Moradores coletam água na Aldeia de Tenefoul Toucouleur, Diourbel, Senegal, 20 de março de 2023. (Xinhua/Han Xu)

A implementação do projeto de perfuração de poços no Zimbábue "incorpora os princípios do presidente Xi de sinceridade, resultados reais, amizade e boa fé para a política da China para a África", disse o economista zimbabuano Paul Musodza.

Por Xu Ruiqing

Nairóbi, 29 ago (Xinhua) -- Do Senegal, a "porta de entrada para a África Ocidental", ao Quênia, na savana da África Oriental, e da Tanzânia, famosa por seu sisal e cravo-da-índia, a Ruanda, a "terra das mil colinas", milhares de poços perfurados pela China estão fornecendo água potável para milhões de pessoas e irrigando extensas terras agrícolas, nutrindo o continente esperançoso.

Na Cúpula de Joanesburgo do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC, na sigla em inglês), em dezembro de 2015, o presidente chinês Xi Jinping anunciou 10 grandes planos para impulsionar a cooperação China-África. Durante anos, a China implementou o projeto de perfuração de poços rurais em países africanos, uma iniciativa fundamental nesse esforço de colaboração.

Os poços, apelidados de "poços da felicidade" pelas comunidades locais, transformaram a vida cotidiana dos habitantes locais, apoiaram a produção agrícola e revigoraram o povo africano na busca pela prosperidade. Eles são um testemunho vívido da cooperação prática e dos esforços de desenvolvimento compartilhado entre a China e a África.

Mamadou Dieng é fotografado dentro da sala de monitoramento de um projeto de poço na Aldeia de Tenefoul Toucouleur, Diourbel, Senegal, em 20 de março de 2023. (Xinhua/Han Xu)

MELHORANDO A QUALIDADE DE VIDA

"Ao ter passado pelas boas e más juntos, a China, o Senegal e a vasta maioria dos países africanos estão ligados por uma experiência histórica semelhante, as mesmas tarefas de desenvolvimento e a aspiração compartilhada por uma vida melhor", disse Xi em um artigo assinado antes de sua visita de Estado ao Senegal em julho de 2018, destacando o profundo vínculo entre a China e a África.

No artigo, Xi mencionou especificamente que o projeto de abastecimento de água em zonas rurais financiado pela China "beneficiaria um sétimo da população do Senegal".

Em março de 2017, o projeto de perfuração de poços rurais foi lançado no Senegal, abrangendo 12 das 14 regiões do país. Cada sistema de abastecimento de água inclui poços, torres de água, tubulações de distribuição e instalações de abastecimento, com uma capacidade máxima diária de abastecimento de água de 80.000 metros cúbicos. O projeto também gerou mais de 3.000 empregos locais.

Mamadou Dieng, um senegalês de 41 anos, disse que as tubulações de água agora chegam a quase todas as casas da aldeia. "Isso era inimaginável no passado", disse ele.

Localizado na África Ocidental, o Senegal é adjacente ao Deserto do Saara, com a maior parte de suas regiões central e leste sendo áreas semidesérticas, onde as temperaturas durante a estação seca podem chegar a 45 graus Celsius. Como em muitas áreas remotas, a aldeia de Dieng, Tenefoul Toucouleur, na região de Diourbel, há muito tempo enfrentava grave escassez de água.

"No passado, tínhamos que caminhar 1,5 km todos os dias para buscar água em um poço de 25 metros de profundidade na aldeia vizinha, às vezes fazendo fila do amanhecer à meia-noite", disse Dieng.

Quando a equipe chinesa de perfuração de poços chegou a Tenefoul Toucouleur em 2018, Dieng se juntou à equipe como perfurador de poço. Depois que o poço foi concluído, Dieng foi contratado como coordenador responsável pela manutenção do poço. Agora ele inspeciona o equipamento na sala de máquinas todas as manhãs e sobe a torre de água de quase 20 metros de altura para limpar o reservatório regularmente.

"Esse 'poço da felicidade' nos forneceu água limpa e melhorou nossas vidas", disse Dieng. De perfurador de poço a guardião de poço, Dieng testemunhou as enormes mudanças que o poço financiado pela China trouxe para toda a aldeia.

Ele disse esperar que "a amizade entre a China e o Senegal dure para sempre" e que a cooperação China-África "crie um futuro bonito e feliz para (nossos) filhos".

Abdoulaye Ba, secretário-geral da Associação de Imprensa Estrangeira no Senegal, disse: "Visitei pessoalmente as aldeias e vi como os poços financiados pela China melhoraram muito o abastecimento de água local e realmente melhoraram a vida dos moradores, fazendo uma contribuição significativa para a subsistência do Senegal".

O embaixador chinês no Zimbábue, Zhou Ding, posa para fotos com autoridades do Zimbábue na cerimônia de lançamento de um projeto de perfuração de poços auxiliado pela China em Mahusekwa, uma cidade na Província de Mashonaland East, no Zimbábue, em 22 de julho de 2024. (Foto por Tafara Mugwara/Xinhua)

IRRIGANDO TERRA PARA PROSPERIDADE

Em 22 de julho, em Mahusekwa, uma cidade na Província de Mashonaland Oriental, no Zimbábue, o rugido das máquinas foi recebido com aplausos dos moradores, enquanto a água subterrânea jorrava de baixo. Isso marcou a perfuração do primeiro poço como parte do projeto da China de construir 300 poços no Zimbábue.

