Rio de Janeiro, 4 out (Xinhua) -- O Brasil tem potencial para se tornar o principal produtor mundial de combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês), concordaram autoridades e especialistas durante a reunião Trilha de Energia Limpa do G20 que acontece em Foz do Iguaçu, sul do Paraná.

Um comunicado divulgado nesta terça-feira pela hidrelétrica binacional brasileiro-paraguaia Itaipu, organizadora do evento, indicou que o Brasil tem potencial para produzir combustível SAF em larga escala.

"A tendência é que o progresso seja muito rápido e em breve poderemos ter esse combustível sustentável com produção em escala", disse Enio Verri, diretor-geral brasileiro de Itaipu, a segunda maior hidrelétrica do mundo depois da chinesa Três Gargantas.

A participação do Brasil no mercado de combustíveis de aviação de baixo carbono foi discutida durante painéis que fazem parte da Reunião de Ministros de Energia do G20, que prepara documento para apresentar antes da cúpula presidencial do fórum, nos dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro.

Para Erasmo Battistella, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Biodiesel (Aprobio), "o Brasil pode se tornar a Arábia Saudita da SAF".

Battistella citou a experiência brasileira no desenvolvimento de biocombustíveis, do álcool combustível (etanol) desenvolvido a partir da cana-de-açúcar na década de 1970 e do biodiesel surgido há 25 anos.

Segundo o comunicado, "o programa Combustível do Futuro, cuja lei deverá ser promulgada pelo Governo Federal na próxima quinta-feira, deverá ser um novo marco na descarbonização da economia".

A nova lei estabelece que, a partir de 2027, os operadores aéreos serão obrigados a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa nos voos domésticos através da utilização de SAF.

As metas começam com uma redução de 1% e aumentam gradualmente até atingir 10% em 2037.

Um dos principais desafios do setor de aviação é reduzir os impactos ambientais dos voos. A promessa é zerar as emissões globais de carbono até 2050. Para isso, o uso de combustível sustentável é considerado fundamental.

A Itaipu Binacional abriga a primeira planta de produção de SAF do Brasil, inaugurada em junho passado, resultado de uma aliança entre a Itaipu e o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás) e a Cooperação Brasil-Alemanha.

Com investimento de 1,8 milhão de euros do governo alemão, a planta instalada em Itaipu tem como objetivo produzir 6 quilos por dia de bio-syncrude, mistura de hidrocarbonetos criada a partir de biogás e hidrogênio verde, destinada à produção de SAF.

Para a diretora de Estudos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Heloísa Borges Esteves, o SAF é a nova fronteira dos biocombustíveis.