Turistas visitam o Forte Al Mirani em Mascate, Omã, em 12 de janeiro de 2025. (Xinhua/Liu Lei)
A abordagem de Omã em relação ao progresso não é tímida nem chamativa. Os investimentos em portos, centros de logística e projetos de hidrogênio verde se desenvolvem ao lado de uma meticulosa conservação do patrimônio.
Por Wang Qiang
Mascate, 30 mar (Xinhua) -- É sempre um prazer caminhar pela praia de Mascate em uma manhã ensolarada. A luz dourada se derrama sobre a corniche da cidade, iluminando as montanhas escarpadas e o impressionante azul Mar Arábico.
Tendo viajado bastante pelo Oriente Médio, acho que Omã sempre se destaca como algo extraordinário - uma joia discreta que estou ansioso para compartilhar.
O sultanato cultivou uma resiliência tranquila, alcançando um equilíbrio delicado entre tradições profundamente enraizadas e uma visão voltada para o futuro.
Meu primeiro encontro com Omã ocorreu durante minha estada no Qatar, marcando o início de uma jornada de descobertas. A cada visita, passei a apreciar como esse país desafia a simples categorização e revela novas facetas de sua identidade.
Mascate, a capital, combina perfeitamente o antigo com o novo. Aqui, tartarugas marinhas deslizam em águas cristalinas a poucos metros do movimentado Mutrah Souq, um dos mercados mais antigos da região. O ar, rico com o aroma de incenso e especiarias, serve como uma ponte sensorial que conecta o Omã moderno ao seu passado como potência comercial marítima.
O charme da cidade não está nos grandes monumentos, mas em suas contradições singulares: rodovias elegantes que passam por fortalezas em tons de mel e pescadores transportando suas capturas ao longo de iates de luxo em marinas que se misturam sem esforço ao porto natural.
Esse delicado equilíbrio - entre progresso e preservação - reflete a filosofia mais ampla de Omã, uma abordagem deliberada ao desenvolvimento que prioriza o patrimônio cultural em detrimento da rápida urbanização.
Crianças brincam à beira-mar na Aldeia de Kumzar, em Omã, em 19 de fevereiro de 2025. (Xinhua/Wang Qiang)
Para entender completamente a narrativa de Omã, é preciso se aventurar além da capital. Uma viagem de 1.000 quilômetros ao sul até Salalah revela uma paisagem que passa por transformações quase míticas.
Durante a estação das monções de Khareef, as planícies áridas se transformam em vales verde-esmeralda, uma visão tão surreal que os expatriados chineses apelidaram a região de "Jiuzhaigou do Oriente Médio", em homenagem ao famoso vale da China conhecido por suas cachoeiras de tirar o fôlego.
No entanto, a importância de Salalah vai além de seu espetáculo sazonal. Ela é o coração histórico de Dhofar, uma terra que já foi famosa por seu incenso, uma resina tão preciosa que moldou antigas redes de comércio que se estendiam até a China. Séculos atrás, comerciantes árabes e chineses enfrentaram mares traiçoeiros, trocando seda, especiarias e ideias e estabelecendo as bases para um diálogo cultural que persiste até hoje.
Um testemunho dessa conexão duradoura surgiu em 2023 com um monumento em Salalah em homenagem a Zheng He, o explorador chinês da Dinastia Ming cujas viagens simbolizavam o intercâmbio pacífico. As linhas fluidas da escultura, que evocam as ondas do oceano e as proas dos navios, simbolizam uma história compartilhada construída com base na curiosidade e não na conquista.
Essa referência ao passado é muito voltada para o futuro. À medida que Omã acelera sua estratégia Vision 2040, um plano ambicioso de transição da dependência do petróleo para setores sustentáveis, como energia renovável e ecoturismo, essas parcerias ganham nova relevância.
A China, atualmente o maior importador de petróleo de Omã, expandiu seu papel por meio de colaborações da Iniciativa Cinturão e Rota em energia solar e infraestrutura portuária, demonstrando que antigas rotas comerciais podem se adaptar às ambições modernas.
Foto tirada em 11 de janeiro de 2025 mostra uma vista da Casa Real de Ópera de Mascate em Mascate, Omã. (Xinhua/Liu Lei)
Essa sinergia entre patrimônio e inovação também é evidente na região mais ao norte de Omã. A Península de Musandam, muitas vezes chamada de "Noruega da Arábia", é um labirinto de enseadas onde golfinhos saltam ao lado de veleiros tradicionais, uma cena que destrói o estereótipo desértico do Golfo.
O governador local, Sayyid Ibrahim bin Saeed al Busaidi, falou com entusiasmo sobre o posicionamento de Musandam como um paraíso do ecoturismo, voltado para viajantes cansados de destinos superlotados.
"Não estamos buscando o turismo de massa", disse ele, "mas experiências significativas enraizadas na natureza e na autenticidade."
Essa visão ressoa por todo o país, desde as águas repletas de corais das Ilhas Daymaniyat, no Golfo de Omã, até as vastas dunas de areia do Rubalcali, onde os guias beduínos compartilham seu profundo conhecimento dos ritmos naturais do deserto.
A abordagem de Omã em relação ao progresso não é tímida nem chamativa. Os investimentos em portos, centros de logística e projetos de hidrogênio verde se desenvolvem ao lado de uma meticulosa conservação do patrimônio.
À medida que o sol se põe abaixo do horizonte de Mascate, pintando as Montanhas Al Hajar em gradientes de rosa e cobre, as paisagens de Omã refletem sua cultura nacional.
Sua história não é proclamada em voz alta, mas sussurrada no farfalhar das tamareiras, nas risadas das crianças nos becos do souq e no rangido rítmico dos veleiros tradicionais navegando em direção aos horizontes.