Li Dengke (d, atrás), médico de MTC da 34ª equipe médica chinesa em Zanzibar, e Fatma Ally Abdallah (e, atrás), enfermeira de 30 anos, administram tratamento de acupuntura a um paciente local em Zanzibar, Tanzânia, em 6 de maio de 2025. (Xinhua/Hua Hongli)
Mais de 120.000 pacientes já experimentaram o toque curativo da medicina tradicional chinesa (MTC) em Zanzibar, onde equipes médicas chinesas prestam atendimento desde 1964.
Zanzibar, Tanzânia, 8 mai (Xinhua) -- Para o tanzaniano Hassan Jumbe, de 26 anos, as noites sem dormir foram repletas de dor e estresse.
Noite após noite, dores de cabeça implacáveis assombravam o jovem operário da construção civil, uma dor latejante e incômoda que o roubava do descanso e da concentração. Embora tentasse de tudo, desde medicamentos sem receita até remédios caseiros, nada parecia oferecer alívio.
Mais tarde, um amigo mencionou uma clínica de acupuntura no Hospital Mnazi Mmoja, onde médicos da China usavam finas agulhas de prata para aliviar a dor. Cético, mas desesperado, Jumbe decidiu tentar.
O Hospital Mnazi Mmoja é a principal unidade de saúde pública da região, onde a equipe médica chinesa está baseada. "Mnazi Mmoja" significa "um coqueiro" no idioma suaíli.
"No começo, achei que era uma piada. Agulhas para curar dores de cabeça, sério?" disse Jumbe à Xinhua em uma entrevista recente.
"Mas depois da primeira sessão, senti uma sensação de alívio. Na terceira sessão, minhas dores de cabeça quase desapareceram", lembrou ele, esfregando a têmpora onde as agulhas haviam sido inseridas. "Não é apenas o tratamento. Os médicos são tão atenciosos, tão pacientes. Parece que eles se importam de verdade."
Jumbe está entre os mais de 120.000 pacientes que experimentaram o toque curativo da medicina tradicional chinesa (MTC) em Zanzibar, onde equipes médicas chinesas prestam atendimento desde 1964.
Foto sem data mostra Zhou Shi (2ª e, frente), membro da equipe médica chinesa, posando para uma foto com Tuma Saidi Hamadi (2ª d, frente) em Zanzibar, Tanzânia. (Equipe médica chinesa/Divulgação via Xinhua)
Ao longo das décadas, mais de 30 médicos chineses de MTC trabalharam em rodízio na ilha, oferecendo acupuntura, tuina (massagem terapêutica) e remédios à base de ervas.
Dentro de uma modesta clínica no Hospital Mnazi Mmoja, Li Dengke, um médico de MTC da província chinesa de Jiangsu, agia com precisão. Suas mãos firmes inseriam cada agulha e sua voz calma tranquilizava os pacientes ansiosos. Para ele, a MTC não se trata apenas de técnica, mas de uma profunda compreensão do corpo humano e da conversa silenciosa entre o curador e o paciente.
"Já vi pacientes entrarem com dor e saírem com alívio, mas é mais do que isso", disse Li. "Cada agulha transmite cuidado. Cada toque é uma mensagem."
Fatma Ally Abdallah, uma enfermeira de 30 anos, observava atentamente, com as mãos firmes, enquanto preparava o próximo paciente. Ela não era mais apenas uma observadora. Desde 2021, ela vem aprendendo técnicas de MTC sob a orientação de médicos chineses. O que começou como curiosidade se transformou em uma habilidade que ela agora pratica com confiança.
"No início, parecia muito complexo. Mas os médicos chineses foram pacientes. Eles me ensinaram a acupuntura, explicaram o sistema de meridianos e até me orientaram na seleção dos pontos de tratamento", disse ela, ajustando as agulhas para um paciente que sofria de dor lombar. "Agora posso fazer acupuntura de forma independente."
Chen Wei, líder da 34ª equipe médica chinesa em Zanzibar, explicou que sua missão é tratar e ensinar.
"Nós nos concentramos em dois aspectos. Primeiro, realizamos sessões de treinamento formal em que médicos e enfermeiros locais aprendem técnicas de MTC, tanto teóricas quanto práticas. Em segundo lugar, nós os incentivamos a praticar em casos reais, aumentando a confiança e as habilidades", disse ele.
Atualmente, vários médicos e enfermeiros locais são capazes de realizar procedimentos básicos de MTC de forma independente. Eles aplicam tuina, administram terapia com ventosas e explicam os conceitos da MTC a pacientes curiosos.
Olhando para fora da janela da clínica, que estava molhada de chuva, Chen refletiu sobre a jornada da equipe médica chinesa. "Não se trata apenas das agulhas", disse ele suavemente. "É sobre os corações que eles tocam".