Rio de Janeiro, 8 jan (Xinhua) -- O governo brasileiro expressou "preocupação" nesta terça-feira com a decisão da multinacional norte-americana Meta, dona das empresas de mídia social Instagram e Facebook, de fechar seus sistemas de checagem de dados.
"Tivemos um anúncio de uma grande organização global de comunicações dizendo que iria remover os seus controles sobre filtros de notícias falsas, aderindo à mentalidade de que a liberdade de expressão inclui calúnia, mentiras e difamação. Isto nos preocupa", disse o ministro da Fazenda brasileiro, Fernando Haddad.
Em declarações ao canal de notícias GloboNews, Haddad relacionou a circulação de notícias falsas e discursos de ódio nas redes sociais à tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023 perpetrada por seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022) que pediram ao Exército para derrubar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Vimos o que aconteceu com as notícias falsas nas eleições de 2018 e 2022 e vimos o que aconteceu depois das eleições de 2022 com os preparativos não só para um golpe no Brasil, mas para o assassinato de pessoas", disse Haddad em alusão à trama golpista investigada pela Polícia Federal que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros 35 militares e ex-funcionários.
Segundo Haddad, é importante proteger as instituições, a integridade das pessoas e as informações que são divulgadas para evitar o pânico e "evitar que pessoas desesperadas adotem ideologias extremistas que correm o risco de perder as liberdades individuais".
Além de Haddad, a decisão da empresa do magnata americano Mark Zuckerberg foi criticada pelo secretário de Políticas Digitais do Brasil, João Brant, que afirmou que a atitude da Meta não protegerá direitos individuais e coletivos, além de apontar que a empresa não respeita a soberania dos países sobre os seus ambientes digitais.
Para ele, as mudanças mostram um claro alinhamento com as políticas do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e um "convite ao ativismo de extrema direita".
"O anúncio feito nesta segunda-feira por Mark Zuckerberg antecipa o início da administração Trump e explica a aliança da Meta com o governo dos EUA para enfrentar a União Europeia, o Brasil e outros países que buscam proteger os direitos no ambiente digital", disse Brant.
