Investigação da Reuters revela que EUA realizaram campanha secreta anti-vacina para prejudicar China durante pandemia de COVID-19-Xinhua

Investigação da Reuters revela que EUA realizaram campanha secreta anti-vacina para prejudicar China durante pandemia de COVID-19

2024-06-19 08:39:41丨portuguese.xinhuanet.com

Foto tirada em 19 de fevereiro de 2020 mostra o Pentágono visto de um avião sobre Washington D.C., Estados Unidos. (Xinhua/Liu Jie)

"Não temos nossa própria capacidade de vacinação" e o esforço de propaganda dos EUA "colocou ainda mais sal na ferida", disse a Dra. Nina Castillo-Carandang, ex-conselheira da Organização Mundial da Saúde e do governo das Filipinas durante a pandemia.

Washington, 16 jun (Xinhua) -- No auge da pandemia de COVID-19, o exército dos EUA lançou uma campanha secreta de desinformação para desacreditar as vacinas chinesas nas Filipinas, uma nação severamente atingida pelo vírus mortal, atraindo a condenação generalizada de especialistas em saúde pública, segundo uma investigação da Reuters.

Esta é a primeira vez que um meio de comunicação expõe a operação clandestina. "O objetivo era semear dúvidas sobre a segurança e a eficácia das vacinas e outras ajudas vitais que estavam sendo fornecidas pela China", disse a Reuters na investigação divulgada na sexta-feira.

Por meio de contas falsas na internet destinadas a se fazer passar por filipinos, os esforços de propaganda do exército se transformaram em uma campanha anti-vacina, disse a Reuters, acrescentando que as postagens nas redes sociais denunciavam a qualidade das máscaras faciais, dos kits de teste e da da vacina Sinovac, a primeira disponível nas Filipinas.

A Reuters identificou pelo menos 300 contas no X, anteriormente Twitter, que correspondiam às descrições compartilhadas por ex-oficiais militares dos EUA familiarizados com a operação nas Filipinas. Quase todas foram criadas no verão de 2020 e centradas no slogan #Chinaangvirus, que significa que "China é o vírus" em tagalo, um dos principais idiomas das Filipinas.

Após a Reuters questionar o X sobre as contas, a empresa de mídia social removeu os perfis, determinando que faziam parte de uma campanha coordenada de bots com base em padrões de atividade e dados internos.

O programa militar começou sob o ex-presidente Donald Trump e continuou meses após o início da presidência de Joe Biden, conforme descobriu a Reuters – mesmo depois que executivos de mídias sociais alarmados alertaram a nova administração de que o Pentágono estava traficando desinformação sobre a COVID..

Um funcionário sênior do Departamento de Defesa reconheceu que o exército dos EUA se envolveu em propaganda secreta para depreciar a vacina da China no mundo em desenvolvimento, mas se recusou a fornecer detalhes, disse a Reuters.

Um porta-voz do Departamento de Saúde das Filipinas disse que as "descobertas da Reuters merecem ser investigadas e ouvidas pelas autoridades competentes dos países envolvidos". Alguns trabalhadores humanitários nas Filipinas, quando informados sobre o esforço de propaganda militar dos EUA pela Reuters, expressaram indignação.

Informados sobre a campanha secreta antivacina do Pentágono pela Reuters, alguns especialistas americanos em saúde pública condenaram o programa, afirmando que ele colocava civis em risco para obter possíveis ganhos geopolíticos.

"Não acho que seja defensável", disse Daniel Lucey, especialista em doenças infecciosas da Escola Geisel de Medicina de Dartmouth. "Estou extremamente desanimado, desapontado e desiludido ao saber que o governo dos EUA faria isso", disse Lucey, observando que o esforço para alimentar o medo em relação às vacinas chinesas poderia minar a confiança geral do público nas iniciativas de saúde do governo.

De acordo com a investigação, as Filipinas estavam entre as piores taxas de vacinação do sudeste asiático. Apenas 2,1 milhões de seus 114 milhões de habitantes foram totalmente vacinados - muito aquém da meta do governo de 70 milhões. Em junho de 2021, os casos da COVID nas Filipinas ultrapassaram 1,3 milhão, e quase 24.000 filipinos morreram em decorrência do vírus. A dificuldade de vacinar a população contribuiu para a pior taxa de mortalidade da região.

Alguns profissionais de saúde filipinos e ex-funcionários contatados pela Reuters ficaram chocados com o esforço anti-vacina dos EUA, que, segundo eles, explorou uma população já vulnerável.

"Por que vocês fizeram isso quando as pessoas estavam morrendo? Estávamos desesperados", disse a Dra. Nina Castillo-Carandang, ex-conselheira da Organização Mundial da Saúde e do governo das Filipinas durante a pandemia. "Não temos nossa própria capacidade de vacinação" e o esforço de propaganda dos EUA "colocou ainda mais sal na ferida", observou ela.

"Tenho certeza de que muitas pessoas que morreram de COVID não precisavam morrer da COVID", disse Esperanza Cabral, que foi secretária de saúde da presidente Gloria Macapagal Arroyo, segundo a Reuters.

Para implementar a campanha anti-vacina, o Departamento de Defesa dos EUA passou por cima de fortes objeções dos principais diplomatas dos EUA no Sudeste Asiático na época, segundo a Reuters. Fontes envolvidas no planejamento e na execução dizem que o Pentágono, que conduziu o programa por meio do centro de operações psicológicas do exército em Tampa, Flórida, desconsiderou o impacto colateral que tal propaganda poderia ter sobre filipinos inocentes.

"Não estávamos olhando para isso do ponto de vista da saúde pública", disse um oficial militar sênior envolvido no programa, citado pela Reuters. "Estávamos procurando como poderíamos arrastar a China pela lama".

Ao descobrir a operação militar secreta dos EUA, a Reuters entrevistou mais de duas dúzias de funcionários atuais e antigos dos EUA, empresas militares, analistas de mídia social e pesquisadores acadêmicos. Os repórteres também analisaram postagens no Facebook, X e Instagram, dados técnicos e documentos sobre um conjunto de contas falsas de mídia social usadas pelo exército dos EUA. 

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