Beijing, 21 abr (Xinhua) -- As plataformas chinesas de comércio eletrônico adotaram medidas para ajudar os exportadores do país a venderem seus produtos no mercado interno, ampliar os canais de venda e aliviar a pressão sobre os estoques. A iniciativa faz parte de um esforço mais amplo para reduzir o impacto do aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos e expandir a demanda interna.
De acordo com o jornal China Daily, essas medidas de apoio devem ajudar as empresas voltadas à exportação a acessar o mercado interno, fortalecer a circulação interna e impulsionar o consumo, além de ativar a vitalidade e o potencial do vasto mercado chinês diante dos desafios impostos por crises externas.
A varejista online JD anunciou que comprará produtos de exportadores no valor de 200 bilhões de yuans (US$ 27,3 bilhões) ao longo do próximo ano, para ajudá-los a comercializarem seus produtos no país. A empresa enviará equipes profissionais de compras às companhias de comércio exterior e adquirirá diretamente seus produtos de alta qualidade.
A JD, sediada em Beijing, também informou que criará uma área especial em suas plataformas online para comercializar esses itens selecionados, oferecendo suporte de tráfego de dados e marketing omnicanal. Além disso, a empresa fornecerá treinamentos, ampliará subsídios e disponibilizará outros recursos e apoios aos exportadores para estimular rapidamente as vendas dentro do país.
Taobao e Tmall, as plataformas online do Grupo Alibaba, anunciaram que prestarão assistência a pelo menos 10 mil empresas chinesas de comércio exterior e promoverão as vendas domésticas de 100 mil produtos voltados para comércio exterior, ajudando os exportadores a focarem no mercado interno. As medidas incluem registro simplificado, incentivos sobre comissões, orientação de vendas locais e serviços de compra direta.
A rede chinesa de lojas online de desconto PDD Holdings apresentou planos para investir 100 bilhões de yuans nos próximos três anos, incluindo o aumento de subsídios para pequenas e médias empresas que atuam no comércio eletrônico transfronteiriço, com o objetivo de estabilizar sua produção e ajudá-las a enfrentar os desafios externos durante sua expansão internacional.
Zhuang Shuai, fundador da Bailian Consulting e especialista em comércio eletrônico e varejo, afirmou que o aumento das tarifas norte-americanas elevou os custos de exportação sas empresas chinesas, obrigando-as a buscar novos canais para ampliar suas vendas.
Essas medidas de apoio ajudarão as empresas de comércio exterior a superar dificuldades de curto prazo e, e no longo prazo, devem promover o desenvolvimento de um novo ecossistema de consumo, à medida que a integração profunda dessas empresas exportadoras ao mercado interno favoreça o surgimento de mais marcas chinesas com competitividade internacional, acrescentou Zhuang.
Freshippo, a rede varejista de alimentos e produtos frescos do Grupo Alibaba, também anunciou medidas semelhantes para apoiar exportadores chineses. A plataforma informou que criou um canal rápido para que os exportadores explorem o mercado interno e estabeleceu uma área especial em sua plataforma para a venda desses produtos.
Liu Junbin, pesquisador especial do Instituto de Economia da Internet, uma consultoria local, declarou que essas iniciativas de apoio às empresas de comércio exterior contribuirão para impulsionar o consumo interno e oferecer aos consumidores chineses uma gama mais diversificada de produtos de alta qualidade, atendendo à sua demanda crescente por uma vida melhor.
Além disso, no contexto das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos durante a administração Trump, o aplicativo chinês de comércio eletrônico transfronteiriço DHgate vem ganhando cada vez mais popularidade entre os consumidores norte-americanos, alcançando a segunda posição entre os aplicativos gratuitos mais baixados na App Store da Apple, atrás apenas do ChatGPT da OpenAI.
Especialistas do setor atribuem a popularidade repentina do DHgate nos Estados Unidos ao fato de fornecedores e fabricantes chineses utilizarem a plataforma de vídeos curtos TikTok para apresentar aos consumidores norte-americanos o mercado global de artigos de luxo.
Muitos produtos, como roupas, bolsas e acessórios que são apresentados como fabricados na Europa, na realidade vêm de fábricas na China. Atualmente, os consumidores podem adquirir esses produtos diretamente de fornecedores chineses por meio de plataformas de comércio eletrônico transfronteiriço, como o próprio DHgate, de acordo com esses especialistas.

