Observatório Econômico: Como China impulsiona consumo para estimular crescimento-Xinhua

Observatório Econômico: Como China impulsiona consumo para estimular crescimento

2025-03-08 16:18:32丨portuguese.xinhuanet.com

Beijing, 8 mar (Xinhua) -- Comprometendo-se a fazer da demanda doméstica "o principal motor e âncora do crescimento econômico", formuladores de políticas da China enviaram sinais firmes e renovados sobre a intenção de fortalecer o poder de compra da vasta massa de consumidores, enfrentando o ceticismo sobre a transição do país para uma economia impulsionada pelo consumo.

A China "colocará um foco econômico mais forte na melhoria do padrão de vida e no estímulo ao consumo", de acordo com o relatório de trabalho do governo deste ano, submetido na quarta-feira à Assembleia Popular Nacional (APN), a legislatura nacional, para deliberação.

Impulsionar o consumo não é um conceito novo na política chinesa, e os gastos dos consumidores têm desempenhado um papel cada vez mais vital na economia do país. Em 2024, o consumo final contribuiu com 44,5% para o crescimento econômico da China, superando o investimento e as exportações, e impulsionou o PIB em 2,2 pontos percentuais.

Este ano, no entanto, esse impulso se torna particularmente importante à medida que a economia chinesa enfrenta o aumento do protecionismo comercial e desafios globais, enquanto que, a transição interna, de motores de crescimento tradicionais, como o setor imobiliário, para novos e mais sustentáveis, apresenta novos desafios.

"Expandir a demanda doméstica por meio da estimulação do consumo pode combater eficazmente as incertezas externas, estabilizando o crescimento de curto prazo e auxiliando nas transformações estruturais ao longo do tempo", disse Yang Decai, conselheiro político nacional e professor de economia da Universidade de Nanjing, durante as reuniões anuais do mais alto órgão legislativo e do principal órgão consultivo político da China, conhecidas como "duas sessões".

Para apoiar essa transição crucial, o relatório de trabalho do governo revelou medidas de apoio mais robustas, incluindo a emissão de títulos do Tesouro especiais ultralongos no valor de 300 bilhões de yuans (US$ 42 bilhões) para apoiar o programa de troca de bens de consumo, dobrando a escala em relação ao ano passado.

Lançado há um ano, esse programa desempenhou um papel fundamental na revitalização dos mercados de consumo. Em 2024, gerou vendas superiores a 1,3 trilhão de yuans, incluindo mais de 6,8 milhões de veículos, 56 milhões de eletrodomésticos e 1,38 milhão de bicicletas elétricas. Este ano, mais itens foram adicionados à lista de produtos subsidiados.

"O esquema de troca não é apenas uma política econômica", disse o ministro do Comércio, Wang Wentao, em entrevista coletiva durante a terceira sessão da 14ª APN na quinta-feira, destacando que o programa fomentou novos motores de desenvolvimento e melhorou a qualidade de vida de milhões de famílias.

Wang apontou que a principal questão que restringe o consumo de bens é a capacidade e a disposição para gastar, enquanto o principal desafio para o consumo de serviços é a falta de oferta de alta qualidade.

Para enfrentar essas fragilidades, além de garantir preços mais acessíveis aos consumidores, o governo chinês pretende aumentar a confiança do consumidor fortalecendo o bem-estar da população, com foco na criação de empregos, no aumento da renda e na redução de encargos financeiros.

Mais fundos e recursos serão destinados a atender às necessidades da população, de acordo com o relatório de trabalho do governo.

Com a meta de criar mais de 12 milhões de novos empregos urbanos este ano, o governo fornecerá maior apoio para um emprego pleno e de maior qualidade. O relatório também prometeu aumentar os benefícios básicos mínimos de aposentadoria para residentes rurais e urbanos que não trabalham, bem como os benefícios básicos de pensão para aposentados.

"Aumentar os pagamentos da previdência para os agricultores pode ser a maneira mais eficaz de impulsionar o consumo, pois reduzirá significativamente a taxa de poupança e aumentará os gastos de metade da população chinesa", disse Lu Ting, economista-chefe para a China no Nomura, que espera que mais ações sejam tomadas nesse sentido nos próximos anos.

Os gastos do governo com educação aumentarão 6,1% este ano e com seguridade social e emprego, 5,9%, com ganhos significativos também esperados nas áreas de saúde e habitação, revelou o ministro das Finanças, Lan Fo'an, na entrevista coletiva de quinta-feira.

NOVOS CENÁRIOS DE CONSUMO

Os formuladores de políticas chineses também vincularam o consumo à melhoria do estilo de vida, e não apenas ao volume de gastos, pois o relatório de trabalho do governo destaca a necessidade de criar novos cenários de consumo para acelerar o crescimento do consumo digital, verde, inteligente e de outros tipos inovadores.

O governo prometeu aperfeiçoar o sistema de licenças trabalhistas e garantir a implementação do mesmo para liberar o potencial de consumo em setores como cultura, turismo e esportes, que estão entre os motores mais poderosos do consumo de serviços.

Enquanto isso, novas tendências de consumo -- desde o boom dos esportes de inverno até o aumento dos gastos da população idosa -- já estão impulsionando o crescimento.

A economia prateada, que atende à população envelhecida da China, pode atingir 30 trilhões de yuans até 2035 e criar pelo menos 100 milhões de empregos até 2050, de acordo com Jin Li, conselheiro político nacional e vice-presidente da Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul.

Sun Guangzhi, chefe do departamento provincial de cultura e turismo da Província de Jilin, rica em recursos de neve e gelo, afirmou que a província gerou mais de 100 milhões de yuans em gastos diretos ao emitir vouchers de consumo na última temporada de neve.

"Isso demonstra claramente os benefícios combinados dos incentivos políticos e dos recursos locais", disse Sun, que também é legisladora nacional.

Os avanços na inovação tecnológica abrirão novos mercados, com inovações como o modelo de inteligência artificial (IA) DeepSeek, um dos temas quentes das "duas sessões" deste ano.

Com fabricantes de eletrônicos e eletrodomésticos se apressando para incorporar tecnologias de IA em seus produtos, a empresa global de pesquisa de mercado International Data Corporation prevê que os embarques no mercado chinês de terminais inteligentes crescerão 4% em 2025, enquanto os de computadores pessoais, tablets e smartphones com IA poderão aumentar 20% em relação ao ano passado.

Globalmente, os estímulos ao consumo na China fortalecerão a resiliência do fluxo econômico interno e impulsionarão a demanda na cadeia de suprimentos global, segundo Yang.

"Da energia renovável à IA, a expansão dos novos cenários de consumo na China criará novas oportunidades para a colaboração produtiva e a inovação tecnológica nas indústrias globais", disse ele.

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