" em Lenox, Massachusetts, Estados Unidos, no dia 28 de junho de 2025. Em um canto arborizado do Eastover Estate & Eco-Village, uma dúzia de pergaminhos altos, com aproximadamente um metro de largura e três metros de altura, balançam silenciosamente ao vento do verão, visivelmente transformados pela chuva, neve, luz solar e tempo desde que foram instalados há um ano. Os pergaminhos foram pintados em papel de arroz, fixados em um tecido não tecido durável e, depois, emoldurados e suspensos entre árvores na floresta do estado americano de Massachusetts. (Xinhua/Zhang Fengguo)