Presidente dos EUA, Donald Trump (direita), cumprimenta presidente francês, Emmanuel Macron, em coletiva de imprensa conjunta na Casa Branca em Washington, D.C., Estados Unidos, no dia 24 de fevereiro de 2025. (Xinhua/Hu Yousong)
O presidente dos EUA, Donald Trump, se reuniu com seu homólogo francês Emmanuel Macron na Casa Branca na segunda-feira. Apesar da atmosfera aparentemente cordial, a reunião ressaltou uma divisão notável entre a Europa e os Estados Unidos sobre como alcançar uma resolução abrangente para o conflito na Ucrânia.
Por Xing Jianqiao
Paris/Washington, 25 fev (Xinhua) -- O presidente francês, Emmanuel Macron, após longas discussões com líderes europeus nos últimos dias, se encontrou com seu colega americano Donald Trump na Casa Branca na segunda-feira em uma tentativa de a voz da Europa sobre a crise na Ucrânia ser ouvida.
Apesar da atmosfera cordial, a reunião ressaltou uma divisão notável entre a Europa e os Estados Unidos sobre como alcançar uma resolução abrangente para o conflito na Ucrânia.
DIVISÃO NOTÁVEL
Trump e Macron concordaram na segunda-feira em ter paz duradoura entre a Ucrânia e a Rússia, mas Macron refutou publicamente a alegação de Trump de que a situação era "injusta" para os Estados Unidos em termos de como o país e seus aliados europeus forneceram ajuda à Ucrânia.
"Para fins de esclarecimento, a Europa está emprestando dinheiro para a Ucrânia. Eles vão receber o dinheiro de volta", disse Trump ao defender o esforço contínuo de Washington para pressionar a Ucrânia a assinar um acordo que daria aos Estados Unidos o direito de extrair minerais de terras raras do país como forma de recuperar a ajuda fornecida por Washington no conflito.
Agarrando o braço de Trump para interromper, Macron disse: "Não, na verdade, sendo sincero, nós pagamos. Pagamos 60% do esforço total". Ele continuou esclarecendo que a ajuda europeia à Ucrânia foi estruturada de forma semelhante à ajuda americana. "Era como os Estados Unidos: empréstimos, garantias, subsídios".
Ignorando a interjeição de Macron, Trump disse: "Se você acredita nisso, tudo bem. Eles recebem o dinheiro de volta, e nós não. Mas agora recebemos".
VISANDO A RIQUEZA MINERAL DA UCRÂNIA
Na segunda-feira, Trump disse que se encontraria com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, "nesta ou na próxima semana" na Casa Branca, e que um acordo final sobre "terras raras e vários outros tópicos" estava muito próximo.
Separadamente, o comissário europeu para a Estratégia Industrial, Stephane Sejourne, disse na segunda-feira que durante uma visita a Kiev, junto com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ele ofereceu às autoridades ucranianas um acordo mutuamente benéfico sobre minerais essenciais.
"Vinte e um dos 30 materiais essenciais que a Europa precisa podem ser fornecidos pela Ucrânia como parte de uma parceria mutuamente benéfica", disse Sejourne após reunião com autoridades ucranianas, informou a AFP.
"O valor agregado que a Europa oferece é que nunca exigiremos um acordo que não seja mutuamente benéfico", acrescentou ele.
Bandeiras da União Europeia (UE) e da Ucrânia na sede da UE em Bruxelas, Bélgica, no dia 24 de fevereiro de 2025. (Xinhua/Zhao Dingzhe)
PARCEIRA MAIS FORTE
Durante suas conversas com Trump em Washington, Macron disse que a Europa está pronta para virar uma parceira mais forte e fazer mais em termos de defesa.
"Como europeus, nos comprometemos a ser partes interessadas nessas garantias de segurança", disse Macron na coletiva de imprensa.
Para Macron, as tropas de manutenção da paz europeias podem ser uma das garantias para uma paz duradoura na Ucrânia.
"Queremos a paz rapidamente, mas não queremos um acordo fraco", disse ele, acrescentando que os europeus entendem que precisam fazer mais para fortalecer a segurança regional.
Para Trump, o custo e o fardo da segurança devem ser suportados pela Europa e não apenas pelos Estados Unidos.
Ele deixou claro que nenhuma tropa dos EUA entrará em solo ucraniano. No entanto, ele garantiu ao seu homólogo francês que o presidente russo Vladimir Putin aceitaria a presença de tropas europeias de manutenção da paz na Ucrânia.
Após quase três décadas de redução de gastos com defesa, a Europa vem intensificando sua própria defesa nos últimos anos.
De acordo com estatísticas publicadas pelo Conselho Europeu, entre 2021 e 2024, o gasto total com defesa dos estados-membros da União Europeia (UE) aumentou em mais de 30%. Em 2024, atingiu uma estimativa de 326 bilhões de euros (341,3 bilhões de dólares americanos), cerca de 1,9% do produto interno bruto (PIB) da UE. Espera-se que o gasto aumente em mais de outros 100 bilhões de euros (105 bilhões de dólares) em termos reais até 2027.
