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* Uma reunião de alto risco realizada nesta terça-feira entre altos funcionários dos EUA e da Ucrânia resultou na aprovação de Kiev de um plano de cessar-fogo de 30 dias proposto pelos EUA e no consentimento de Washington para suspender sua pausa na ajuda militar e no compartilhamento de inteligência com a Ucrânia.

* Embora as expectativas de resultados tangíveis da reunião tenham permanecido baixas, a declaração conjunta final revelou uma forte mudança diplomática de ambos os lados, quase duas semanas após uma rara discussão entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca.

* Apesar do progresso nas negociações, ainda é muito cedo para celebrar, especialmente em um momento em que os combates no campo de batalha continuam intensos.

Por Guo Yage

Jeddah, Arábia Saudita, 12 de março (Xinhua) -- Uma reunião de alto risco realizada nesta terça-feira entre altos funcionários dos EUA e da Ucrânia resultou na aprovação de Kiev de um plano de cessar-fogo de 30 dias proposto pelos EUA e no consentimento de Washington para suspender sua pausa na ajuda militar e no compartilhamento de inteligência com a Ucrânia.

A reunião, que deveria ser curta, começou ao meio-dia de terça-feira e se estendeu por cerca de oito horas até a noite, antes que os dois lados emitissem uma declaração conjunta de que concordaram em "concluir o mais rápido possível um acordo abrangente para o desenvolvimento dos recursos minerais essenciais da Ucrânia".

Embora as expectativas de resultados tangíveis da reunião tenham permanecido baixas, a declaração conjunta final revelou uma forte mudança diplomática de ambos os lados quase duas semanas após uma rara discussão entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca.

A Ucrânia sinalizou nesta terça-feira que está pronta para aceitar uma proposta dos EUA para um "cessar-fogo imediato e provisório de 30 dias" após conversas com uma delegação dos EUA em Jeddah, na Arábia Saudita.

FORTE MUDANÇA DIPLOMÁTICA

De acordo com uma declaração do Ministério das Relações Exteriores da Arábia Saudita publicada nesta terça-feira na rede social X, a reunião contou com a presença do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e do conselheiro de segurança nacional, Mike Waltz. Notavelmente, o enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, que havia planejado participar da reunião, estava ausente, pois teria ido ao Qatar para negociações de cessar-fogo entre Israel e Hamas.

A delegação ucraniana incluiu o chefe de gabinete de Zelensky, Andriy Yermak, o ministro das Relações Exteriores, Andrii Sybiha, e o ministro da Defesa, Rustem Umerov. O ministro saudita das Relações Exteriores, Faisal bin Farhan Al Saud, e o conselheiro de segurança nacional, Musaed bin Muhammad Al-Aiban, também participaram das discussões.

Yermak escreveu no X no início da reunião que ela "começou de forma muito construtiva". Em seguida, ele publicou uma única linha durante as conversas: "Trabalho em andamento". Também descrevendo a reunião como "construtiva", Sybiha escreveu no X que a Ucrânia busca a paz "como ninguém mais"

De acordo com a declaração conjunta, emitida após a reunião no site da Presidência da Ucrânia, as duas delegações "deram passos importantes para restaurar a paz duradoura na Ucrânia".

A Ucrânia sinalizou sua disposição de aceitar uma proposta dos EUA para um "cessar-fogo imediato e provisório de 30 dias", que poderia ser estendido por acordo mútuo, disse a declaração, acrescentando que "os Estados Unidos comunicarão à Rússia que a reciprocidade russa é a chave para alcançar a paz".

Washington concordou em "suspender imediatamente a pausa no compartilhamento de inteligência e retomar a assistência de segurança à Ucrânia", disse a declaração, acrescentando que os dois lados discutiram a importância dos esforços de ajuda humanitária, especialmente durante o período de cessar-fogo.

Os negociadores também concordaram em nomear equipes para iniciar conversações com o objetivo de alcançar uma paz duradoura. Os Estados Unidos reafirmaram seu compromisso de se engajar com os representantes russos, enquanto a Ucrânia enfatizou a necessidade de os parceiros europeus se envolverem no processo, segundo a declaração.