"Estamos muito felizes porque agora temos acesso a água limpa e segura", disse Titha Chainga, um morador local que testemunhou a perfuração, acrescentando que o poço também fornece uma fonte de água valiosa para a irrigação de terras agrícolas.

Afetados pelo fenômeno El Niño, os países do sul da África estão mais uma vez enfrentando uma grave seca este ano. O Zimbábue, uma potência agrícola frequentemente chamada de "celeiro da África", está enfrentando um sério desafio à sua segurança alimentar.

Na Província de Mashonaland Oriental, uma importante região agrícola e pecuária, a seca atual deixou os agricultores locais quase desesperados. A agricultora de hortaliças Tatenda Chimbwanda, de Mahusekwa, disse que, devido à falta de água, ela tinha que caminhar uma longa distância todos os dias para buscar água para irrigar suas hortaliças.

Para combater a seca, a China iniciou um projeto para perfurar 300 poços nas províncias mais afetadas, incluindo Mashonaland Oriental, Manicaland, Masvingo e Midlands.

Não é uma tarefa fácil. Liu Guangcheng, líder da equipe de gerenciamento no local do projeto de perfuração de poços pós-desastre da China Geo-Engineering Corporation no Zimbábue, disse que a seca prolongada e a redução das chuvas esgotaram seriamente os suprimentos de água subterrânea, tornando demorado encontrar locais de perfuração adequados. Enquanto isso, as condições desafiadoras das estradas e a falta de comunicação móvel em áreas remotas estão complicando ainda mais os esforços de construção. No entanto, a equipe chinesa tem trabalhado diligentemente para resolver o problema.

Daniel Garwe, ministro dos Assuntos de Habitação Nacional e Serviços Sociais do Zimbábue, disse que os poços aliviarão a crise hídrica nas quatro províncias mais atingidas, aumentando a resistência contra a atual seca induzida pelo El Niño e salvando o gado.

"O projeto de perfuração de poços financiado pela China é um símbolo de cooperação, compaixão e apoio inabalável de nossa amiga de todos os tempos, a República Popular da China, para garantir o acesso à água potável para todos os zimbabuanos", disse o ministro.

O embaixador chinês no Zimbábue, Zhou Ding, disse que, na última década, a China perfurou mais de 1.000 poços em todo o Zimbábue, fornecendo água potável e de irrigação para cerca de 400.000 pessoas e criando milhares de empregos.

O economista do Zimbábue, Paul Musodza, disse que, para o povo do Zimbábue, a China sempre foi um verdadeiro amigo que estende a mão quando necessário e continua sendo o parceiro mais confiável para atender às necessidades urgentes.

A implementação do projeto de perfuração de poços no Zimbábue "incorpora os princípios do Presidente Xi de sinceridade, resultados reais, amizade e boa fé para a política da China para a África", disse ele.

Moradores buscam água em um poço no Distrito de Gatsibo, Província Oriental, Ruanda, em 11 de abril de 2022. (Foto por Huang Wanqing/Xinhua)

FORTALECIMENTO DA COOPERAÇÃO CHINA-ÁFRICA

Os projetos de abastecimento de água transformaram a infraestrutura e os serviços públicos nos países africanos, fazendo uma diferença tangível na vida da população local.

Em Ruanda, a perfuração de 200 poços pela China garantiu um fornecimento constante de água limpa para consumo e agricultura. No Quênia, o projeto de abastecimento de água da represa de Karimenu, que entrou em operação em 2022, aliviou bastante os problemas de água para quase um milhão de pessoas na capital Nairóbi e nas cidades vizinhas.

"A China respeita totalmente as necessidades e prioridades reais dos países africanos. O planejamento e a execução do projeto se baseiam em uma comunicação completa com os governos e as comunidades locais, garantindo que o projeto realmente trate de problemas reais", disse James Mdoe, secretário permanente adjunto do Ministério da Educação, Ciência e Tecnologia da Tanzânia.

"Essa abordagem pragmática da cooperação não apenas demonstra a sinceridade da China em relação às nações africanas, mas também reflete o respeito e a compreensão de seus parceiros", disse Mdoe.

Mdoe destacou que a China não apenas fornece apoio financeiro e técnico, mas também se concentra no treinamento de profissionais locais para garantir a sustentabilidade dos projetos. Isso capacita os países africanos para um desenvolvimento autossuficiente e de longo prazo, ao mesmo tempo em que ajuda a resolver os problemas atuais.

Humphrey Moshi, diretor do Centro de Estudos Chineses da Universidade de Dar es Salaam, na Tanzânia, destacou que a abordagem da China, em que a amizade tem precedência sobre os interesses, "reflete a preocupação genuína da China com a África, superando as meras considerações econômicas e conquistando a aclamação generalizada das nações africanas".

Moshi disse que os princípios de sinceridade, resultados reais, amizade e boa fé na política da China para a África "não só injetaram uma nova vitalidade na cooperação China-África, mas também forneceram um novo modelo para a governança global. O aprofundamento das relações China-África não apenas promove o desenvolvimento mútuo, mas também contribui positivamente para a paz e a prosperidade mundiais".

(Os repórteres da Xinhua Wang Zizheng em Dacar, Xu Zheng em Harare, Hua Hongli em Dar es Salaam, Jin Zheng e Yan Ran em Nairóbi, e Ji Li em Kigali também contribuíram para a matéria).