Beijing, 15 jul (Xinhua) -- Vários indicadores apontaram para um melhor desempenho da economia chinesa no primeiro semestre, sinalizando uma dinâmica de recuperação sustentada, à medida que o país enfrenta obstáculos e ventos contrários com uma combinação de políticas direcionadas.

Falando em um simpósio sobre a situação econômica na semana passada, o primeiro-ministro, Li Qiang, disse que a economia chinesa manteve uma dinâmica ascendente sólida e alimentou novos motores do crescimento, apesar do complexo ambiente externo desde o início deste ano. Ele enfatizou que tais conquistas foram "duramente conquistadas".

Embora ainda existam muitas dificuldades e desafios, as medidas políticas do governo continuaram a surtir efeito e os fatores positivos de mercado estão se acumulando, disse o primeiro-ministro.

SINAIS OTIMISTAS

O comércio exterior da China atingiu um novo recorde nos primeiros seis meses, com seu volume de comércio de mercadorias expandindo-se 6,1% ano a ano, para 21,17 trilhões de yuans (cerca de US$ 2,97 trilhões), mostraram dados alfandegários.

Em particular, o crescimento das exportações continuou a se recuperar, subindo 6,9% ano a ano durante o período, um número que as mídias estrangeiras relataram como tendo "superado as previsões".

Os gastos do consumidor aumentaram em meio ao boom do consumo de serviços, uma vez que os consumidores chineses estão mais dispostos a gastar em refeições, concertos ao vivo e viagens.

De acordo com dados da Associação Chinesa de Artes Cênicas, a receita de bilheteria do país teve um aumento anual de cerca de 13% no primeiro semestre, refletindo a crescente popularidade das atividades culturais e artísticas entre os consumidores.

O número está amplamente alinhado com os dados oficiais de consumo divulgados anteriormente. No período de janeiro a maio, as vendas no varejo de bens de consumo da China, um importante indicador da força de consumo do país, aumentaram 4,1% em termos anuais, de acordo com o Departamento Nacional de Estatísticas (DNE).

O investimento é outro indicador econômico observado de perto. No período de abril a junho, o índice da atividade de investimento em projetos, compilado com base nos dados de licitações de projetos do Centro de Informações do Estado, subiu 32,1% em termos trimestrais, sugerindo a robustez nas atividades de investimento, apesar da resistência do setor imobiliário.

O crescimento do índice indica que a implementação de projetos relacionados será acelerada nos próximos meses, já que vencer a licitação é o primeiro passo para a entrega de projetos, disse Yang Daoling, chefe de divisão do departamento de desenvolvimento de big data do Centro de Informações do Estado.

As indústrias relacionadas à tecnologia tornaram-se setores favorecidos entre os investidores. Os dados do DNE revelaram que o investimento em indústrias de alta tecnologia registrou um crescimento anual estelar de 11,5% no período de janeiro a maio, bem acima do crescimento geral de 4% do investimento em ativos fixos.

CAIXA DE FERRAMENTAS DE POLÍTICA

A China estabeleceu uma meta de crescimento anual de cerca de 5% para todo o ano. No primeiro trimestre, a economia chinesa cresceu 5,3%.

Embora reconheça o progresso, o primeiro-ministro Li também enfatizou a necessidade de manter a mente clara. Ele disse que os fatores que afetam o crescimento se tornaram mais complexos do que antes e, portanto, abordar esses problemas difíceis na operação econômica exige grandes esforços.

A economia chinesa enfrenta atualmente um ambiente externo cada vez mais complexo e severo, uma demanda interna efetiva insuficiente e uma força motriz endógena ainda a ser fortalecida, advertiu a porta-voz do DNE, Liu Aihua, em uma coletiva de imprensa em junho.

Dado que as incertezas externas ainda são grandes, explorar plenamente o enorme mercado da China e impulsionar a demanda doméstica continuam sendo fundamentais para sustentar o crescimento.

Para estimular a demanda do mercado, a China implementou várias medidas em junho, incluindo a expansão de sua política de trânsito sem vistos, o relaxamento das restrições à compra de veículos e a promoção do consumo de produtos eletrônicos inteligentes alimentados por IA.

O país também iniciou uma nova rodada de trocas de bens de consumo em março. Com mais subsídios e incentivos, a iniciativa levou ao aumento das vendas de produtos como automóveis, eletrodomésticos e móveis.

Na frente fiscal, a China adotou uma série de políticas fiscais proativas, incluindo a emissão de títulos especiais do tesouro ultralongos, para impulsionar o investimento e o consumo. Enquanto isso, as taxas de juros, o refinanciamento e outros instrumentos monetários também foram alavancados para fortalecer os ajustes anticíclicos e impulsionar a economia real.

Além de aproveitar o consumo e o investimento para estimular o crescimento, a China também introduziu políticas multifacetadas para amortecer os impactos do setor imobiliário.

As medidas anunciadas até agora incluem políticas preferenciais para compradores de moradias, um mecanismo de reempréstimo para empresas estatais locais tomarem empréstimos e comprarem habitações comerciais para habitação a preços acessíveis, bem como um mecanismo de lista branca para ajudar as empresas com dificuldades financeiras a aceder ao crédito.

Zhang Bin, vice-diretor do Instituto de Economia e Política Mundial da Academia Chinesa de Ciências Sociais, disse que a demanda insuficiente ainda é o principal problema que paralisa a operação econômica da China. Ele pediu esforços para fortalecer ainda mais os ajustes anticíclicos, alavancando as políticas fiscais e monetárias.

Durante o simpósio econômico, o primeiro-ministro Li sublinhou que as medidas políticas devem se concentrar em alcançar as metas de crescimento econômico deste ano.

A China deve garantir ainda mais a implementação sólida de políticas macroeconômicas, trabalhar para alavancar sinergias políticas, aumentar a eficácia da implementação de políticas e facilitar o desenvolvimento sustentado e saudável da economia, disse Li.