Destaque: Casa chinesa reconstruída na Virgínia Ocidental une dois mundos-Xinhua

Destaque: Casa chinesa reconstruída na Virgínia Ocidental une dois mundos

2024-12-26 10:31:46丨portuguese.xinhuanet.com

Foto sem data mostra John Flower (esquerda, atrás) liderando estudantes na reconstrução de uma estrutura de madeira conhecida como Casa Popular Chinesa em Harpers Ferry, Virgínia Ocidental, Estados Unidos. (Xinhua)

Nota da edição: A esperança para o relacionamento China-EUA está nas pessoas, com conexões de base como alicerce. Embora os dois países tenham vivido altos e baixos em seus laços bilaterais, é a amizade duradoura entre seus povos que tem consistentemente adicionado entusiasmo e impulso a esse relacionamento. Como 1º de janeiro marca o 46º aniversário da normalização das relações China-EUA, a Xinhua está divulgando várias histórias que destaca americanos que adoram a cultura chinesa e trabalham ativamente para superar as diferenças entre as duas nações.

Beijing, 23 dez (Xinhua) – "Quase o paraíso, Virgínia Ocidental..." décadas depois que a canção icônica de John Denver apresentou a beleza dos Apalaches ao público chinês, um educador americano trouxe uma casa tradicional chinesa para Harpers Ferry, oferecendo aos moradores uma prévia das paisagens encantadoras do sudoeste da China.

Essa casa de madeira de dois andares, adornada com designs étnicos diferenciados, entalhes intrincados e padrões ornamentados, já foi uma casa rural na província de Yunnan, no sudoeste da China. Agora, fica em meio às florestas de Harpers Ferry, na Virgínia Ocidental.

"Uma casa é como um livro em que você pode entrar. É como um texto da vida cotidiana que você pode viver", disse John Flower, que mudou a casa da China para os Estados Unidos. "Quero usá-la para contar histórias e mostrar às pessoas que a China é um lugar incrível".

Refletindo sobre a jornada de descoberta, desmontagem, transporte e reconstrução da casa, ele destacou os esforços colaborativos de pessoas de ambos os países que transformaram sua "ideia maluca" em realidade.

IDEIA MALUCA

Flower usou a palavra chinesa "yuan fen" (laço cármico) para descrever a primeira vez que viu a casa.

Aconteceu anos atrás, quando Flower, trabalhando como professor de história e diretor do programa de Estudos Chineses na Escola Sidwell Friends, levou um grupo de estudantes para a Prefeitura Autônoma Tibetana de Diqing, em Yunnan, como parte de um programa de estudos.

Eles chegaram a Cizhong, uma vila ao longo das margens do Rio Lancang, onde conheceram o morador Zhang Jianhua, que os convidou receptivamente para tomar chá em sua casa.

A vila tinha fornecimento de energia, mas não era confiável durante o mau tempo. O governo local planejava construir uma usina elétrica no rio, e uma nova barragem faria com que o rio inundasse grandes áreas de terra, incluindo a área onde ficava a casa de Zhang.

"Eu disse a ele: sua casa é linda, é uma pena que ela vá ser inundada. Eu queria poder levá-la para casa comigo", lembrou Flower, observando que Zhang prontamente concordou com a "ideia maluca".

A estrutura, construída em 1989, não parecia diferente das outras casas da vila. No entanto, Flower sentiu que era exatamente o que ele queria, uma moradia comum que mostrasse aos americanos uma prévia autêntica de como é a vida chinesa.

"As casas são ótimas maneiras de aprender sobre a cultura e a história das pessoas, e a vida delas está marcada em suas casas", disse ele.

No verão de 2017, Flower chegou a Cizhong com um colega, dois estudantes e um fabricante de violões. Juntos, eles examinaram meticulosamente a casa, do pico do telhado até a fundação, mapeando-a e criando um modelo 3D.

Após semanas de preparação, Flower e sua equipe, acompanhados por um grupo de carpinteiros locais da etnia Bai, desmontaram cuidadosamente cada peça da casa. Com ajuda de seus amigos chineses, Flower conseguiu as permissões necessárias para exportar os componentes da casa para fora da China.

Embalada em um contêiner de transporte junto com móveis tradicionais, a estrutura embarcou em uma longa jornada para os Estados Unidos.

O projeto de reconstrução começou em 2019, com voluntários da Associação de Construtores de Madeira da Virgínia Ocidental contribuindo para reconstruir a estrutura.

