* Durante todo o processo eleitoral, Pezeshkian se apresentou como um reformista. 

* Com a ascensão de Pezeshkian ao poder, o povo iraniano espera que o novo governo possa mitigar a crise econômica interna, lidar com as crescentes tensões com Israel e promover a prosperidade e a estabilidade por meio do fortalecimento dos laços com outros países.

* Pezeshkian disse: "Estenderemos a mão da amizade a todos; somos todos habitantes deste país e devemos utilizar os esforços de todos para o progresso da nação".

Teerã, 7 jul (Xinhua) -- O candidato reformista do Irã, Masoud Pezeshkian, venceu no sábado a 14ª eleição presidencial no Irã, sucedendo o falecido presidente Ebrahim Raisi para se tornar o nono presidente do país.

De acordo com o porta-voz da sede das eleições do Irã, Mohsen Eslami, Pezeshkian, também ex-ministro da saúde, obteve 16.384.403 votos, mais de 53% do total, enquanto o principista Saeed Jalili, ex-negociador nuclear chefe do Irã, obteve 13.538.179 votos, mais de 44% do total.

Com a ascensão de Pezeshkian ao poder, o povo iraniano espera que o novo governo possa atenuar a crise econômica doméstica, lidar com as crescentes tensões com Israel e promover a prosperidade e a estabilidade por meio do fortalecimento dos laços com outros países.

O candidato presidencial Masoud Pezeshkian, ex-ministro da Saúde do Irã, participa de uma campanha eleitoral em Teerã, Irã, em 3 de julho de 2024. (Xinhua/Shadati)

MAIOR PARTICIPAÇÃO

Pezeshkian e Jalili disputaram o segundo turno na sexta-feira, pois nenhum dos candidatos obteve a maioria dos votos necessários para ganhar a presidência no primeiro turno.

A votação para o segundo turno presidencial do Irã chegou ao fim à meia-noite de sexta-feira, depois de ter sido prorrogada por três vezes ou seis horas a partir do horário de encerramento programado.

De acordo com as autoridades iranianas, a participação final no segundo turno das eleições foi de 49,8%, com mais de 30,5 milhões dos 61 milhões de eleitores aptos a votar. A participação excedeu a do primeiro turno e os números da eleição presidencial de 2021 do Irã.

Em um discurso aos repórteres após o anúncio do vencedor da eleição, o ministro do Interior do Irã, Ahmad Vahidi, saudou o povo iraniano por sua participação na eleição.

Pezeshkian disse: "Estenderemos a mão da amizade a todos; somos todos habitantes deste país e devemos utilizar os esforços de todos para o progresso da nação", informou a Press TV do Irã.

A 14ª eleição presidencial, originalmente programada para 2025, foi antecipada devido à morte inesperada de Raisi em um acidente de helicóptero em 19 de maio. Com a vitória de Pezeshkian, terá início um novo mandato de quatro anos.

O candidato presidencial Masoud Pezeshkian (c), ex-ministro da Saúde do Irã, vota na 14ª eleição presidencial do Irã em uma seção eleitoral em Teerã, Irã, em 28 de junho de 2024. (Xinhua)

UM REFORMISTA

Pezeshkian, 69 anos, é cirurgião cardíaco e legislador no parlamento do país. Ele foi o primeiro vice-presidente do parlamento de 2016 a 2020 e atuou como ministro da saúde no governo do ex-presidente iraniano Mohammad Khatami entre 2001 e 2005.

Ele concorreu à presidência em 2013, mas desistiu, e sua segunda candidatura à presidência em 2021 não atendeu aos critérios de qualificação.

Durante todo o processo eleitoral, Pezeshkian se apresentou como um reformista.

Durante sua campanha, ele defendeu reformas sociais e econômicas e promoveu o engajamento com os principais países em relação ao programa nuclear do Irã para suspender as sanções que afetaram severamente a economia.

