Rio de Janeiro, 6 nov (Xinhua) -- Os países emergentes, incluindo Brasil, China, Índia e África do Sul, têm potencial para liderar a redução das emissões de gases de efeito estufa no setor de transportes através do uso de biocombustíveis, de acordo com um estudo conduzido por pesquisadores brasileiros para a Agência Internacional de Energia (AIE), divulgado nesta terça-feira, em São Paulo.
O relatório projeta que a adoção de biocombustíveis em 11 países emergentes poderia evitar a emissão de 300 a 400 milhões de toneladas de CO2 (dióxido de carbono) até 2030, o que representa quase metade da meta da AIE, que visa reduzir em 800 milhões de toneladas de emissões globais do setor dos transportes nos próximos seis anos.
O estudo foi realizado pelo grupo de trabalho de bioenergia da AIE, sob a direção de pesquisadores financiados pela Fundação Estadual de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), do Brasil, segundo comunicado da entidade divulgado à imprensa.
"É possível que esses países emergentes reduzam a pegada de carbono dos seus setores de transportes em até 84%, substituindo os combustíveis fósseis por combustíveis renováveis, como o etanol e o biodiesel, com pouco uso da terra", afirmou Glaucia Mendes Souza, coordenadora da equipe de trabalho e principal autora do estudo.
Em sua análise, os pesquisadores consideram a experiência em biocombustíveis de quatro países latino-americanos: Brasil, Argentina, Colômbia e Guatemala, que, liderados pelo Brasil, representam 30% da produção global de biocombustíveis e contribuem para a redução de 62 milhões de toneladas de emissões equivalentes de CO2 a cada ano.
O estudo sustenta que existe potencial para crescimento na utilização de biocombustíveis sem competir pela utilização de terras para produção de alimentos ou expansão para áreas florestais.
Os pesquisadores identificaram outros países emergentes, como China, Etiópia, Índia, Indonésia, Malásia, África do Sul e Tailândia, que também possuem terras disponíveis para replicar o modelo de produção de bioenergia implementado na América Latina.
A equipe científica projeta que a produção de biocombustíveis nestes países poderia reduzir significativamente as emissões de CO2 com uma utilização mínima do solo.
Segundo Bharadwaj Kummamuru, diretor executivo da Associação Mundial de Bioenergia (WBA), a produção global de biocombustíveis ronda atualmente os 160 bilhões de litros, o que representa aproximadamente 4% por cento da demanda total do setor dos transportes.
"As projeções indicam que o volume terá que triplicar nos próximos cinco a sete anos. Para conseguir isso, os países emergentes, especialmente no Sul Global, devem desempenhar um papel crucial", avaliou.