Destaque: Semeando esperança — 18 anos de dedicação de agrônomo chinês ao sonho do arroz de Madagascar-Xinhua

Destaque: Semeando esperança — 18 anos de dedicação de agrônomo chinês ao sonho do arroz de Madagascar

2025-06-07 11:16:37丨portuguese.xinhuanet.com

O agrônomo chinês, Hu Yuefang (1º, direita), inspeciona cultivo de arroz híbrido com agricultores locais em Mahitsy, Madagascar, no dia 25 de março de 2025. (Xinhua/Li Yahui)

Até o momento, o cultivo de arroz híbrido em Madagascar atingiu uma área acumulada de 90.000 hectares, com produtividade média de 7,5 toneladas por hectare, de duas a três vezes a das variedades locais, se tornando o maior produtor de arroz híbrido da África em área.

Antananarivo, 5 jun (Xinhua) — Como de costume, o agrônomo chinês Hu Yuefang, 67 anos, começou o dia ao amanhecer, usando um chapéu de abas largas e uma toalha nos ombros. Descalço e com as calças arregaçadas, ele caminhou pelos arrozais lamacentos, inspecionando a plantação ao lado de agricultores locais.

Esses arrozais esmeralda se estendiam por Mahitsy, uma cidade a cerca de 35 km a noroeste de Antananarivo, capital do Madagascar. No centro da cidade está a Base de Demonstração de Alto Rendimento de Arroz Híbrido da China, onde fileiras de caules exuberantes balançavam ao vento, formando uma vibrante colcha de retalhos por toda a paisagem.

Hu, vindo da província chinesa de Hunan, rica em arroz, chegou a Madagascar em 2007, quando a China lançou seu projeto de centro de demonstração de arroz híbrido na ilha. Desde então, ele passou 18 anos cultivando o que chama de "vida de cultivo de arroz".

Juntamente com colegas especialistas agrícolas chineses, Hu se dedica à introdução de variedades híbridas de alto rendimento, à promoção de técnicas agrícolas modernas e à capacitação de agricultores locais.

Seus esforços contribuíram significativamente para a busca da segurança alimentar em Madagascar. Até o momento, o cultivo de arroz híbrido em Madagascar foi expandindo para 90.000 hectares no total.

CULTIVO DE SEMENTES

"Para promover o arroz híbrido aqui, começamos procurando sementes adequadas ao clima de Madagascar", lembrou Hu.

O terreno diversificado da ilha, de florestas tropicais e pântanos a zonas semiáridas e solos vulcânicos, foi um grande desafio, mesmo para um especialista veterano como Hu. Munidos de dezenas de amostras de sementes, Hu e sua equipe embarcaram em uma jornada por quase todas as principais regiões produtoras de arroz.

"Após anos de testes, cultivamos cinco variedades de alto rendimento adequadas às condições locais, resistentes à seca, inundações e acamamento", disse ele. "Mas a tarefa mais difícil foi convencer os agricultores a usar essas sementes ‘estrangeiras’".

Agricultores caminham por sulcos de arrozais híbridos em Mahitsy, Madagascar, no dia 26 de março de 2025. (Xinhua/Li Yahui)

Para comprovar os benefícios, eles plantaram talhões de demonstração lado a lado, um com arroz local e o outro com híbrido. Com os mesmos métodos de cultivo, o rendimento do arroz híbrido é de duas a três vezes maior que o das variedades locais. Impressionados com os resultados, os agricultores o apelidaram carinhosamente de "Tsarabe", o melhor em Madagascar.

O progresso chegou com muito esforço. Hu se lembra de viver em cabanas de palha com goteiras, coletando água da chuva para beber e caminhando quilômetros em busca de lenha. "Uma vez, enquanto transformava um pântano, um galho de árvore perfurou meu pé. Os moradores que me tiraram de lá", disse ele.

Os esforços valeram a pena. "Antes, nossa terra mal produzia o suficiente para nos alimentar. Agora, com o arroz híbrido, temos fartura para nos alimentar, vendemos o excedente e até economizamos para comprar mais terra", disse o agricultor Femosoa Rakatondratsara, 30 anos, feliz ao lado de seu campo florido.