As conversas na cidade portuária saudita ocorreram quase duas semanas depois que Trump e Zelensky se envolveram em uma rara discussão, o que levou ao cancelamento de um acordo bilateral de materiais previsto e, posteriormente, à suspensão da assistência militar dos EUA e do compartilhamento de inteligência com a Ucrânia.

Após a discussão na Casa Branca, Zelensky expressou repetidamente a posição "construtiva" da Ucrânia e sua disposição de entrar em negociações de paz sem demora.

Os líderes europeus saudaram o acordo de cessar-fogo entre os EUA e a Ucrânia, enquanto Zelensky disse: "Agora, cabe aos Estados Unidos convencer a Rússia a fazer o mesmo". Enquanto a Europa planeja garantias de segurança de longo prazo, os analistas continuam divididos sobre o que a UE pode fazer.

"BOLA NA QUADRA DA RÚSSIA"

O consentimento da Ucrânia para o plano de cessar-fogo de 30 dias foi recebido imediatamente pelos líderes ucranianos, norte-americanos e europeus.

Enquanto isso, as partes relevantes disseram que agora estão aguardando o próximo passo da Rússia em relação ao plano de cessar-fogo, voltando o olhar global para o Kremlin.

"A discussão durou a maior parte do dia e foi boa e construtiva - nossas equipes puderam discutir muitos detalhes importantes", disse Zelensky no X após a reunião de Jeddah.

O lado ucraniano propôs três pontos-chave, notadamente o silêncio nos céus - uma proibição de ataques de mísseis e drones, silêncio no mar e "medidas de construção de confiança" destinadas a libertar prisioneiros e devolver crianças ucranianas da Rússia, disse Zelensky. "Se a Rússia concordar, o cessar-fogo entrará em vigor imediatamente."

Após a reunião, Rubio disse a repórteres em Jeddah que os EUA esperam que a Rússia "diga sim à paz" e que a "bola agora está na quadra deles".

De acordo com a AFP, quando perguntado por um repórter sobre as perspectivas de um cessar-fogo total na Ucrânia, Trump disse que espera que "isso aconteça nos próximos dias".

"Sei que teremos uma grande reunião com a Rússia amanhã e esperamos ter ótimas conversas", disse ele, indicando que provavelmente falará com o presidente russo Vladimir Putin esta semana e que Zelensky será convidado a voltar a Washington.

Embora Trump não tenha mencionado quem estará envolvido na "grande reunião", vários relatos da mídia sugeriram que poderia ser uma reunião entre Witkoff e Putin.

Qualquer acordo sobre o conflito na Ucrânia deve ser feito nos termos russos, não americanos, disse Konstantin Kosachev, vice-presidente do Conselho da Federação Russa, a câmara alta do parlamento, em seu canal do Telegram na quarta-feira.

Na terça-feira, a RIA Novosti citou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, dizendo que ela não descartava contatos com representantes dos EUA nos próximos dias.

As observações de Zakharova foram feitas após os comentários do porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, na terça-feira, de que Moscou espera que Washington o informe sobre as negociações entre os EUA e a Ucrânia e que não deve haver comemoração prematura.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse no X que a UE acolhe com satisfação as negociações entre EUA e Ucrânia em Jeddah, incluindo a proposta de cessar-fogo e a retomada do compartilhamento de inteligência e assistência de segurança dos EUA.

O presidente francês Emmanuel Macron pediu aos chefes militares europeus e da OTAN que elaborem um plano "para definir garantias de segurança confiáveis" para a Ucrânia, à medida que as negociações de paz ganham ritmo.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, também saudaram a declaração conjunta.

Em uma declaração na terça-feira, a Arábia Saudita, anfitriã da última reunião e das negociações entre EUA e Rússia em Riad em meados de fevereiro, disse: "O diálogo é visto como a maneira mais eficaz de resolver disputas e aproximar pontos de vista, o que contribui para consolidar a segurança e a estabilidade internacionais".