"Queremos resolver nossos problemas com o mundo ou não? Acredito que devemos sair do impasse para resolver os problemas do país", disse ele em um debate presidencial antes do segundo turno da votação.

"Considero as sanções um prejuízo para o país. Minha política externa visa a normalizar as relações com o mundo", acrescentou.

Ele enfatizou a necessidade de expandir a cooperação e os laços com os países da região para promover o desenvolvimento econômico nacional.

"Precisamos primeiro interagir com os países da região para o crescimento e a prosperidade, e depois com outros países do mundo", disse ele.

Hamidreza Gholamzadeh, um comentarista político, disse que a proposta de Pezeshkian de retornar ao acordo nuclear de 2015 do Irã para suspender as sanções ganhou o apoio dos eleitores de classe média nas grandes cidades.

Como defensor dos direitos étnicos, Pezeshkian fez uma campanha para se aproximar dos diversos grupos étnicos do Irã, melhorando sua imagem entre as minorias do país.

"Estenderei a mão da amizade a todos e tentarei envolver todos no desenvolvimento do país", disse Pezeshkian.

Mulher vota em uma seção eleitoral em Teerã, Irã, em 5 de julho de 2024.  (Xinhua/Shadati)

"GRANDE TESTE" PELA FRENTE

Horas depois de ser anunciado como vencedor, Pezeshkian disse a seus apoiadores no mausoléu do Imã Khomeini em Teerã que ajudar o país a superar os "gargalos, desafios e crises" seria um "grande teste" pela frente.

Durante seu discurso, ele reconheceu as circunstâncias desafiadoras enfrentadas por seu governo e expressou o compromisso de trabalhar com o parlamento iraniano para reduzir as tensões e superar as dificuldades.

Ele também expressou sua intenção de promover o diálogo, a unidade e o consenso nacional dentro do estabelecimento e da governança do país para tratar de questões sociais nas esferas econômica, social, cultural e política.

Muitos especialistas concordam que a desaceleração econômica, as sanções lideradas pelos EUA e a escalada das tensões regionais estão entre os desafios mais urgentes.

"Questões relacionadas à economia, incluindo o comércio e a alta inflação, e a remoção das sanções" estão entre os principais problemas enfrentados pelo novo governo", disse à Xinhua Hassan Beheshtipour, um analista de assuntos internacionais iraniano baseado em Teerã.

De acordo com o site Statista, a taxa de inflação do Irã, que há muito tempo está acima de 30%, subiu para mais de 40% após a eclosão do conflito em curso em Gaza.

Além da alta dos preços dos alimentos, os iranianos têm enfrentado a desvalorização do rial, agravada pelas tensões entre Irã e Israel e pela alta taxa de desemprego, que chegou a 8,9% em 2023, segundo o Statista.

Mostafa Khoshcheshm, outro especialista iraniano em assuntos internacionais, disse que "o confronto entre a frente de resistência e Israel está entre os principais desafios, o que levará a grandes mudanças geopolíticas na região".

Apesar dos desafios, os cidadãos iranianos esperam que o presidente eleito reformista possa promover a prosperidade econômica e lidar com as crescentes tensões do país com Israel e as potências ocidentais.

Masoud Hosseini, 53 anos, disse que esperava que Pezeshkian cumprisse suas promessas de campanha "especialmente em áreas como a melhoria dos meios de subsistência do povo".

"Esperamos que a inflação seja controlada e que o setor imobiliário melhore", disse Maryam, de 50 anos, mãe de três filhos, expressando sua esperança de que o novo presidente reforce os laços do Irã com outros países para proteger os interesses nacionais.

O novo governo deve ajudar a garantir a paz e a calma na região, disse Manouchehr Rahiminejad, 58 anos, em entrevista à Xinhua. No entanto, ele observou que não esperava que o presidente eleito "fizesse um milagre e resolvesse os problemas do país em um ou dois anos".

"Não importa quem seja eleito, ele deve ter tempo suficiente para resolver os problemas", disse ele.