Observatório Econômico: Tensões comerciais entre EUA e UE aumentam conforme tarifas cobram seu preço-Xinhua

Observatório Econômico: Tensões comerciais entre EUA e UE aumentam conforme tarifas cobram seu preço

2025-03-16 11:10:28丨portuguese.xinhuanet.com

Bandeiras da União Europeia fora do Edifício Berlaymont, sede da Comissão Europeia, em Bruxelas, Bélgica, no dia 29 de janeiro de 2025. (Xinhua/Meng Dingbo)

Especialistas em comércio alertam que os laços econômicos antes fortemente interconectados entre EUA e UE estão sob tensão sem precedentes. Enquanto a Europa enfrenta pressões de curto prazo, as consequências de longo prazo para os Estados Unidos podem ser mais severas.

Berlim, 14 mar (Xinhua) -- Desde que o atual governo dos EUA assumiu em janeiro, uma onda de protecionismo comercial atingiu a Europa, causando preocupação entre as indústrias.

De coletivas de imprensa do governo em Berlim a discussões de alto nível na Conferência de Segurança de Munique e as linhas de produção das principais montadoras da Alemanha, o principal assunto é "tarifas".

A posição dos EUA sobre o comércio está atrapalhando a economia da Alemanha e o mercado europeu em geral, promovendo líderes políticos e empresariais em toda a Europa a se unirem na defesa do livre comércio, cooperação multilateral e estabilidade.

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, faz declaração à imprensa sobre contramedidas da UE às tarifas dos EUA em Estrasburgo, França, no dia 12 de março de 2025. (União Europeia/Divulgação via Xinhua)

MONTADORAS ENFRENTAM INCERTEZAS

As montadoras alemãs estão entre as mais afetadas pelas crescentes tensões comerciais. Os Estados Unidos continuam sendo um mercado-chave para as montadoras alemãs, incluindo BMW, Volkswagen e Mercedes-Benz, que não só exportam veículos, como operam grandes instalações de produção no país, empregando mais de 138.000 trabalhadores.

"O livre comércio é essencial para a BMW", disse o porta-voz da empresa em Munique. "As tarifas aumentarão os custos, sobrecarregarão os consumidores e sufocarão a inovação, arrastando toda a indústria para um ciclo negativo".

As três grandes montadoras alemãs foram responsáveis ​​por 73% das exportações de carros da UE para os Estados Unidos no ano passado, de acordo com a plataforma de pesquisa JATO Dynamics. No entanto, as últimas políticas comerciais de Washington lançaram sombra sobre as perspectivas da indústria automotiva.

Em 4 de março, quando a fornecedora alemã de automóveis Continental AG divulgou seus resultados anuais, o governo dos EUA anunciou tarifas altas sobre as importações do México e do Canadá, desencadeando uma queda de 11% nas ações da Continental, o pior desempenho no índice DAX da Alemanha naquele dia.

"Somos totalmente contra medidas protecionistas", disse o CEO da Continental, Nikolai Setzer. "Esse desafio não é só nosso, é de toda a indústria".

Hildegard Mueller, presidente da Associação Alemã da Indústria Automotiva, também alertou que aumentos unilaterais de tarifas desestabilizariam as cadeias de suprimentos globais e que aumentarão diretamente os custos para os consumidores.

"As montadoras alemãs estão profundamente enraizadas no mercado dos EUA há anos, criando milhares de empregos e ajudando o país a virar um centro importante para as exportações globais de carros. Agora, as barreiras comerciais não estão apenas prejudicando a Europa, mas também enfraquecendo a competitividade dos EUA", disse ela.

Presidente dos EUA, Donald Trump (direita), cumprimenta presidente francês Emmanuel Macron em entrevista coletiva conjunta na Casa Branca em Washington, D.C., Estados Unidos, no dia 24 de fevereiro de 2025. O presidente dos EUA, Donald Trump, disse na segunda-feira que as tarifas sobre o México e o Canadá "continuarão". (Xinhua/Hu Yousong)

AUMENTO NAS TENSÕES COMERCIAIS EUA-UE

As tensões comerciais estão começando a pesar na economia da Alemanha. A Associação das Câmaras de Indústria e Comércio Alemãs alertou que o aumento das tarifas aumentará os custos de exportação, interromperá as cadeias de suprimentos e desacelerará o crescimento econômico.

"Se a situação piorar, as exportações da Alemanha para os Estados Unidos podem cair em 2025 pela primeira vez em anos", disse Sebastian Dullien, economista do Instituto Alemão de Pesquisa Macroeconômica.

"Uma guerra comercial global pode encolher a economia alemã em mais de 1%, potencialmente colocando cerca de 300.000 empregos em risco", disse Dullien.

As consequências se estendem além da Europa. De acordo com a Câmara de Comércio Americana para a UE, dois terços das empresas dos EUA esperam que as políticas comerciais atuais tenham um impacto negativo em seus negócios europeus, prejudicando ainda mais as relações comerciais transatlânticas.

As tendências de mercado já estão sinalizando essas preocupações. Dados da Autoridade Federal de Transporte Motorizado da Alemanha mostraram que os registros de veículos elétricos aumentaram 31% em fevereiro. No entanto, a montadora americana Tesla viu seus novos registros na Alemanha despencarem 76% em fevereiro para apenas 1.429 unidades, conforme a competição local ganhava terreno.

As tarifas podem parecer simbolicamente alinhadas com a atual política "América Primeiro" da administração dos EUA, mas acabarão prejudicando os interesses econômicos do país, disse Julian Hinz, chefe do Centro de Pesquisa Política Comercial no Instituto Kiel para a Economia Mundial.

Christoph Heusgen, presidente da Conferência de Segurança de Munique (MSC, na sigla em inglês), discursa na cerimônia de abertura da 61ª edição da MSC em Munique, Alemanha, no dia 14 de fevereiro de 2025. (Xinhua/Gao Jing)

CENÁRIO DE PERDAS

Na Conferência de Segurança de Munique deste ano, os líderes europeus alertaram que tensões comerciais prolongadas poderiam enfraquecer os laços transatlânticos e desencadear consequências econômicas mais amplas.

"As políticas dos EUA estão abalando os pilares das relações transatlânticas", disse o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, alertou que se a UE enfrentar "tarifas injustificadas", Bruxelas será forçada a tomar medidas para proteger as indústrias europeias.

A incerteza está pesando muito sobre as pequenas e médias empresas.

Especialistas em comércio alertam que os laços econômicos EUA-UE, antes fortemente interconectados, estão sob tensão sem precedentes. Enquanto a Europa enfrenta pressões de curto prazo, as consequências de longo prazo para os Estados Unidos podem ser mais severas.

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