Por Wu Hao, Zhu Yilin e Wang Yuyuan, correspondentes da Xinhua.
Beijing, 9 jan (Xinhua) -- Em 1974, os dois maiores países em desenvolvimento nos dois hemisférios - a China e o Brasil - estabeleceram relações diplomáticas, impactando as suas respectivas trajetórias de desenvolvimento agrícola.
O Brasil, com abundantes recursos naturais, clima favorável e vastas áreas agrícolas, é um dos maiores exportadores mundiais de produtos agrícolas. Por outro lado, a China, com uma grande população, apresenta alta procura alimentar, criando um alinhamento natural para a cooperação entre os dois países, explicou Zhou Zhiwei, diretor-executivo do centro de estudos brasileiros do Instituto da América Latina da Academia Chinesa de Ciências Sociais.
Segundo os dados oficiais do Brasil, nos últimos anos, a China se tornou o maior mercado importador de produtos agrícolas do Brasil. A taxa de crescimento do comércio agrícola China-Brasil excede a do comércio bilateral total entre os dois países. De 2013 a 2022, as exportações agrícolas do Brasil para a China aumentaram de US$ 22,88 bilhões para US$ 50,79 bilhões, um salto de 121,9% em dez anos.
Em 2023, o Brasil exportou para a China mais de 58 milhões de toneladas de soja, representando mais de 70% do total das importações chinesas desse grão. Além disso, o Brasil é uma fonte importante para as importações chinesas de carne bovina e de frango.
Por outro lado, os investimentos chineses no setor agrícola do Brasil vem crescendo nos últimos anos. Além das gigantes agrícolas, que normalmente se focam na construção de suas cadeias industriais globais no Brasil, as empresas de pequeno e médio porte da China também estão entrando no Brasil, com foco na produção, armazenamento, processamento e transporte de culturas como soja e milho, disse Zhou, acrescentando que o investimento chinês tem potencial para melhorar a cadeia industrial agrícola do Brasil ao desempenhar um papel mais ativo nos setores como processamento, logística e tecnologia agrícola.
O ano de 2024 marcou o 50º aniversário do estabelecimento dos laços diplomáticos entre os dois países. O ano também testemunhou a continuidade dos compromissos pelos dois governos para levar adiante a cooperação agrícola.
Olhando para o futuro, a cooperação agrícola entre os dois lados está cheia de oportunidades, observou Guo Jie, professora da Faculdade dos Estudos Internacionais da Universidade de Beijing.
"No futuro, a cooperação agrícola entre China e Brasil tem potencial para moldar um novo paradigma de colaboração em áreas como otimização da cadeia de suprimentos, ecossistemas de inovação, transformação digital da agricultura, governança agrícola global e desenvolvimento regional, aumentando a resiliência e a adaptabilidade da cooperação agrícola", disse Guo.
Além disso, os dois países mantêm relações estáveis, fornecendo uma base política necessária para explorarem o potencial da agricultura, observou Zhou.
Em junho de 2024, o vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, visitou a China e assinou memorandos de entendimento para a promoção do café brasileiro na Luckin Coffee, cadeia de café chinesa que planeja comprar cerca de 120 mil toneladas de grãos de café do Brasil em 2024 e 2025.
"Nós estamos aqui para olhar os próximos 50 anos", afirmou Alckmin, expressando sua expectativa de que os dois países façam crescer ainda mais a cooperação agrícola para gerar maiores resultados recíprocos.