Quatro anos depois, a agitação política dos EUA persiste à sombra do motim no Capitólio-Xinhua

Quatro anos depois, a agitação política dos EUA persiste à sombra do motim no Capitólio

2025-01-08 12:57:28丨portuguese.xinhuanet.com

* Enquanto os Estados Unidos chegam ao quarto aniversário do motim de 6 de janeiro no Capitólio, seu cenário político ainda está profundamente dividido, e a violência política continua sendo uma doença crônica da sociedade.

* Embora Trump tenha garantido uma vitória esmagadora no Colégio Eleitoral na eleições de 2024, sua estreita margem de votos populares revelou um descontentamento generalizado com suas políticas entre uma parcela considerável do eleitorado.

* Observadores sugerem que Trump pode reverter várias das políticas do governo Biden, com a expectativa de que persistam as disputas políticas sobre questões importantes como imigração, inflação e conflitos internacionais.

Washington, 6 jan (Xinhua) -- Enquanto os Estados Unidos chegam ao quarto aniversário do motim de 6 de janeiro no Capitólio, seu cenário político ainda está profundamente dividido, e a violência política continua sendo uma doença crônica da sociedade.

Nas disputadíssimas eleições presidenciais de 2024 nos EUA, as consequências do motim continuaram a alimentar a turbulência política no país, aprofundando a já intensa divisão entre democratas e republicanos.

CONTROVÉRSIA FUNDAMENTAL

O motim no Capitólio em 2021 foi uma questão fundamental nas eleições presidenciais de 2024, com os democratas acusando o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, de incitar o motim e tentar anular os resultados das eleições de 2020.

Foto tirada em 28 de maio de 2021 mostra o edifício do Capitólio dos EUA atrás de um sinal de trânsito em Washington, D.C., nos Estados Unidos. (Xinhua/Liu Jie)

Em um discurso pouco antes da eleição de 5 de novembro, a candidata democrata à presidência Kamala Harris disse que Trump enviou uma "multidão armada" ao Capitólio dos EUA em uma tentativa de anular sua derrota nas eleições de 2020, alertando sobre os perigos de outra presidência de Trump.

Enquanto isso, a maioria dos republicanos continua apoiando Trump, ecoando suas alegações de fraude eleitoral generalizada na eleição de 2020.

Trump, por sua vez, negou repetidamente qualquer irregularidade, descrevendo o tumulto como um protesto amplamente pacífico de "patriotas" que estavam simplesmente "irritados" com a eleição "roubada".

Como a opinião pública ficou mais dividida e a polarização política se aprofundou, os incidentes de violência política aumentaram.

Nos últimos meses que antecederam as eleições, o escritório de campanha de Harris no Arizona foi alvejado e vandalizado, e Trump sobreviveu a duas tentativas de assassinato, sendo a primeira a mais séria tentativa de assassinato de um presidente ou candidato presidencial desde que Ronald Reagan foi alvejado em 1981.

Seis em cada 10 eleitores disseram estar muito ou um pouco preocupados com a possibilidade de que "outro evento como o que aconteceu em 6 de janeiro aconteça novamente após as eleições presidenciais de 2024", de acordo com uma pesquisa do POLITICO-Morning Consult divulgada em novembro.

POSSÍVEL PERDÃO

Em uma entrevista à NBC News no final de dezembro, Trump prometeu perdoar seus partidários logo no primeiro dia de seu mandato, dizendo que "pode haver algumas exceções" para seus perdões.

Apoiadores de Donald Trump se reúnem perto do edifício do Capitólio dos EUA em Washington, D.C., Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021. (Xinhua/Liu Jie)

"Muito provavelmente, farei isso muito rapidamente", disse ele. "Essas pessoas sofreram muito e por muito tempo."

Mais de 1.500 pessoas foram acusadas no motim do Capitólio. Até o momento, cerca de 1.100 pessoas foram condenadas e mais de 600 desordeiros foram sentenciados à prisão, o que faz dessa uma das maiores investigações criminais da história americana.

A deputada republicana Marjorie Taylor Greene disse que conversou longamente com Trump e está fazendo lobby para que ele perdoe todos os que participaram do cerco, informou o jornal The Los Angeles Times.

"Poucos republicanos estão indo tão longe, mas muitos acreditam que é apropriado que Trump analise os perdões caso a caso", disse a reportagem.

Jim Jordan, representante republicano e principal aliado de Trump que lidera o Comitê Judiciário da Câmara, disse que apoia perdões para "pessoas que não cometeram nenhuma violência", enquanto o veterano representante republicano Gus Bilirakis advertiu que "é preciso analisar cada caso individualmente".

Alguns republicanos expressaram suas reservas.

"As pessoas que atacaram policiais, ouçam, não acho que isso seja algo que devemos tolerar", disse o representante da Dakota do Sul, Dusty Johnson.

O juiz distrital dos EUA Carl Nichols, nomeado para o cargo por Trump em junho de 2019, criticou recentemente que seria "muito frustrante e decepcionante" se o presidente eleito emitisse perdões em massa para os desordeiros.

Os democratas da Câmara, que lideraram o esforço de impeachment contra Trump por causa do motim no Capitólio e conduziram uma investigação abrangente sobre o ataque, alertaram que a concessão de perdões poderia ter implicações significativas, tanto para o estado de direito quanto para a segurança do país.

MAIS TUMULTO

Embora Trump tenha garantido uma vitória esmagadora no Colégio Eleitoral na eleição de 2024, sua estreita margem de votos populares revelou um descontentamento generalizado com suas políticas entre uma parcela considerável do eleitorado.

Donald Trump (2º, d) participa da cerimônia de abertura da Bolsa de Valores de Nova York em Nova York, Estados Unidos, em 12 de dezembro de 2024. (Grupo da NYSE/Divulgação via Xinhua)

Após sua vitória, uma pesquisa do Centro de Pesquisa Pew revelou que cerca de 53% dos adultos dos EUA aprovam os planos de Trump, enquanto 46% desaprovam.

Após "uma disputa presidencial divisiva", a pesquisa também descobriu que 41% dos americanos confiam em Trump para unir o país, enquanto 59% expressam pouca ou nenhuma confiança em sua capacidade de fazer isso.

Os observadores sugerem que Trump pode reverter várias das políticas do governo Biden, com a expectativa de que persistam as disputas políticas sobre questões importantes como imigração, inflação e conflitos internacionais.

A proposta de Trump de deportação em massa, por exemplo, pode enfrentar desafios significativos e causar transtornos consideráveis.

"Essa é uma política que certamente resultará em identificações equivocadas, tentativas de deportar cidadãos, violência por toda parte e também esforços de autoridades eleitas em estados e cidades azuis para impedir que suas forças policiais, unidades da Guarda Nacional etc. sejam usadas para isso", disse à Xinhua Christopher Galdieri, professor de ciências políticas do Saint Anselm College, no estado de New Hampshire, no nordeste dos EUA.

Fazendo coro com Galdieri, Greg Cusack, ex-membro da Câmara dos Deputados de Iowa, disse à Xinhua que está preocupado com a situação atual do país e com a possibilidade de mais violência. (Repórteres de vídeo: Xiong Maoling, Hu Yousong; editores de vídeo: Wu Yao, Zhu Cong, Li Qin)

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