"Eles se voluntariaram por duas semanas, mas me agradeceram o tempo todo por trazer a eles um projeto tão legal", disse Flower.

Assim que a estrutura foi colocada no lugar, os estudantes de Flower entraram em ação. "A maior parte do trabalho, sinceramente, foi feita por esses jovens", disse ele. "É ótimo para eles fazerem algo manualmente e fazerem parte de algo maior".

"Ao todo, cerca de 22.000 horas de trabalho voluntário foram investidas na casa", disse Flower.

PONTE DE AMIZADE

Agora conhecida como Casa Popular Chinesa, a casa serve como museu e local para intercâmbio cultural, educação e música, reunindo os estudantes de Flower, moradores locais e a comunidade sino-americana.

A casa é uma ferramenta de ensino eficaz e uma ponte de amizade. "Sem ela, eu só conseguiria levar poucos estudantes para a China, mas agora, posso trazer centenas de estudantes para ver uma parte da China que veio para os Estados Unidos", disse Flower.

Segundo ele, alguns visitantes do interior ficaram surpresos ao descobrir muitas semelhanças entre eles e os chineses rurais em termos de tradições de construção de casas e modos de vida, criando uma conexão entre as comunidades locais em ambos os países.

"A casa traz para os americanos uma experiência mais tangível da China", disse Flower. "Quando você pensa em algo de forma abstrata, é fácil ter conotações negativas, mas quando você vê algo real e confiável, terá uma compreensão mais sutil".

A paixão pela casa é compartilhada em ambos os lados do Pacífico. No ano passado, Flower recebeu mais de 14.000 telhas doadas pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Kunming em Yunnan para ajudar a concluir a construção.

Wu Zhihong, reitor da escola de arquitetura da universidade, disse: "A reconstrução de um edifício chinês não foi tarefa fácil para Flower e seus estudantes, que têm uma cultura tão diferente".

"Ao dar as telhas, queremos mostrar nossa apreciação pelo o que Flower fez na promoção do intercâmbio cultural", disse Wu. "As relações China-EUA estão tensas há algum tempo, mas as trocas interpessoais têm potencial para dissipar mal-entendidos gradualmente".

Zhang Jianhua, antigo dono da casa, agora mora em uma casa maior com melhor acesso a água e eletricidade.

"Estou orgulhoso de que minha antiga casa está sendo apreciada internacionalmente", disse ele. "Espero que ela mostre a cultura e história chinesas a cada vez mais americanos".

AMOR QUE CRESCE

Flower conheceu a cultura chinesa quando era estudante universitário se formando em filosofia no final dos anos 1970. "Minha introdução à língua chinesa foi lendo Os Analectos de Confúcio", disse ele.

Foi também a era da normalização das relações China-EUA, o que abriu oportunidades para visitas mútuas.

Flower visitou a China pela primeira vez em 1991 e depois passou vários anos morando no interior da província de Sichuan, no sudoeste, com sua esposa. Durante esse tempo, seu entendimento da cultura chinesa aumentou, e ele passou a ter muito interesse em conhecer a China rural.

"O que mais aprecio na cultura chinesa é o vínculo estreito entre as pessoas, que desempenha um grande papel na sociedade chinesa, especialmente nas áreas rurais", disse ele.

Em 2007, ele renunciou ao cargo de professor universitário de história do Leste Asiático e começou a ensinar na Sidwell Friends, onde apresentou aos estudantes do ensino médio a riqueza da cultura chinesa.

Na última década, Flower levou seus estudantes para a zona rural de Yunnan para projetos de aprendizagem na prática.

"Yunnan tem a combinação perfeita de biodiversidade, diversidade cultural e práticas tradicionais que ainda fazem parte da vida cotidiana", disse ele.

Comparando Yunnan com West Virginia, Flower disse que os dois lugares compartilham "muitos valores e costumes comuns".

Um dos motivos pelos quais Flower escolheu West Virginia como local para a casa popular é que, do Himalaia e do Rio Lancang às Montanhas Blue Ridge e ao Rio Shenandoah, dois lugares muito distantes, há muitas semelhanças marcantes, explicou ele.

"Ambos são lugares muito lindos. Quase paraísos".

Foto sem data mostra estrutura de madeira conhecida como Casa Popular Chinesa em Harpers Ferry, West Virginia, Estados Unidos. (Xinhua)

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