Europa exige papel na conversa de paz na Ucrânia após ligação entre Trump e Putin-Xinhua

Europa exige papel na conversa de paz na Ucrânia após ligação entre Trump e Putin

2025-02-16 10:53:15丨portuguese.xinhuanet.com

Bandeiras da União Europeia fora do Edifício Berlaymont, sede da Comissão Europeia, em Bruxelas, Bélgica, no dia 29 de janeiro de 2025. (Xinhua/Meng Dingbo)

De acordo com o comunicado de imprensa da Casa Branca e do Kremlin, os dois líderes discutiram um cessar-fogo rápido na Ucrânia sem consultar a UE ou a Ucrânia. Em resposta, a UE exigiu oficialmente um assento na mesa de negociações.

Bruxelas, 13 fev (Xinhua) -- A União Europeia (UE) e vários líderes europeus insistiram em desempenhar um papel fundamental nas potenciais negociações de paz na Ucrânia, expressando preocupações sobre serem marginalizados após o presidente dos EUA, Donald Trump, e seu colega russo, Vladimir Putin, terem conversado por telefone na quarta-feira.

De acordo com o comunicado de imprensa da Casa Branca e do Kremlin, os dois líderes discutiram um cessar-fogo rápido na Ucrânia sem consultar a UE ou a Ucrânia. Em resposta, a UE exigiu oficialmente um assento na mesa de negociações.

"A segurança da Ucrânia é a segurança da Europa", disse Paula Pinho, porta-voz chefe da Comissão Europeia, durante coletiva de imprensa na quinta-feira. "Se houver uma discussão sobre a segurança da Ucrânia, a Europa está preocupada. Se houver uma discussão sobre a segurança da Europa, também envolve a Ucrânia", enfatizou ela.

A principal diplomata da UE, Kaja Kallas, reforçou essa posição, compartilhando uma declaração conjunta de uma reunião em Paris com seus colegas da França, da Alemanha, da Polônia, da Espanha e do Reino Unido. A declaração insistiu na participação da Ucrânia e da Europa em negociações relevantes, destacando a necessidade de uma paz que garanta os interesses europeus e ucranianos, ao mesmo tempo em que expressa a disposição de se envolver com os Estados Unidos.

O primeiro-ministro finlandês Petteri Orpo também destacou a necessidade do envolvimento da Europa em qualquer processo de paz na Ucrânia. "A Ucrânia não pode ser acordada sem a Ucrânia, e a segurança europeia não pode ser acordada sem a Europa", afirmou ele, pedindo uma posição europeia unificada e propondo uma Cúpula extraordinária da UE sobre o assunto.

Foto tirada no dia 6 de abril de 2022 mostra escultura e bandeiras na sede da OTAN em Bruxelas, Bélgica. (Xinhua/Zheng Huansong)

Após sua ligação com Putin, Trump ligou para o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, mas ao falar com a imprensa dos EUA, ele excluiu o retorno da Ucrânia às suas fronteiras pré-2014, a principal pré-condição de Kiev para as negociações com Moscou. Trump também expressou apoio à declaração do secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, em Bruxelas, de que a filiação da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) estaria fora de questão como parte de um acordo negociado para encerrar o conflito Rússia-Ucrânia.

A postura de Trump, um afastamento total da política de seu antecessor, foi percebida na Europa como uma concessão às custas da Ucrânia, gerando alarmes entre os líderes europeus.

"Uma paz ditada nunca encontrará nosso apoio", disse o chanceler alemão Olaf Scholz em declaração na quinta-feira, enfatizando que qualquer acordo de paz deve garantir a soberania da Ucrânia e perdurar ao longo do tempo. Ele destacou que a Alemanha e seus parceiros devem representar seus interesses com confiança e comprometimento nas próximas negociações.

O ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, criticou as concessões públicas do governo Trump antes mesmo do início das negociações, chamando-as de "lamentáveis" durante uma reunião de ministros da defesa da OTAN em Bruxelas.

Edifício danificado atingido por bombardeio recente é retratado em Donetsk, no dia 19 de dezembro de 2023. (Foto por Victor/Xinhua)

O presidente lituano Gitanas Nauseda, após telefonema com Zelensky na quinta-feira, destacou que as negociações de paz devem garantir a independência da Ucrânia, a integridade territorial e o direito de decidir seu próprio futuro. Ele pediu que a Europa participasse das negociações com "força" e pediu uma ação decisiva sobre o apoio militar à Ucrânia.

O presidente da Letônia Edgars Rinkevics concordou com as preocupações, afirmando no X: "As fronteiras não devem ser alteradas pela força. A Europa deve assumir total responsabilidade por sua segurança investindo em sua própria defesa. Ucrânia, EUA e UE devem trabalhar juntos para alcançar uma paz duradoura".

Enquanto os ministros das Relações Exteriores da Letônia e da Estônia também pediram mais investimentos na construção das capacidades de defesa da Europa e, ao mesmo tempo, no fortalecimento da OTAN e das relações transatlânticas, o primeiro-ministro eslovaco Robert Fico assumiu uma postura mais cética. Ele descreveu o impulso para o aumento do investimento militar como "loucura militar" e criticou a falta de uma política externa independente da UE.

A UE é a segunda perdedora depois da Ucrânia, afirmou ele, argumentando que a Europa deve "ficar sóbria rapidamente" e formular sua própria posição. Ele previu que Trump iria reverter o apoio dos EUA à Ucrânia, pressionar a Europa a comprar mais energia americana e exigir que os aliados da OTAN aumentassem os gastos com defesa para 5% do PIB.

Foto tirada no dia 15 de agosto de 2024 mostra tanque ucraniano destruído durante ataques russos em Toretsk. (Foto por Peter Druk/Xinhua)

Enquanto alguns líderes europeus expressaram alarme, outros cautelosamente acolheram a perspectiva de uma conversa de paz para acabar com o conflito no continente.

Milorad Dodik, presidente da Republika Srpska na Bósnia e Herzegovina, elogiou as discussões entre EUA e Rússia como um passo em direção à paz. "As conversas são o único meio" de acabar com o conflito, respeitando os interesses legítimos da Rússia e da Ucrânia, disse ele.

O primeiro-ministro croata Andrej Plenkovic, falando antes da 61ª Conferência de Segurança de Munique, enfatizou que qualquer paz não é suficiente.

"A solução é aquela que respeita os princípios fundamentais do direito internacional, que são a integridade territorial e a integridade da Ucrânia, porque todo precedente negativo terá suas repercussões, sem dilemas, mais tarde", destacou ele.

À medida que a Europa lida com a posição em evolução de Trump sobre a guerra, o debate sobre o papel do continente na formação da paz continua se intensificando.

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