Comemorando o resgate do Ataque Doolittle: uma história de coragem e amizade-Xinhua

Comemorando o resgate do Ataque Doolittle: uma história de coragem e amizade

2025-04-23 11:29:52丨portuguese.xinhuanet.com

Convidados visitam local onde os aviadores americanos do Ataque Doolittle foram resgatados por moradores locais na cidade de Quzhou, província de Zhejiang, leste da China, no dia 17 de abril de 2025. (Xinhua/Huang Zongzhi)

Por Peng Songhan

Hangzhou, 21 abr (Xinhua) -- Tendo crescido na China como parte da Geração Z, não desconhecemos as histórias de americanos e chineses lutando juntos na Segunda Guerra Mundial. Elas foram gravadas em nossos livros didáticos, repetidas em exposições de museus e, para mim, trazidas à vida de forma vívida pelas histórias de ninar do meu avô.

Na semana passada, também 83 anos depois de uma missão ousada que uniu os povos da América e da China, estive na cidade de Quzhou, província de Zhejiang, no leste da China. Fiquei lá sob a chuva de primavera com amigos do outro lado do Pacífico para comemorar o heroico resgate dos americanos pelo povo chinês após o Ataque Doolittle no Japão, em 1942.

Lamentamos em silêncio e colocamos flores na lápide de Leland Faktor, um engenheiro e artilheiro americano que participou do ataque e foi evacuado da costa japonesa, mas morreu quando sua aeronave caiu na China.

Naquele momento crítico, o aviador, que tinha apenas 21 anos, jamais poderia imaginar que seu sacrifício seria lembrado mais de oito décadas depois. Sua lápide, com inscrições em chinês e inglês, o homenageia como um "herói antifascista", e sua morte, juntamente com o ousado resgate que se seguiu ao ataque, virou um símbolo duradouro da amizade entre os dois países.

Faktor estava em missão em 18 de abril de 1942, quando 16 bombardeiros americanos, liderados pelo tenente-coronel James Doolittle, decolaram do USS Hornet e atacaram o Japão em retaliação ao ataque a Pearl Harbor. Após o ataque, 15 aviões que se dirigiam a um aeroporto em Quzhou ficaram sem combustível e caíram em várias localidades no leste da China.

Entre os 75 aviadores a bordo dos aviões, 64 foram resgatados por aldeões chineses, que corajosamente arriscaram suas vidas, escapando das buscas e dos bombardeios de retaliação japoneses.

Jeffrey Greene, presidente da Fundação Sino-Americana do Patrimônio da Aviação, disse que o evento é uma história de amor e fidelidade, um marco notável que une americanos e chineses.

Greene, com uma jaqueta de voo verde-oliva desbotada, e eu nos juntamos a um grupo de estudantes chineses do ensino médio para plantar árvores não muito longe da lápide. Pegamos pás e plantamos bordos vermelhos americanos e árvores de ginkgo, nativas da China, lado a lado.

Senti solenidade ao ajudar a plantar árvores para homenagear os feitos heroicos das duas nações que lutaram juntos na Segunda Guerra Mundial e o vínculo perene entre seus povos.

Convidados e estudantes posam para foto em grupo após plantio de árvores na cidade de Quzhou, Província de Zhejiang, leste da China, no dia 17 de abril de 2025. (Xinhua/Huang Zongzhi)

Durante as atividades de plantio de árvores, vários estudantes queriam saber mais detalhes sobre o evento com seus amigos americanos, incluindo pessoas de organizações como a Children of the Doolittle Raiders e o Museu USS Hornet.

Os estudantes se aproximaram de George Retelas, um representante do museu. Sob o olhar deles, ele começou a contar uma história pessoal.

Quando o avô de Retelas, um veterano da Segunda Guerra Mundial, e seus companheiros estavam estacionados em Alameda, Califórnia, carregaram bombas no porta-aviões USS Hornet antes do Ataque Doolittle. Hoje, esse mesmo porta-aviões foi transformado no Museu USS Hornet e se tornou um lugar para Retelas homenagear seu avô e a história.

Ele disse que esperava que esses estudantes chineses também visitassem o museu, observassem os pedaços de metal da aeronave, aprendessem sobre a amizade entre a China e os Estados Unidos, além do sacrifício de seu povo na Segunda Guerra Mundial, e transmitissem essa amizade e história às próximas gerações.

"Estamos reunimos em respeito mútuo para honrar os laços duradouros da humanidade criados durante um dos momentos mais difíceis da história mundial", disse ele.

Um idoso chamou minha atenção durante a homenagem, e fiz questão de falar com ele depois. Com pouco menos de 90 anos, Wang Wenyang era um dos poucos aldeões vivos que enterrou Faktor. "Eu era criança na época e estava muito assustado. Muitas pessoas compareceram ao funeral e adultos me disseram que ele era um herói", acrescentou ele.

Fiquei tocado pelas palavras de Retelas e Wang. Elas trouxeram um sentimento de que coragem e amizade genuínas são duradouras e transcendem fronteiras.

Esses aviadores demonstraram uma coragem notável, colocando-se voluntariamente em perigo. Sabendo que eram americanos lutando contra os japoneses depois de hastearem a bandeira dos Estados Unidos, os aldeões chineses abrigaram esses pilotos. Apesar das barreiras linguísticas, os aldeões demonstraram extraordinária gentileza, cuidando desses "estrangeiros diferentes" e os ajudando a ir embora.

Após o ataque, o aeroporto de Quzhou foi submetido a intensos bombardeios pelas forças japonesas. O Japão também travou guerra biológica em Zhejiang, resultando em mortes em massa de civis.

Este ano marca o 80º aniversário da vitória na Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e na Guerra Mundial Antifascista.

Comemorar um evento histórico não é só uma forma de recordação, mas também de explorar sua força. Sob o céu antes perfurado por "asas destemidas", vejo a vitalidade das trocas interpessoais entre a China e os Estados Unidos, que injetam estabilidade em um mundo de incertezas.

Fale conosco. Envie dúvidas, críticas ou sugestões para a nossa equipe através dos contatos abaixo:

Telefone: 0086-10-8805-0795

Email: portuguese@xinhuanet.com