Por Zhu Yilin e Wu Hao, correspondentes da Xinhua
Beijing, 14 mar (Xinhua) -- "A China e o Brasil são muito distantes, espero que eu possa construir pontes entre os dois países, facilitando o intercâmbio de experiências de desenvolvimento e a realização de negócios", disse Vitor Moura, um jovem empresário brasileiro e estudante da Universidade Tsinghua.
Em 2016, Vitor veio para a China pela primeira vez. "A segurança pública e o multiculturalismo da China não são exatamente semelhantes aos que eu conhecia no Brasil. Qualquer lugar que você vai, é muito seguro aqui", disse ele.
Ao mesmo tempo, ele percebeu que o comércio entre a China e o Brasil não era flexível. "Muitos empresários chineses não entendem as regras de entrada no mercado brasileiro, e muitos empresários brasileiros não têm acesso ao mercado chinês."
Em 2019, ele fundou sua empresa Lantau, que tem como objetivo promover o comércio e a exportação de produtos entre a China e o Brasil, e estabelecer mecanismos de comunicação para que os produtos brasileiros entrem na China e os produtos chineses sejam exportados. Ao longo dos anos, sua empresa ajudou mais de 20 empresas brasileiras a entrar no mercado chinês. Ao mesmo tempo, para apoiar o processo de internacionalização das empresas chinesas, Vitor desenvolveu programas de treinamento para empresas chinesas, ensinando-as a se comunicar efetivamente entre culturas inclusivas.
Em 2022, Vitor foi eleito para o Conselho de Administração do Conselho Empresarial Brasil-China, onde assumiu um papel proativo na representação dos interesses dos empresários brasileiros e no estabelecimento de uma maior cooperação econômica com o governo chinês.
"A China é um mercado enorme com diversas necessidades, especialmente no setor de manufatura. A economia global está se recuperando, e a conveniência e a flexibilidade do mercado chinês oferecem oportunidades para investimentos e exportações das empresas brasileiras." disse ele.
O Brasil é o maior destino de investimentos diretos da China na América Latina. A China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil por 15 anos consecutivos e é também o primeiro parceiro comercial a importar mais de US$ 100 bilhões do Brasil. Em 2025, o Brasil assumirá a presidência do BRICS, e Vitor espera que a China e o Brasil, como membros importantes do BRICS, liderem o BRICS em uma cooperação mais pragmática.
Em 2024, no Programa Juvenil China-América Latina para Enfrentar os Desafios Globais -- Acampamento para Alívio da Pobreza, organizado pelo Centro Latino-Americano da Universidade Tsinghua e pelo Centro de Orientação para o Desenvolvimento de Competências Globais para Estudantes, Vitor liderou uma equipe que apresentou o plano Golden Bridge, inspirado na "Oficina Luban" da China.
A Oficina Luban é uma plataforma de intercâmbio internacional para educação vocacional que leva o nome de Lu Ban, um notável artesão da China antiga, e que ajuda principalmente a cultivar talentos técnicos e qualificados nos países Cinturão e Rota.
De acordo com as estatísticas, a China construiu mais de 30 Oficinas Luban em três continentes, Ásia, Europa e África, e cultivou cerca de 10 mil alunos para educação acadêmica e mais de 31 mil alunos para treinamento vocacional, oferecendo apoio de talentos para desenvolvimento econômico.
"Em resposta às necessidades da força de trabalho em diferentes regiões do Brasil, podemos aproveitar a experiência da China em treinamento de habilidades vocacionais multinacionais para estabelecer um centro de treinamento vocacional brasileiro, a fim de melhorar o nível de habilidades da força de trabalho brasileira", apontou Vitor. Por meio desse plano, ele espera promover a cooperação entre as empresas chinesas no Brasil e as universidades brasileiras para criar um grupo de talentos mais qualificado para as empresas chinesas que operam no Brasil.
Seu plano ganhou o primeiro prêmio e o Memorando de Entendimento entre a Universidade Tsinghua e a Universidade Federal do Rio de Janeiro sobre esse programa entrou na lista de 37 documentos assinados entre a China e o Brasil em novembro de 2024.
Para combinar melhor sua experiência prática anterior e seu conhecimento profissional, ele veio para a Universidade, cursando mestrado em relações internacionais na Faculdade de Ciências Sociais. Ao mesmo tempo, atua como especialista residente no think tank Observa China no Rio de Janeiro, Brasil, onde espera contribuir melhor para a cooperação China-Brasil com sua sabedoria e força. Ele concentra sua pesquisa na cooperação do BRICS.
"Na minha opinião, o BRICS é uma 'matriz orgânica'. Não é só o business ou não são só os líderes. Hoje, o BRICS fala de economia, fala de finanças, cultura, educação e preservação ambiental", disse ele.
Com 2024 marcando o 50º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e o Brasil, "A China e o Brasil são importantes representantes dos países do BRICS, e esperamos que a cooperação sino-brasileira se torne um modelo de cooperação sul-sul", disse Vitor, enfatizando que o Sul Global precisa se ver mais, conversar mais, se entender mais, porque, no fundo, enfrenta os mesmos desafios.