Beijing, 1º abr (Xinhua) -- A China está promovendo sua própria visão para o desenvolvimento da inteligência artificial (IA) por meio de aplicações confiáveis e eficientes de ferramentas de IA em uma ampla gama de setores, uma abordagem sensata que difere da adotada pelos Estados Unidos, disseram especialistas do setor e executivos de empresas no Fórum Zhongguancun em Beijing, segundo uma reportagem publicada nesta terça-feira no jornal em inglês China Daily.

Os comentários foram feitos durante as discussões em grupo realizadas no fim de semana, que contaram com grande participação, com todos os assentos ocupados e mais de alguns participantes alinhados contra as paredes ouvindo atentamente. Esse grande interesse é um reflexo do destaque que a IA ganhou em todo o país, o que também foi observado na Conferência Anual do Fórum Boao para a Ásia e no Fórum de Desenvolvimento da China.

Joseph Sifakis, vencedor do Prêmio Turing, amplamente considerado como o "Prêmio Nobel da computação", disse no Fórum Zhongguancun que a China está elaborando sua própria visão de IA, que é diferente da dos Estados Unidos. "A China tem uma base industrial forte e ampla e um mercado interno unificado. Isso permite que o país desenvolva soluções de IA mais confiáveis que atendam melhor às necessidades da economia real, especialmente na tão esperada transição para a condução autônoma", disse ele.

Sifakis observou que a sólida base industrial da China, em particular, lhe dá uma vantagem, enquanto as indústrias como veículos de condução autônoma, cidades inteligentes, fábricas inteligentes e fazendas inteligentes apresentam mais oportunidades. "Se bem desenvolvidos, todos esses setores darão à China uma posição dominante na IA industrial", disse ele.

Enquanto isso, Kai-Fu Lee, um especialista destacado em IA e presidente e diretor-executivo da empresa de investimentos Sinovation Ventures, disse que a China alcançou seu "momento DeepSeek". Ele previu que 2025 será um ano decisivo para os aplicativos de IA e a implantação de modelos em larga escala na China.

De acordo com Lee, o surgimento do DeepSeek mostra que "a IA de código fechado não tem futuro", e somente o desenvolvimento de código aberto impulsionará o progresso.

"Como as leis de escalonamento da IA passam do estágio de pré-treinamento para o estágio de inferência, os aplicativos de IA serão acelerados exponencialmente este ano", previu.

Gao Xuefeng, fundador e diretor-executivo da empresa de infraestrutura de dados de IA Fabarta, disse que, após o surgimento bem-sucedido do DeepSeek, muitas empresas chinesas não hesitam mais em investir em IA.

"A cada poucos meses, surgem novos avanços tecnológicos. As empresas não podem se dar ao luxo de esperar, elas devem integrar a IA em seus negócios e indústrias agora", alertou Gao, acrescentando que na China todos os setores podem ser reimaginados por meio da IA nos próximos anos.

Wang Zhongyuan, diretor da Academia de Inteligência Artificial de Beijing, um importante instituto de IA sem fins lucrativos, assinalou que o DeepSeek produziu resultados impressionantes, demonstrando que a China pode treinar modelos de IA em larga escala em paralelo ao ChatGPT 4, apesar de seu poder de computação limitado.

"Essas tecnologias também poderiam ser adotadas por instituições internacionais e outros países, acelerando o desenvolvimento global da IA", apontou.

Em relação à inteligência artificial geral, na qual um sistema de IA pode igualar ou superar as habilidades cognitivas dos seres humanos em qualquer tarefa do mundo real, Wang disse que o setor ainda está longe de alcançar tais capacidades. "Acho que levaremos pelo menos cinco ou dez anos, se não mais, para atingir esse nível", disse ele.