Expositora (esquerda) conversa com visitantes na 4ª edição da Feira Econômica e Comercial China-África, no Centro Internacional de Convenções e Exposições de Changsha, província de Hunan, centro da China, no dia 13 de junho de 2025. (Xinhua/Chen Sihan)
A política de tarifa zero da China promove a exportação de produtos africanos de alta qualidade e expande seu acesso ao mercado chinês.
Changsha/Nairóbi, 20 jun (Xinhua) -- Em março, um carregamento de mais de 800 peixes ornamentais africanos chegou à China pelo Aeroporto Internacional de Changsha Huanghua, província de Hunan, no centro da China.
Transportados em voo cargueiro de Adis Abeba, capital da Etiópia, os peixes foram transferidos para uma unidade de quarentena, onde passaram por um período de isolamento e várias inspeções sanitárias antes de entrarem no mercado chinês.
De acordo com a importadora chinesa, Hunan XiYue International Co. Ltd, esses peixes, valorizados no mercado por suas cores chamativas, forte adaptabilidade e facilidade de reprodução, estão atraindo crescente interesse dos aquaristas. A empresa planeja expandir ainda mais as importações de peixes ornamentais africanos e outras espécies aquáticas relacionadas.
A partir de 1º de dezembro de 2024, a China concedeu tratamento tarifário zero a todos os países menos desenvolvidos (PMDs) com os quais mantém relações diplomáticas, incluindo 33 nações africanas, em 100% de seus produtos.
Recentemente, a China anunciou sua disposição para negociar e assinar acordos de parceria econômica para o desenvolvimento compartilhado com países africanos, implementar o tratamento de tarifa zero para linhas tarifárias de 100%, proporcionar mais facilitação de políticas para os países menos desenvolvidos da África, promover a liberalização e facilitação do comércio e do investimento entre as duas partes e incentivar a entrada de mais produtos africanos no mercado chinês.
Graças a essas medidas, um número crescente de produtos africanos de alta qualidade e preços acessíveis, que vão desde anchovas secas do Quênia a produtos de cordeiro de Madagascar e borracha da Costa do Marfim, estão entrando no mercado chinês, oferecendo novas opções aos consumidores chineses e, ao mesmo tempo, trazendo benefícios tangíveis às comunidades africanas.
Funcionário seleciona pimentas no distrito de Nyagatare, Ruanda, no dia 22 de maio de 2025. (Xinhua/Ji Li)
"Quando as pessoas falam sobre pimenta, muitas vezes pensam na China. Todos sabem que nosso principal mercado é a China e temos muitos agricultores envolvidos", disse Herman Uwizeyimana, gerente-geral da Fisher Global, uma empresa agrícola ruandesa especializada no cultivo e na exportação de pimenta.
Nos últimos três anos, a Fisher Global exportou de 200 a 300 toneladas de pimenta desidratada para a China anualmente. Com o impulso da recente política de tarifa zero da China, a Uwizeyimana pretende aumentar as exportações para 1.500 toneladas por ano.
Dados divulgados pelo Ministério do Comércio da China mostram que, desde o lançamento da política de tarifa zero, as importações chinesas de países menos desenvolvidos africanos atingiram 21,42 bilhões de dólares americanos até março de 2025, representando um aumento de 15,2% em relação ao ano anterior.
O embaixador da Etiópia na China, Tefera Derbew, elogiou a política de tarifa zero, afirmando que ela não só permitirá que mais produtos africanos com características únicas entrem no vasto mercado chinês, como ajudará a promover a industrialização em toda a África.
Cheikh Tidiane Ndiaye, ex-editor-chefe da Agência de Imprensa Senegalesa, afirmou que a política da China traz apoio concreto à exportação de produtos africanos com maior valor agregado. Proporciona aos produtores africanos acesso mais fácil a um dos maiores mercados consumidores do mundo.
Em meio a um ambiente global turbulento e em constante evolução, a China continua abrindo seu mercado para os países africanos, promovendo a exportação de produtos africanos de alta qualidade e expandindo seu acesso ao mercado chinês.
Expositor (2º, à esquerda) mostra produtos africanos aos visitantes na 4ª edição da Feira Econômica e Comercial China-África, no Centro Internacional de Convenções e Exposições de Changsha, em Changsha, província de Hunan, centro da China, no dia 13 de junho de 2025. (Xinhua/Chen Sihan)
Além da política de tarifa zero, a China estabeleceu e expandiu "canais verdes" para produtos agrícolas africanos, facilitou a participação de empresas africanas em grandes feiras, como a Feira Internacional de Importação da China e a Feira Internacional da Cadeia de Suprimentos da China, construiu pontes para ajudar os produtos africanos a acessar os mercados globais e apoiou a capacitação no comércio africano.
Nos últimos anos, a cooperação econômica e comercial China-África apresentou resultados notáveis. O comércio China-África atingiu o recorde de 295,56 bilhões de dólares em 2024, um aumento de 4,8% em relação ao ano anterior, marcando o 16º ano consecutivo em que a China continua sendo o maior parceiro comercial da África.
Impulsionado pela política de tarifa zero da China para produtos africanos e por um modelo inovador que integra produção, indústria e comércio, o escopo da colaboração econômica e comercial China-África continua se expandindo.
Atualmente, a China apoia ativamente o desenvolvimento de cadeias de valores locais na África. Desde a abertura da Cúpula do Fórum de Cooperação China-África, em Beijing, em setembro de 2024, até o final de março de 2025, as empresas chinesas investiram 13,38 bilhões de yuans (1,86 bilhão de dólares) na África. Para ajudar ainda mais as pequenas e médias empresas (PMEs), a China concedeu 2,08 bilhões de yuans em empréstimos, beneficiando cerca de 350 PMEs e gerando cerca de 4.500 empregos.
"As prioridades de desenvolvimento do continente estão mudando da exportação de matérias-primas para a produção com valor agregado", disse Humphrey Moshi, professor de economia e diretor do Centro de Estudos Chineses da Universidade de Dar es Salã, na Tanzânia. "A relação China-África está evoluindo para além do comércio tradicional, rumo a uma colaboração industrial mais forte e à criação de valor compartilhado".
"Não é apenas sobre importar, mas sobre construir a industrialização juntos", disse o ministro da Agricultura, Soberania Alimentar e Pecuária do Senegal, Mabouba Diagne. "A China é um parceiro estratégico que pode impulsionar a transformação estrutural da nossa agricultura".