Beijing, 7 mai (Xinhua) -- Robôs humanoides correndo ao lado de maratonistas, jogando futebol, basquete. O avanço da China nesta área está chamando atenção cada vez maior.
Dias depois de Beijing sediar a primeira meia maratona do mundo com humanos e robôs correndo lado a lado, a cidade de Wuxi, na Província de Jiangsu, no leste da China, realizou recentemente os primeiros jogos esportivos do país para robôs equipados com IA. A cidade chinesa também anunciou planos para sediar um jogo mundial de robôs humanoides no final deste ano.
"A maioria dos robôs não é projetada para esportes, mas sim para cenários industriais ou cotidianos", disse Guo Dahong, vice-gerente-geral da divisão de robôs humanoides da Miracle Automation Engineering.
De acordo com o organizador, o Instituto Chinês de Eletrônica, o evento atraiu mais de 100 equipes de pesquisa e empresas para apresentar mais de 150 competidores robóticos diversos.
"Por meio da corrida ou de outros desafios atléticos, podemos testar a estabilidade estrutural dos robôs e refinar suas capacidades semelhantes à humanidade", disse Guo, observando que o objetivo final é garantir que os robôs possam se integrar perfeitamente aos ambientes humanos para assumir tarefas repetitivas, perigosas ou fisicamente exigentes.
"Com o progresso do grande modelo, a iteração da tecnologia será cada vez mais rápida, o que pode permitir que os robôs humanoides entrem primeiro nas fábricas, depois nos parques industriais e, posteriormente, na família", segundo engenheiros da empresa LuwuDynamics.
De acordo com o Instituto Chinês de Eletrônica, os robôs humanoides podem revolucionar quase 20 campos, incluindo a fabricação automotiva, serviços domésticos, aeroespaço e resposta a emergências. Os robôs poderão ser usados para soldagem, patrulhas de segurança, combate a incêndios e até mesmo exploração espacial.
Guo espera que a manufatura industrial, na qual os robôs podem ser personalizados para tarefas de precisão, seja o primeiro campo a ver a adoção em larga escala de robôs humanoides. Ele também prevê sua futura expansão para os setores de serviços, embora reconhecendo que o mercado ainda está em sua infância.
Um relatório recente do setor prevê que o mercado de robôs humanoides da China atingirá 8,24 bilhões de yuans (US$ 1,14 bilhão) até 2025, respondendo pela metade da participação no mercado global. Até 2030, o mercado poderá disparar para cerca de 870 bilhões de yuans.
A positiva perspectiva está estreitamente relacionada com a completa cadeia de suprimentos da China. Thomas Anderson, fundador da STIQ, acompanhou de perto 49 empresas em todo o mundo que desenvolvem robôs humanoides de duas pernas, ou mais de 100 se ampliar o escopo para robôs bípedes com rodas. "A cadeia de suprimentos do setor de robótica da China é muito mais completa do que outras regiões. Desde motores a sensores e desenvolvimento de algoritmos, as empresas conseguem atingir rapidamente a produção em massa a um custo muito baixo".
Os dados mostram que, em 2024, a China tinha 451.700 empresas de robótica inteligente, o que representa um aumento impressionante de 206,7% em relação a 2020.
O Centro de Inovação em Robótica Humanoide de Construção Conjunta Nacional e Local, com sede em Shanghai, prevê que, até 2026, os robôs humanoides entrarão na produção em massa como produtos de uso geral, quando as vendas anuais atingirem o patamar de 100 mil unidades.
"Se os robôs humanoides pudessem realizar tarefas domésticas ou conversar, eu adoraria experimentar um", disse Sun Shangqin, moradora de Wuxi. "Meu orçamento seria de menos de 20 mil yuans."
No entanto, muitos robôs humanoides ainda estão aquém das expectativas de preço do consumidor médio. Por exemplo, um robô de serviço doméstico em exibição no evento de Wuxi -um assistente biônico com rodas para usuários com dificuldades de locomoção- tinha um preço de 700 mil yuans.
"Por outro lado, o futuro é brilhante. À medida que a tecnologia avança, os custos diminuem ainda mais e surgem os cenários de aplicação certos; os robôs humanoides serão, sem dúvida, amplamente adotados", disse Xu Jing, professor associado da Universidade Tsinghua.