Zhou Shi (direita), oftalmologista da 34ª equipe médica chinesa em Zanzibar, Tanzânia, posa para foto com paciente em Zanzibar, Tanzânia, no dia 26 de maio de 2025. (34ª equipe médica chinesa em Zanzibar/Divulgação via Xinhua)

Por Hua Hongli e Lucas Liganga

Dar es Salã, 6 jun (Xinhua) -- Para Abdi Mussa Khamis, 50 anos, de Zanzibar, cada olhar no espelho era uma dolorosa lembrança dos dois inchaços anormais perto do olho direito.

Uma era macia e redonda, como uma bola de pingue-pongue, e a outra era dura e oval. Conforme as massas cresciam, pesavam sobre sua pálpebra e distorciam seu rosto.

A desfiguração era mais profunda do que as aparências. Fazia Abdi se sentir indigno de atenção, indesejado em fotos e desconfortável até com seu reflexo.

Ele usava chapéu todos os dias. "Nunca foi uma questão de moda. Era um escudo", disse ele.

A esperança chegou quando a 34ª equipe médica chinesa em Zanzibar, na Tanzânia, começou a oferecer consultas gratuitas no Hospital Mnazi Mmoja. Primeiro Abdi hesitou, mas acabou entrando na clínica de oftalmologia, algo que mudaria sua vida.

Lá, ele conheceu Zhou Shi, uma oftalmologista chinesa.

"Notei como ele tentava esconder o rosto, mas não desviei o olhar", lembrou Zhou. "Escutei atentamente e o examinei minuciosamente. Eu sabia que não se tratava apenas de tumores".

"Era uma questão de dignidade", disse Zhou.

Ela imediatamente agendou uma ressonância magnética, trabalhando com o radiologista Zhang Jiandong para ter um panorama completo da condição. Os resultados confirmaram a complexidade. Zhou reuniu uma equipe multidisciplinar de médicos para elaborar um plano cirúrgico preciso.

"Não estamos apenas removendo tumores", disse ela à equipe. "Vamos ajudá-lo a recuperar a vida".

O anestesista Li Guangming elaborou um plano de sedação para minimizar os riscos. Qin Shanshan, diretor de ginecologia, se ofereceu para ajudar.

"Cada membro da equipe médica chinesa, embora de diferentes origens, se uniu para me ajudar", disse Abdi.

A cirurgia foi realizada com cuidado e confiança. Na manhã seguinte, em uma pequena enfermaria de recuperação, Abdi tirou lentamente as bandagens. O que viu no espelho o deixou sem palavras.

"Os caroços desapareceram e meu rosto estava normal", disse Abdi, com os olhos marejados de lágrimas. Se aproximando do espelho, ele sussurrou: "Não preciso mais do chapéu".

"Esta não é só uma história de cirurgia. É uma história sobre o que a compaixão e a colaboração entre fronteiras podem alcançar", disse Chen Wei, chefe da equipe médica chinesa.

Graças aos esforços conjuntos de profissionais médicos chineses e tanzanianos, a vida de Abdi melhorou e se transformou.

Após sua recuperação, Abdi saiu do hospital e se expôs sem nada a esconder. Depois dele, os médicos chineses estavam prontos para o próximo paciente, continuando a missão de levar cura e esperança onde mais precisam.

Foto de celular mostra médicos chineses da 34ª equipe médica chinesa em Zanzibar, na Tanzânia, fazendo cirurgia em paciente em Zanzibar, Tanzânia, no dia 23 de maio de 2025. (34ª equipe médica chinesa em Zanzibar/Divulgação via Xinhua)