Especialistas pedem solução para desequilíbrios estruturais no consumo na China-Xinhua

Especialistas pedem solução para desequilíbrios estruturais no consumo na China

2025-04-10 11:50:30丨portuguese.xinhuanet.com

Beijing, 10 abr (Xinhua) -- À medida que a China avança na transição de um modelo de crescimento baseado em investimentos e exportações para um modelo centrado na inovação e no consumo, o enfrentamento dos desequilíbrios estruturais nos padrões de consumo apresenta-se como um grande desafio - mas também como uma oportunidade significativa, afirmaram economistas, citados pelo jornal China Daily.

"A deficiência de consumo na China não é, em sua essência, um problema do nível médio de consumo, mas sim de desequilíbrio estrutural", disse Liu Shijin, ex-vice-diretor do Centro de Pesquisa de Desenvolvimento do Conselho de Estado.

Segundo ele, as causas principais dessa questão incluem "a distribuição desigual de serviços públicos essenciais, o ritmo lento da urbanização e as disparidades na distribuição de renda".

Políticas como vales-consumo e programas de substituição de bens podem, de fato, trazer benefícios imediatos ao estimular a disposição do consumidor para gastar, afirmou Liu Yuanchun, presidente da Universidade de Finanças e Economia de Shanghai.

"Melhorar a distribuição de renda e fortalecer a rede de seguridade social são fundamentais para capacitar a população em geral, especialmente os grupos de baixa renda, a desempenhar um papel mais relevante no crescimento impulsionado pelo consumo. Essa é uma prioridade que lançará as bases para um desenvolvimento econômico estável e sustentável", acrescentou Liu Yuanchun.

Segundo especialistas, há muito trabalho a ser feito nesse sentido. Um dos principais focos deve ser elevar o nível dos serviços públicos básicos para a população de baixa renda, com atenção especial aos trabalhadores migrantes, o que impulsionaria seus gastos.

Robin Xing, economista-chefe para a China no Morgan Stanley, afirmou que os formuladores de políticas poderiam promover reformas mais profundas na seguridade social, como facilitar o acesso à moradia pública e aos serviços de saúde para os trabalhadores migrantes, reduzindo assim os hábitos de poupança por precaução e liberando um grande potencial de consumo.

"Provavelmente é a vez do governo central atuar para preencher essa lacuna - seja direcionando dividendos do capital estatal para o sistema de seguridade social, seja transferindo gradualmente o foco da política de infraestrutura para o bem-estar social", disse Xing.

O programa de pensão básica para residentes rurais e urbanos não empregados, que cobre mais de 550 milhões de pessoas, ou seja, mais da metade dos participantes do sistema de pensões, atualmente oferece uma pensão média mensal de cerca de 220 yuans (US$ 30) para 170 milhões de idosos, segundo Liu Shijin.

No mês passado, a China anunciou planos de "aumentar em 20 yuans o benefício mínimo de pensão básica para residentes rurais e urbanos não empregados", conforme o relatório de trabalho do governo.

"Se pudermos dedicar 500 bilhões de yuans dos fundos fiscais para esse sistema de pensão, será possível dobrar os pagamentos mensais, dos atuais 220 yuans para mais de 400 yuans", disse Liu Shijin. "Isso teria um impacto mais imediato e eficaz na promoção do consumo."

Os residentes rurais representam o grupo com a menor renda na China, mas têm uma propensão relativamente alta ao consumo. Se o governo aumentar os gastos com pensões nesse grupo em 1 trilhão de yuans, isso poderia gerar cerca de 1,2 trilhão de yuans em crescimento do PIB - o equivalente a quase um ponto percentual na expansão anual da economia, desempenhando um papel crucial na estabilização do crescimento, de acordo com Liu Shijin.

"Embora os desequilíbrios estruturais no consumo representem grandes desafios, resolvê-los pode liberar um potencial de crescimento comparável ao que foi proporcionado pelo setor imobiliário no passado. Essa transformação estabelecerá as bases para um crescimento econômico de velocidade média, mas sustentado, garantindo estabilidade à economia chinesa nos próximos anos", concluiu Liu Shijin.

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