Beijing, 26 mar (Xinhua) -- Os especialistas pediram um limite mais claro para a aplicação da tecnologia de inteligência artificial (IA) em meio a debates populares provocados pelo uso indevido de conteúdo gerado por IA para fins de publicidade e ganhos comerciais, informou recentemente o jornal China Daily.

Um artigo online recente sobre a taxa de mortalidade de pessoas nascidas na década de 1980 provocou um alvoroço público, mas depois foi rejeitado como fabricação da IA.

O artigo, supostamente baseado em dados do sétimo censo nacional realizado em 2020, afirmava que a taxa de mortalidade entre as pessoas nascidas na década de 1980 ultrapassava 5,2% até o final de 2024, o que significa que um em cada 20 indivíduos nascidos naquela década já havia falecido. No entanto, logo foi revelado que o artigo é profundamente impreciso.

Li Ting, professora da Escola de População e Saúde da Universidade Renmin, da China, disse à televisão nacional chinesa CCTV que a afirmação provavelmente se originou de uma interação com a IA, que pode ter confundido as definições de "taxa de mortalidade cumulativa" e "taxa de mortalidade anual".

"As taxas de mortalidade são geralmente muito baixas, normalmente na faixa de alguns por mil, e não podem chegar a 5%. A afirmação de que 'um em cada 20 indivíduos nascidos na década de 1980 faleceu' refere-se à taxa de mortalidade cumulativa", disse ela.

Coincidentemente, a IA generativa tem sido usada para clonar as vozes e os rostos de muitas celebridades, tanto para fins de entretenimento quanto de lucro.

Por exemplo, a voz de Lei Jun, fundador, presidente do conselho e CEO da gigante chinesa de tecnologia Xiaomi Corp, foi replicada usando IA e usada em locuções para criticar o congestionamento do trânsito ou os dias de trabalho agitados com uma linguagem incisiva ou até mesmo vulgar.

Zhang Wenhong, especialista em gestão de epidemias e saúde pública, também foi personificado em vídeos promocionais gerados por IA para vender barras de proteína.

O uso da tecnologia de IA para produzir e lançar áudios ou vídeos de deepfake constitui infração e deve ser responsabilizado por lei, disseram os especialistas.

O conteúdo gerado por IA precisa ser mais regulamentado, e os usuários devem saber onde está o limite, disseram os especialistas.

"As leis e regulamentações relevantes que regem a aplicação e a comunicação de conteúdo gerado por IA em plataformas públicas devem ser aprimoradas, enquanto os criadores de conteúdo devem melhorar sua alfabetização em IA para utilizar a tecnologia de forma responsável", disse Tu Lingbo, professor da Universidade de Comunicação da China, cuja pesquisa se concentra na teoria da mídia e na governança da internet.