Beijing, 18 mai (Xinhua) -- Diante da crescente incerteza externa, neste ano, o consumo, especialmente no setor de serviços, se prepara para desempenhar um papel cada vez mais importante no impulsionamento à economia chinesa, segundo analistas.

Uma reunião de alto nível convocada pelos principais líderes da China no final de abril priorizou esforços para estimular o consumo de serviços e reforçar seu papel como motor do crescimento econômico, conforme reportagem publicada nesta terça-feira pelo jornal China Daily.

O encontro, realizado pelo Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh), também exigiu a rápida remoção de medidas restritivas no setor de consumo.

Antes da reunião, em meados de abril, o ministro do Comércio, Wang Wentao, havia declarado que "a expansão do consumo de serviços será fundamental para aproveitar ainda mais o potencial de consumo não explorado e para criar um motor essencial para impulsionar o crescimento do mesmo, tanto no curto quanto no longo prazo".

Evidências internacionais indicam que, quando o PIB per capita de um país se aproxima dos US$ 15 mil, sua estrutura de consumo tende a migrar do foco em bens para os serviços. Como o PIB per capita da China já ultrapassou os US$ 13 mil, o consumo de serviços do país se encontra atualmente em uma fase de rápido crescimento, confirmou Wang em artigo publicado na Revista Qiushi, a emblemática publicação do Comitê Central do PCCh.

No primeiro trimestre deste ano, as vendas no varejo de serviços cresceram 5% ante o mesmo período do ano passado, superando em 0,4 ponto percentual a taxa de crescimento do varejo de bens, segundo dados do Departamento Nacional de Estatísticas.

Analistas acreditam que o consumo de serviços será uma área prioritária nas próximas iniciativas políticas do governo.

"As políticas de substituição de produtos do país têm se concentrado principalmente no consumo de bens duráveis, o que pode estimular a demanda futura", observou Xu Tianchen, economista sênior da Unidade de Inteligência Econômica.

Segundo Xu, o consumo de serviços não só ocorre mais frequentemente, como também apresenta um potencial substancial ainda não explorado, que pode ser fomentado por meio de políticas específicas. Ele acrescentou que a substituição de bens poderia ser estendida ao setor de serviços.

Em meados de abril, o Ministério do Comércio, em conjunto com outros oito departamentos governamentais, lançou um plano de ação conjunto para fomentar o consumo de serviços este ano, abrangendo áreas consolidadas como gastronomia, alojamento, saúde e turismo, além de novos formatos de consumo, como trens turísticos, paraquedismo e microteatros.

De acordo com os dados do Ministério da Cultura e Turismo, durante os cinco dias do feriado do Primeiro de Maio, foram registrados 314 milhões de viagens turísticas internas na China, um aumento de 6,4% ante o mesmo período do ano passado. Turistas nacionais gastaram um total de 180,269 bilhões de yuans (US$ 25 bilhões) durante as férias, o que representa um crescimento anual de 8%.

Comparado ao mercado de consumo de bens, relativamente maduro, o mercado de consumo de serviços da China ainda apresenta áreas-chave que precisam ser fortalecidas, destacou Lian Ping, diretor do Instituto de Pesquisa da Indústria Chefe de Guangkai.

"Em termos de demanda, será essencial adotar diversas medidas para aumentar a renda disponível dos residentes, melhorar o sistema de proteção social e aprimorar a capacidade de consumo de serviços dos consumidores", concluiu Lian.

O ministro das Finanças, Lan Fo'an, afirmou em um artigo publicado na Revista Qiushi em 1º de maio que a China está priorizando a integração entre a melhoria das condições de vida da população e a promoção do consumo.

Entre as principais medidas citadas estão o aumento adequado dos níveis das pensões, a melhora do seguro médico básico para residentes urbanos e rurais sem emprego, a concessão de subsídios para cuidados infantis e o reforço do apoio financeiro a estudantes - tudo com o objetivo de fortalecer o poder de compra e a disposição ao consumo, acrescentou Lan.

Por sua vez, Lian indicou que acelerar o processo de urbanização e impulsionar a capacidade de consumo das populações migrantes será crucial para liberar o potencial do consumo de serviços.