PAZ AINDA INCERTA

Apesar do progresso nas negociações, ainda é muito cedo para celebrar, especialmente em um momento em que os combates no campo de batalha continuam intensos.

Horas antes da reunião, a Ucrânia lançou o maior ataque de drones contra a Rússia em 2025, informou a agência de notícias TASS.

O Ministério da Defesa russo anunciou em seu canal do Telegram que os sistemas de defesa aérea do país derrubaram 337 drones ucranianos durante a noite, enquanto o Ministério das Relações Exteriores russo prometeu mais tarde na terça-feira que todos os envolvidos e responsáveis ​​pelos ataques "serão punidos".

Na sexta-feira, o ministro ucraniano da Energia, German Galushchenko, disse no Facebook que a Rússia lançou outro ataque em grande escala ao seu sistema de energia durante a noite.

No domingo, a Rússia disse que suas forças haviam recuperado o controle de três assentamentos na região de Kursk. Um dia depois, o governador interino da região disse que quatro pessoas foram mortas em um ataque ucraniano com bombardeios a um shopping center na Aldeia de Belaya.

"Até que as discussões de terça-feira entre as delegações dos EUA e da Ucrânia dessem frutos, a dinâmica do campo de batalha não parecia favorecer um cessar-fogo", disse o Guardian, um diário britânico, em uma análise publicada após a reunião de Jeddah.

Observando "uma reviravolta vertiginosa nas relações entre os EUA e a Ucrânia", a análise disse: "Uma questão em aberto, talvez, é se as forças de paz poderiam entrar na Ucrânia durante um período de cessar-fogo, mas isso é especulativo".

Como os especialistas observaram, a discordância entre os EUA e a Ucrânia sobre os termos do cessar-fogo, as relações entre os EUA e a Rússia, bem como a posição da Europa sobre a Ucrânia, moldarão o desenvolvimento futuro da crise.

A Ucrânia e os Estados Unidos não compartilham a mesma ideia de "cessar-fogo", disseram os especialistas políticos ucranianos Igor Chalenko e Volodymyr Fesenko à mídia local na terça-feira, observando que a Ucrânia está tentando equilibrar a satisfação das necessidades dos EUA com a proteção de seus interesses nacionais.

Em 18 de fevereiro, altos funcionários dos EUA e da Rússia tiveram a primeira interação cara a cara desde a eclosão da crise na Ucrânia e concordaram, em Riad, na Arábia Saudita, em trabalhar para acabar com o conflito Rússia-Ucrânia e restaurar as relações bilaterais.

No entanto, em 4 de março, Peskov disse que é improvável que as conversas entre Rússia e EUA sobre a Ucrânia comecem antes da restauração completa das missões diplomáticas em ambos os países.

Três dias depois, Trump disse que está "considerando fortemente" impor sanções em larga escala à Rússia até que um cessar-fogo e um acordo de paz sejam alcançados com a Ucrânia.

A Europa, excluída tanto da recém-concluída reunião de Jeddah quanto das conversas anteriores entre EUA e Rússia em Riad, realizou um fórum em Paris na terça-feira para discutir quais garantias de segurança poderiam ser fornecidas à Ucrânia.

A reunião ocorreu uma semana depois que os líderes da UE deram luz verde aos planos para melhorar as capacidades de defesa do bloco e reafirmaram seu apoio à Ucrânia.

Como os Estados Unidos estão cada vez mais ignorando a UE para se envolver diretamente com a Rússia, essa abordagem está diminuindo a influência da Europa sobre a questão da Ucrânia, obrigando a UE a recalibrar sua estratégia em relação à Rússia, segundo observadores.

(Wang Haizhou e Luo Chen, de Riad, Li Dongxu, de Kiev, Gao Shan, de Los Angeles, Wang Qiang, de Doha, e Ma Xiaocheng, do Cairo, também contribuíram para a matéria). (Repórteres de vídeo: Wang Haizhou, Yu Fuqing, Luo Chen; editores de vídeo: Wang Han, Liu Xiaorui, Wu Yao)