Foto tirada em 28 de maio de 2025 mostra um navio porta-contêineres no Terminal de Contêineres Tollerort, em Hamburgo, Alemanha. (Xinhua/Zhang Fan)
Hamburgo, Alemanha, 20 jun (Xinhua) -- Em um posto de controle na zona industrial de Hamburgo, na Alemanha, no início de junho, uma longa fila de caminhões avançava lentamente, avançando em direção a um movimentado centro de logística.
Entre os motoristas que aguardavam, Horm Wulff desceu de sua cabine e fechou a porta, claramente irritado. Parado ao lado do caminhão, ele inclinou a cabeça para olhar a fila serpenteante à frente e suspirou. Rolando os ombros para aliviar a tensão, ele murmurou baixinho: "Se essa fila não começar a andar logo, vou me atrasar de novo".
Wulff trabalha no setor de transporte de cargas há mais de 20 anos, mas tem ficado cada vez mais ansioso nos últimos meses. "Meus colegas e eu estamos cada vez mais preocupados com o fato de que as tarifas dos EUA causarão grandes atrasos nos portos, com navios incapazes de descarregar a tempo. Isso atrapalharia meu horário de trabalho e atrasaria toda a cadeia logística que se segue", disse ele.
O presidente dos EUA, Donald Trump, divulgou suas chamadas tarifas globais recíprocas em 2 de abril, seguidas de uma pausa temporária de 90 dias.
As tarifas são uma importante fonte de incerteza para o setor de logística e o que é ainda mais preocupante é que não há uma solução clara à vista, disse Wulff. "Supondo que hoje tenhamos fechado um acordo de tarifas recíprocas, amanhã ainda haverá mais tarifas em andamento", acrescentou.
Os caminhoneiros alemães foram forçados a passar mais tempo em filas congestionadas, já que Hamburgo e Bremen, os dois principais portos marítimos do país, ficaram lotados de navios à espera de atracação.
Do final de março até meados de maio, o tempo perdido para atracação aumentou em 49% no porto de Hamburgo e 77% no porto de Bremen, mostrou um relatório publicado pela Drewry, uma consultoria marítima de Londres. Enquanto isso, o maior porto da Europa, Roterdã, e o Felixstowe, no Reino Unido, também relataram esperas mais longas.
Thorsten Dornia, gerente geral da Brelog Freight Forwarding e presidente da Bremen Freight Forwarders' Association, atribui grande parte do congestionamento à reestruturação em andamento das alianças globais de transporte marítimo.
No entanto, a política comercial dos EUA provocou um aumento explosivo de fretes, pois os importadores americanos correm para enviar suas mercadorias para os Estados Unidos antes que a pausa expire. "Essas políticas erráticas dos EUA estão colocando uma pressão considerável na infraestrutura portuária", disse Dornia.
"Os atrasos nos portos estão aumentando o tempo de trânsito, interrompendo o planejamento de estoques e forçando os embarcadores a transportar estoques adicionais", afirma o relatório da Drewry.
Os gargalos nos portos europeus estão afetando as empresas. Dornia apontou que o aumento do tempo de permanência dos contêineres, o redirecionamento das remessas e as janelas de entrega restritas estão gerando custos adicionais substanciais para os agentes de carga.
O impacto mais amplo das políticas comerciais dos Estados Unidos já está sendo sentido no setor de logística internacional. Peter Sand, analista-chefe da empresa de análise de frete Xeneta, alertou que a política tarifária dos EUA está empurrando o comércio global para um território incerto. "Não é possível tomar decisões críticas sobre sua cadeia de suprimentos quando as regras do jogo continuam mudando", disse Sand.
"O conflito comercial é um alerta para a nossa economia", disse Peter Klimek, pesquisador de complexidade e diretor do Instituto de Inteligência da Cadeia de Suprimentos da Áustria. "Isso ilustra claramente como decisões políticas rápidas podem levar a gargalos muito reais — tanto nos portos quanto nas cadeias de suprimentos."
Hans-Joachim Schramm, professor sênior da Universidade de Economia e Negócios de Viena, observou que as políticas tarifárias dos EUA aumentaram significativamente os custos de transporte, especialmente para mercadorias enviadas em volumes menores. "Esses custos adicionais são inevitavelmente repassados à cadeia de suprimentos", disse ele, "o que significa que os consumidores americanos, em última análise, arcam com o ônus das tarifas de seu próprio país."
Foto tirada em 28 de maio de 2025 mostra uma vista do Terminal de Contêineres Tollerort em Hamburgo, Alemanha. (Xinhua/Zhang Fan)
Caminhões esperam para entrar no Terminal de Contêineres Tollerort em Hamburgo, Alemanha, em 28 de maio de 2025. (Xinhua/Zhang Fan)
Foto tirada em 28 de maio de 2025 mostra uma vista do Terminal de Contêineres Tollerort em Hamburgo, Alemanha. (Xinhua/Zhang Fan)
Caminhões esperam para entrar no Terminal de Contêineres Tollerort em Hamburgo, Alemanha, em 28 de maio de 2025. (Xinhua/Zhang Fan)
Foto tirada em 28 de maio de 2025 mostra uma vista do Terminal de Contêineres Tollerort em Hamburgo, Alemanha. (Xinhua/Zhang Fan)