Até o momento, o cultivo de arroz híbrido em Madagascar atingiu um total de 90.000 hectares, com produtividade média de 7,5 toneladas por hectare, de duas a três vezes a das variedades locais, se tornando o maior produtor de arroz híbrido da África em área.

DIVULGANDO CONHECIMENTO

"Boas sementes não bastam. Os agricultores precisam saber como cultivá-las", disse Hu.

Da semeadura e transplante ao controle de pragas, ele demonstrou todas as etapas do processo de produção de arroz aos agricultores. "Quando os agricultores enfrentam problemas perto de casa, eu vou até lá de moto. Se estiverem longe, ajudo por telefone", disse ele.

Ao longo dos anos, ele treinou tantos agricultores que perdeu a conta, mas os chamados do "Professor Hu" ecoando dos campos continuam sendo sua melhor lembrança.

Especialistas agrícolas chineses observam cultivo de arroz híbrido em Mahitsy, Madagascar, no dia 25 de março de 2025. (Xinhua/Li Yahui)

Anos de trabalho de campo deixaram Hu muito bronzeado, tornando seu rosto sob um chapéu de palha indistinguível do dos moradores locais. Determinado a se comunicar melhor com os agricultores, ele aprende malgaxe há três anos.

Além do ensino prático, Hu e seus colegas também oferecem sessões regulares no Centro de Treinamento Profissional em Agricultura em Mahitsy, treinando técnicos locais que dividem seus conhecimentos com mais agricultores.

Até o momento, especialistas chineses realizaram centenas de sessões de treinamento, alcançando diretamente mais de 2.000 pessoas e beneficiando indiretamente dezenas de milhares. "Estamos trabalhando para construir uma plataforma nacional de treinamento para divulgar ainda mais as tecnologias de arroz híbrido", disse Hu.

"Expressamos nossa gratidão ao governo chinês por esta cooperação em arroz híbrido, através do envio grupo de especialistas que dividiram muito conhecimento", disse Michel Anondraka, diretor-geral de agricultura e pecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária de Madagascar. "O arroz híbrido é uma variedade de alto rendimento e o aumento de sua produção garantirá a autossuficiência de arroz para o Madagascar".

COMPROMISSO PARA TODA A VIDA

"O arroz híbrido é meu compromisso para toda a vida", disse Hu, com o olhar fixo nos arrozais verdejantes que se estendiam à sua frente.

"Houve momentos em que pensei em voltar para casa. Não é fácil passar anos em uma terra estrangeira, trabalhando incansavelmente", disse ele. Muitos colegas vieram e foram embora, mas Hu ficou. "Quando decido algo, continuo".

Foto tirada no dia 25 de março de 2025 mostra campos de arroz híbrido em Anosiarivo, Madagascar. (Xinhua/Li Yahui)

Para Hu, sua missão era clara: cultivar híbridos locais de sucesso, estabelecer uma base de demonstração de alto rendimento e localizar a produção de sementes. Com os dois primeiros marcos alcançados, seu foco agora é o terceiro, colaborar com a empresa chinesa Yuan's Madagascar Agricultural Development.

Hu atribui sua persistência a duas fortes crenças: garantir que os agricultores nunca passem fome e concretizar a visão de Yuan Longping, o falecido "Pai do Arroz Híbrido", que sonhava em disseminar o arroz híbrido pelo mundo. "Ele me disse para fazer isso dar certo em Madagascar", disse Hu.

No entanto, essa dedicação inabalável teve um custo pessoal. Sua viagem anual para casa é a única chance de se reunir com a família. Ele perdeu momentos ruins e bons, incluindo a despedida da mãe e o nascimento do neto. Apesar dos sacrifícios, Hu permanece resoluto.

Ele espera voltar para casa definitivamente em dois ou três anos, "mas somente quando meus dois aprendizes puderem continuar", disse ele. "Até lá, terei quase 70 anos, mas acredito que a fragrância destes arrozais será transmitida através de gerações".

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