* As regiões centrais da China, que incluem a província de Jiangxi, lar da “Capital da Porcelana”, juntamente com Henan, Hubei, Hunan, Anhui e Shanxi, têm buscado ativamente estratégias de crescimento para superar desafios que vêm com suas localizações no interior.

* Localizadas perto de grandes centros econômicos como o Delta do Rio Yangtze e a Grande Área da Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau, as regiões desenvolveram um sistema industrial moderno centrado na manufatura avançada, apoiado por um grande mercado consumidor, recursos educacionais e de mão de obra abundantes e extensas redes de transporte.

* A China se destaca em alavancar estratégias nacionais para lidar com os desafios enfrentados por suas regiões centrais, definindo metas estratégicas e planos de desenvolvimento claros e implementando políticas fortes e coordenadas que impulsionam a colaboração inter-regional.

Nanchang, 10 out (Xinhua) -- No centro da antiga “Capital da Porcelana” da China, o paquistanês Hassan Ahmad, 25 anos, faz uma transmissão ao vivo, mostrando pratos de cerâmica intrincados. Além de vendedor, ele se vê como um embaixador cultural, apresentando o artesanato atemporal de Jingdezhen para públicos globais.

Por meio de plataformas como o TikTok, esta cidade do interior, antes tranquila, está recuperando seu lugar como uma criadora de tendências globais em cerâmica, com mais de 2.000 comerciantes locais agora exportando para 65 países e regiões.

Hassan Ahmad, um paquistanês de 25 anos, mostra produto de cerâmica em transmissão ao vivo em Jingdezhen, província de Jiangxi, leste da China, no dia 16 de março de 2024. (Xinhua)

As regiões centrais da China, que incluem a província de Jiangxi, lar da “Capital da Porcelana”, juntamente com Henan, Hubei, Hunan, Anhui e Shanxi, têm buscado ativamente estratégias de crescimento para superar desafios que vêm com suas localizações no interior.

NÚCLEOS INDUSTRIAIS PROMOVEM NOVO CRESCIMENTO

No Condado de De'an, província de Jiangxi, o Jiangxi EYan Textile Group da cidade de Foshan, sul da China, montou uma fábrica inteligente alimentada pela tecnologia 5G, liderando a transformação digital da indústria têxtil.

A instalação de 3.500 metros quadrados possui um armazém quase totalmente automatizado, onde rolos de tecido são armazenados e recuperados automaticamente 24 horas por dia por meio de uma vasta gama de prateleiras.

Liu Zhuhui, que trabalha com a empresa, disse que agora eles colaboram com o Instituto de Pesquisa da Indústria Têxtil e de Vestuário de Jiangxi para criar uma fábrica modelo com conectividade 5G completa.

Localizada perto de grandes centros econômicos como o Delta do Rio Yangtze e a Grande Área da Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau, a região central da China abriga mais de 700 universidades e 82.500 empresas de alta tecnologia, fornecendo uma riqueza de recursos para inovação tecnológica.

Foto tirada em 20 de novembro de 2023 mostra exposição com 5G e Internet industrial em Wuhan, província de Hubei, no centro da China. (Xinhua/Wu Zhizun)

De acordo com Peng Diyun, professor de gestão econômica na Universidade de Nanchang, a região desenvolveu um sistema industrial moderno centrado na manufatura avançada, apoiado por um grande mercado consumidor, recursos educacionais e de mão de obra abundantes e extensas redes de transporte.

Nos últimos anos, Peng disse que as seis províncias centrais absorveram transferências industriais de regiões costeiras e implementaram políticas para incentivar as empresas a se transformarem e ficarem atualizadas.

Henan, por exemplo, está priorizando a inovação com planos para desenvolver grandes cadeias industriais e núcleos de manufatura avançada. Hubei está avançando com a nova industrialização, enquanto Hunan está atualizando indústrias tradicionais e fomentando novas, como a tecnologia digital.

Indústrias verdes, como veículos de nova energia e baterias de lítio, estão impulsionando o crescimento de alta qualidade das regiões centrais.

