Cúpula do G7 termina com brigas e problemas-Xinhua

Cúpula do G7 termina com brigas e problemas

2024-06-18 12:09:31丨portuguese.xinhuanet.com

Mulher protesta durante uma manifestação anti-G7 em Fasano, Apúlia, no sul da Itália, em 14 de junho de 2024. (Xinhua/Li Jing)

A agenda do G7 é uma sucessão de medidas improvisadas, disse Vito Petrocelli, presidente do Instituto BRICS da Itália, acrescentando que todas as vezes suas ações prejudicam as regras, como os mercados livres que promovem.

Fasano, Itália, 16 jun (Xinhua) -- A Cúpula do Grupo dos Sete (G7) foi concluída no sábado com os países-membros tendo cada um suas próprias considerações estratégicas, o que torna os próximos passos incertos.

Durante o processo de elaboração, o comunicado conjunto emitido na tarde de sexta-feira provocou intensos debates e desacordos entre os membros do G7.

CHEQUE SEM FUNDOS

De acordo com o comunicado, o grupo chegou a um acordo para usar os juros dos ativos russos congelados para financiar cerca de US$ 50 bilhões de empréstimo para a Ucrânia.

Na sexta-feira, o presidente russo Vladimir Putin condenou a medida como "roubo" e prometeu que ela não ficaria impune.

Anteriormente, o grupo estava há muito tempo dividido sobre como esse plano poderia ser delineado. Os detalhes do acordo de empréstimo ainda não estavam claros, o que poderia levar meses nas negociações seguintes.

Os Estados Unidos também assinaram um acordo de segurança com a Ucrânia durante a cúpula, mas analistas disseram à Xinhua que o acordo poderia ser desfeito antes do término de seus termos. Isso pode ser fundamental, já que o presidente dos EUA, Joe Biden, enfrenta uma dura batalha eleitoral no final deste ano contra o ex-presidente Donald Trump, cujo apoio à causa ucraniana não é tão forte quanto o de Biden.

INFLUÊNCIA EM DECLÍNIO

Líderes de mais de 10 outros países foram convidados a participar da cúpula, incluindo economias emergentes como Índia, África do Sul e Brasil.

De acordo com Alberto Bradanini, presidente do Centro de Estudos da China Contemporânea na Itália, o G7, especialmente os Estados Unidos, percebe-se em declínio.

"Uma minoria de nações (G7) representa não mais do que 10% da população mundial, com economias estagnadas e taxas de crescimento menores do que as dos países emergentes. Suas reivindicações patológicas estão mais evidentes do que nunca", disse Bradanini.

"Convidar apenas alguns dos países do BRICS (acrônimo de um mecanismo de cooperação de mercados emergentes que inicialmente inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para a cúpula do G7 foi um grande erro", disse Vito Petrocelli, presidente do Instituto BRICS da Itália, em uma entrevista por escrito à Xinhua. "Dessa forma, o Ocidente deixou claro que está interessado em azedar as relações entre os BRICS em vez de colaborar de verdade com eles."

A agenda do G7 é uma sucessão de medidas improvisadas, disse Petrocelli, acrescentando que todas as vezes suas ações prejudicam as regras, como os mercados livres que promovem.

Mulher passa pelo logotipo oficial da cúpula do Grupo dos Sete (G7) no centro de mídia em Bari, região da Apúlia, Itália, em 12 de junho de 2024. (Xinhua/Li Jing)

ALIANÇA DIVIDIDA

Dias atrás, foram realizadas as eleições para o Parlamento Europeu de 2024, durante as quais os partidos governistas alemão e francês sofreram um grande revés: o Partido Social-Democrata do chanceler alemão Olaf Scholz teve seu pior resultado em eleições europeias. O presidente francês Emmanuel Macron teve que correr o risco de convocar novas eleições legislativas depois de sofrer perdas para a oposição de extrema direita.

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, anunciou uma eleição geral antecipada para 4 de julho no mês passado, já que o Partido Conservador enfrenta uma batalha difícil para estender seus 14 anos no poder. O canadense Justin Trudeau, que se envolveu em uma série de escândalos, provavelmente será o anfitrião da edição do próximo ano da cúpula do G7 em meio a uma campanha eleitoral difícil. No Japão, Fumio Kishida viu seus níveis de aprovação caírem para um mínimo histórico de apenas 16%.

No entanto, na semana passada, o grupo arquiconservador Irmãos da Itália, da primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, aumentou sua parcela de votos para 29% na eleição parlamentar europeia, elevando sua posição tanto no país quanto no exterior, o que fez com que Meloni se gabasse de que a Itália "tinha o governo mais forte do G7".

Oreste Massari, professor de ciência política da Universidade Sapienza de Roma, disse à Xinhua que a ascensão de Meloni se deve a um avanço geral dos partidos de direita e nacionalistas na Europa e em outros países.

Meloni defende prioridades importantes na Itália, incluindo migração e questões africanas. O "Plano Mattei", o projeto oficial italiano, foi promovido por Meloni durante suas conversas com o presidente Biden, com o objetivo de reformular a estratégia da Itália em relação ao continente africano.

DISPUTAS SOBRE IA E ABORTO

O comunicado mencionou que o grupo promoverá "IA segura, protegida e confiável", prometendo intensificar os esforços para aumentar a interoperabilidade entre as abordagens de governança de IA.

Enfatizando o impacto da IA no domínio militar, o grupo disse que o uso militar da IA deve ser garantido de forma responsável.

Mas, até agora, eles têm divergido sobre como fazer isso. De acordo com relatos da mídia, os países europeus do G7 são a favor de regulamentações mais rígidas, enquanto os Estados Unidos são a favor de uma abordagem que utilize os mercados.

Os líderes parecem ter adiado a tomada de decisões definitivas sobre um livro de regras a respeito do tópico até a próxima reunião de cúpula no Canadá, no ano que vem.

O aborto surgiu como uma das principais questões polêmicas entre os Estados-membros, com a França e o Canadá adotando uma posição progressista, enquanto a direita italiana Meloni defendeu uma abordagem mais conservadora.

Embora a cúpula do G7 do ano passado no Japão tenha incluído um compromisso para garantir o acesso seguro e legal ao aborto, é digno de nota que o comunicado final deste ano não mencionou a palavra "aborto".

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