Foto tirada em 21 de março de 2024 mostra linha de produção da BYD, principal fabricante de veículos de nova energia (NEV) da China, em Changsha, província de Hunan, no centro da China. (Xinhua/Chen Sihan)

No primeiro semestre do ano, a taxa de crescimento da produção de veículos de nova energia em Henan, Anhui, Hubei e Jiangxi ultrapassou 50%, enquanto as exportações de veículos de nova energia de Hunan aumentaram 147,6%. Shanxi, uma grande produtora de carvão, vem mudando para mineração verde e novas energias desde 2019. Seus setores de energia fotovoltaica e eólica geraram 20 bilhões de yuans (cerca de 2,83 bilhões de dólares americanos) em receita em 2023, com as taxas de crescimento anual de ambos os setores excedendo 40%.

ESTRATÉGIAS EFICAZES PARA DESAFIOS DE CRESCIMENTO DAS REGIÕES CENTRAIS

Em meio ao barulho dos trens de carga na província de Henan, uma mudança silenciosa acontece. Os trens de carga China-Europa de Zhengzhou, a capital provincial, aumentaram, ultrapassando 1.000 nos primeiros sete meses, um aumento de 20% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Li Qiang, do escritório de Zhengzhou da China State Railway Group Co., Ltd., observou que o serviço já ultrapassou 10.000 operações de trem. Essa rede expansiva cobre mais da metade das regiões de nível provincial da China.

Trem de carga China-Europa é fotografado na Estação Putian em Zhengzhou, capital da província de Henan, no centro da China, no dia 18 de julho de 2023. (Xinhua/Li Jianan)

No entanto, não se trata apenas de números; esses trens, apelidados de “camelos de aço”, estão tecendo conexões pela Eurásia, transformando a China central de um centro interior tradicional em um ator fundamental no comércio global.

As regiões centrais da China não estão sozinhas nos esforços para superar os desafios de estar no interior. Globalmente, muitos países enfrentam dificuldades semelhantes em suas regiões interiores.

Por exemplo, os Estados Unidos concentraram populações e indústrias em suas costas, deixando as regiões centrais comparativamente subdesenvolvidas. Da mesma forma, áreas centrais em países como França, Brasil e Rússia geralmente dependem da agricultura tradicional e da extração de recursos, resultando em um crescimento econômico relativamente mais lento.

Qin Zunwen, vice-presidente da Sociedade Chinesa de Economia Urbana, explicou que a estratégia de ascensão das regiões centrais da China, implementada nos últimos 20 anos, aprendeu lições com países ocidentais como os Estados Unidos e a Alemanha. Em particular, ela buscou maneiras de melhorar a infraestrutura, como ferrovias e canais, para conectar áreas centrais e costeiras, reduzindo os custos de transporte e promovendo o desenvolvimento da indústria. No entanto, a abordagem da China para resolver os desafios de crescimento também tem suas próprias características únicas.

A China enfatizou o desenvolvimento regional equilibrado, alavancando as vantagens das regiões centrais, como menores custos de terra e mão de obra, e orientando a transferência ordenada de indústrias costeiras para o interior por meio da implementação de políticas e decisões orientadas pelo mercado. Isso ajudou a China central a estabelecer cadeias industriais abrangentes e atrair fluxos populacionais, acrescentou Qin.

Foto tirada em 16 de maio de 2024 mostra drone de empresa de alta tecnologia em Hefei, província de Anhui, no centro da China. (Foto por Guo Ruqi/Xinhua)

A transferência industrial e a transformação orientada pela inovação estão progredindo juntas. Peng observou que a China adotou a inovação para orientar as regiões centrais a aproveitar sua vantagem de retardatária para cultivar indústrias emergentes. Essa “ascensão verde”, envolvendo estratégia, gestão, indústria e urbanização, é essencial para superar os desafios regionais em todo o mundo.

Em 2023, as regiões centrais da China produziram 202,97 milhões de toneladas de grãos, respondendo por 29,2% do total nacional. O valor agregado da manufatura das regiões atingiu 6,8 trilhões de yuans, cerca de um quinto do total nacional, com um produto regional bruto se aproximando de 27 trilhões de yuans, representando mais de um quinto da economia do país.

“A China se destaca em alavancar estratégias nacionais para enfrentar os desafios de suas regiões centrais, definindo metas estratégicas e planos de desenvolvimento claros e implementando políticas fortes e coordenadas que impulsionam a colaboração inter-regional. Isso permite que as regiões centrais usem totalmente suas vantagens comparativas dentro da estrutura de desenvolvimento nacional mais ampla”, disse Qin.

(Repórteres de vídeo: Yang Jinxin e Peng Jing; Edição de vídeo: Zhang Qiru e Zhu Cong; Qin Yuru também contribuiu para a matéria.)